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CABMMA explica processo de liberação de uso de TRT de Belfort no Brasil

Jorge Corrêa

24/05/2013 14h29


Tinha prometido a mim mesmo que não falaria mais sobre Vitor Belfort e TRT nesta semana, até pela proximidade do UFC 160 no sábado, mas acho que esse adendo é muito válido. Entre a noite da última quinta-feira e a manhã desta sexta, troquei uma série de e-mails com o Márcio Tannure, diretor médico da Comissão Atlética Brasileira de MMA (CABMMA), para entender um pouco melhor como foi o processo de liberação do tratamento do lutador.

Alguns pontos são bem interessantes. Por exemplo, como que a entidade avalia a necessidade ou não da reposição hormonal, como foram as checagens com o lutador, como funcionou o exame antidoping no UFC de Jaraguá do Sul, no último fim de semana. Confira abaixo minha troca de mensagens com o médico.

Lembrando que no começo do ano já tinha conversado com Tannure, quando ele explicou os motivos de a CABAMMA, e tantas outras comissões atléticas do esporte, não considerarem o tratamento de testosterona doping, o que acontece em esportes olímpicos, por exemplo.


Depois do UFC São Paulo, o sr. disse que todo o processo de antidoping começaria a ser feito pela CABMMA a partir do próximo evento brasileiro. Já foi assim em Jaraguá do Sul? Sim, esse exame de doping foi feito sob nossa supervisão e em um laboratório brasileiro que infelizmente por questão de sigilo medico não posso dizer o nome.

Fizeram exames pré e pós evento? Foram novamente seis os testados (incluindo Vitor e Luke)? Há uma previsão do tempo para sair o resultado? Todos os atletas são testados antes da luta. Após, além do combate principal, que sempre é novamente testado, são sorteado mais quatro atletas. Então todos foram testados, sendo que seis fizeram novamente após a luta. O prazo de entrega é de até 30 dias.

Gostaria de entender como funcionou o processo de liberação para o uso de TRT do Vitor. A CABMMA comandou todo o processo? Vocês seguiram o padrão de alguma comissão atlética dos EUA (de Nevada, por exemplo)? É a própria CABMMA que averigua a necessidade do uso de TRT? Ele apresenta exames de médicos externos ou os exames são feitos por vocês mesmo? Sim, nós participamos do processo de TRT do Vitor, mas não somos nós que indicamos seu uso ou não, quem indica isso é o medico dele, apenas avaliamos se realmente nos documentos apresentados existe comprovadamente essa necessidade clínica.

Nos baseamos nos mesmos processos utilizados em outras comissões atléticas, mas fizemos além. O Vitor foi dosado mensalmente para ver se seus níveis encontravam-se dentro dos limites normais e todos estavam dentro da normalidade. Foi feito um exame de sangue após a luta para nova checagem, mas ainda não saiu o resultado .

Se nestes testes não estiver dentro dos limites normais, o atleta perderá seu direito ao uso.

Quem é o médico que indicou o TRT para o Vitor? Ele é dos EUA ou do Brasil? A primeira vez que ele usou TRT foi para o UFC em São Paulo? Um possível histórico de uso de TRT no exterior é levado em consideração? Ele apresentou um prontuário médico antes do UFC de São Paulo? O TRT do Vitor foi prescrito por um médico americano e ele já vem fazendo há uns quatro anos. Todo seu histórico médico foi encaminhado e analisado antes do UFC São Paulo.

(Adendo do blogueiro: essa informação de que Vitor usa TRT há quatro anos causa estranheza. Será que ele usava durante todo esse tempo, mas só agora veio a público? Será que usava apenas durante a preparação e não para lutar? Para tirar essa dúvida, entrei em contato com a Comissão Atlética de Nevada, em Las Vegas, para ver se Belfort pediu para usar o tratamento na luta contra Anderson Silva em fevereiro de 2011. Quanto tiver a resposta, publico aqui.)

O presidente da Comissão Atlética do Estado de Nevada já disse que não liberaria a exceção para o Vitor usar TRT para uma luta em Las Vegas por ele já ter sido flagrado em um antidoping. Você, ou a CABMMA, consideram essa postura correta? Isso é levado em consideração para ele conseguir essa liberação no Brasil? Quanto à comissão de Nevada, não posso julgar suas decisões, as comissões são independentes e tem o direito de tomarem as decisões que acharem correta, tanto eles como nós.

Atualização do post: Nos últimos minutos, Keith Kizer, diretor executivo da Comissão Atlética de Nevada, respondeu ao blog e disse que Vitor Belfort não usou TRT na luta contra o Anderson, no UFC 126. Mais que isso, mandou em anexo o questionário médico do brasileiro para essa luta, atestando que ele não estava fazendo uso de qualquer medicamento.

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