Topo

Na Grade do MMA

Chael Sonnen sendo Chael Sonnen

Jorge Corrêa

19/02/2014 07h42

No último post tivemos o longo papo com Wanderlei Silva. Agora é a vez de uma entrevista exclusiva com Chael Sonnen, o outro técnico da terceira edição do reality show The Ultimate Fighter Brasil. Como sempre, desfiando sua inteligência e suas provocações. Vale a pena ler até o fim

Você ficou chateado com a mudança de planos e sua luta vindo para o Brasil?

Olha, não estou chateado. O que posso dizer é que isso ainda está sendo trabalhado. Wanderlei Silva ainda não assinou o contrato. Poucas pessoas sabem disso e agora você é uma delas. Ele ainda não concordou com essa luta.

Mas você sabe qual é o problema para ele não ter assinado ainda?

Eu não sei. Ele está fazendo tantos pedidos, como, por exemplo, que a luta seja no Brasil. Esse é o grande ponto. Ele achou que eu nunca viria lutar no Brasil, que ele venceria essa disputa, mas eu aceitei. Agora ele está travado e fica jogando coisas no ar. Mais um exemplo: ele queria uma luta de 30 minutos. Isso não existe, nenhuma comissão atlética no mundo aceitaria, são no máximo cinco rounds. Eu não consigo argumentar com ele, com alguém de um nível intelectual tão baixo. Que ele apenas diga que não quer fazer a luta. Estamos aqui, gravamos o TUF e ele não assinou a luta ainda. Se ele assumisse isso, eu deixaria a luta também. Não quero fazer bullying, mas ele continua dizendo que quer a luta e não assina.

Qual a principal diferença entre lutadores daqui e de lá?

Nos Estados Unidos, foi apenas filmado lá, mas tínhamos lutadores de todo o mundo, de quatro continentes, de nove países e 16 estados de lá. Aqui se chama TUF Brasil, lá não é TUF Estados Unidos, é apenas TUF, é global. Aqui é específico do Brasil. Dito isso, não sei se foi mais fácil. Se isso fosse um esporte olímpico, um campeão brasileiro seria direto candidato à medalha de ouro. É o lugar quente para esse esporte, são talentos incríveis. O que as pessoas vão ver é o futuro, o sacrifício feito aqui é algo difícil de explicar, algo que veremos logo no primeiro episódio. Serão duas categorias, médios e pesados, e tem pesados que estavam dois quilos mais leves que eu agora. Era uma oportunidade para eles e nada podia atrapalhar. Eles diziam: "Eu vou", e foram, deram tudo dentro do octógono. Essa é a mentalidade que eu gosto. Não gosto de bullies, caras que escolhem suas lutas. Wanderlei é assim, acho que ele é um bullie, ele escolhe suas lutas, faz lutas falsas. Isso é o que teremos aqui.

Qual vai ser a maior diferença entre o Chael do TUF dos EUA e do TUF Brasil?

Acho que fui muito parecido nos dois programas, a academia é essencialmente a mesma, eles tem tudo, é o melhor ginásio que você poderia ter no MMA. Aqui os caras são ótimos, trabalham duro, com fome, dedicados, com disciplina. Existem muito mais similaridades que diferenças.

Com as brigas, a rivalidade, que imagem vocês e Wanderlei vão passar para os brasileiros?

Você sabe… (pausa) Eu não sei porque eu não vi o programa também. O que posso dizer é que eu e ele não ficamos juntos muito tempo. Isso não quer dizer que ele não fez um bom trabalho. Eu vi a interação dele com o time. Ele não estava aqui para falar comigo, ele tinha o trabalho dele do outro lado do corredor, mas o vendo, acho que ele fez um bom trabalho.

O que você aprendeu com esses lutadores?

É difícil de te explicar em uma entrevista, eu teria de te mostrar, porque foi muito na parte técnica. Esses caras são muito avançados tecnicamente e todo avanço desse esporte vem dos jovens. Os veteranos podem ficar chateados com isso, mas os caros jovens têm os atalhos da técnica, a forma, a velocidade, os avanços, a filosofia. Isso sempre está na próxima geração, não na anterior. Trabalhei com eles todos os dias, duas vezes por dia, então claro que aprendi muito, tinham cabeças tão boas, tão técnicos, com grande percepção.

Você pretende levar alguns desses caras para treinar contigo nos EUA?

Todos são bem-vindos e tenho uma casa nos EUA em que eles podem ficar. Eles não precisariam se preocupar com isso, apenas com treinar. Essa é uma opção para eles, vamos trocar contatos, acredito que alguns deles vão fazer isso, mas também vou voltar aqui, vou passar um tempo no Rio de Janeiro, então com certeza vou ver alguns deles bem mais.

Então você fará parte do seu treinamento no Brasil?

Eu não faço camps, eu treino todos os dias, o que fiz aqui no último mês e meio. Bom, na verdade aqui que vou voltar apenas para a semana da luta mesmo.

Acha que os brasileiros vão mudar de opinião sobre vocês quando assistirem ao programa?

Não acredito nisso, até porque, não sei o que eles acham de mim agora. Me perguntaram se minha opinião sobre o Brasil tinha mudado, e disse "não". Mas acho que ninguém nunca soube minha opinião sobre o Brasil, nunca dividi isso com ele. Não sei qual será a opinião deles, posso dizer que foi uma boa experiência. Bom, eu e Wanderlei éramos convidados aqui. Ele tem um voo só duas horas mais longo que o meu. Ele vive em Las Vegas e eu em West Linn, Oregon. Essa é uma situação real.

O que você vai sentir mais falta do Brasil?

Acho que vai ser a comida. Coxinha foi o que mais gostei aqui, a pizza do Brasil é incrível. Eu não tenho muitos hobbies, saio da academia e apenas vou para casa. O único hobby que tenho na vida é comida mesmo. Vai ser isso mesmo que vou sentir mais falta. Não fui em muitos restaurantes, mas sempre parava em algum lugar para pegar o jantar antes de ir pra casa . Mas também fui em um sushi incrível, o churrasco é maravilhoso. Quase tudo aqui é bom.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
Contato: nagradedomma@gmail.com

Blog Na Grade do MMA