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Na Grade do MMA

Fim do TRT no UFC é só o começo

Jorge Corrêa

02/03/2014 06h00

Foi um enorme motivo de comemoração o anuncio de que a Comissão Atlética do Estado de Nevada não liberará mais o uso da terapia de reposição de testosterona para lutas de MMA. A entidade é o farol para as diretrizes das lutas em todo mundo e, dessa forma, esse deve ser o fim do polêmico TRT. O Brasil, por exemplo, já anunciou seu banimento.

Mas essa importante decisão tem de ser exaltada em parte. Ela é apenas o começo para que o MMA e, principalmente, o UFC tenham atletas limpos em relação às substâncias proibidas e às drogas de melhora de performance. É o impulso para que o debate e o combate contra o doping seja mais amplo dentro do evento, como já é nos esportes olímpicos.

Mesmo com o TRT fora da jogada, o Ultimate ainda está distante dos parâmetros olímpicos para antidoping. As regras seguidas, as substâncias proibidas e a forma dos testes até são as mesmas definidas pela Wada, a Agência Mundial Antidoping. Mas a grande questão é a frequência com que os exames são feitos.

Atualmente, os lutadores do UFC passam por antidoping apenas na semana da luta, pouco antes e depois dela. Em algumas comissões atléticas, nem mesmo todos os atletas de um card são testados. São muitas as vozes dissidente em relação a isso. A principal delas, por exemplo, sempre foi a do ex-campeão dos meio-médios Georges St-Pierre.

É sabido que em todos esportes de alto rendimento existem muitas maneiras de se burlar exames antidoping. Até por isso, muitas modalidades olímpicas sempre buscam novas maneiras de combater isso. Seguem dois bons exemplos: O judô brasileiro possui um passaporte biológico, um histórico de exames, em competições e de surpresa. Os ginastas profissionais têm de relatar todos os seus passos para as confederações para testes sem aviso preliminar. Se forem chamados para isso e não aparecerem, são punidos.

O UFC não faz nenhuma movimentação nesse sentido, e não ter qualquer política de exame prévio e de surpresa ajuda na maneira mais fácil de se utilizar drogas de melhora de performance: os ciclos. Um atleta usa o doping por um período nos treinos e para com ela a tempo suficiente de seu organismo ficar limpo para os testes da semana da luta.

Nesse momento, o Ultimate deixa toda e qualquer responsabilidade sobre antidoping nas mãos das comissões atléticas. Como elas regulamentam, inclusive medicamente, os eventos, nada mais correto que também se responsabilizem pelos exames da semana das lutas. Mas e os testes surpresa? Ninguém assume essa bronca, apesar de o caminho para isso estar claro.

Não há qualquer empecilho legal para que o UFC coloque no contrato de todos os seus lutadores que eles serão obrigados a fazer antidoping sem aviso prévio. A questão, nesse caso, é financeira, já que o evento teria de pagar por eles. Existe, até mesmo uma entidade que realiza esses testes em lutadores com os mesmos parâmetros da Wada, a Vada – Associação de Antidoping Voluntário. O UFC precisaria abrir o bolso, já que os exames podem custar até U$ 6 mil cada.

O avanço com o fim do TRT não pode ser esquecido, mas o próximo passo pode passar diretamente por um possível pulso firme do próprio Ultimate em relação ao doping. A atual conjectura deixa claro que esse é o momento certo de a maior franquia de MMA do mundo parar de se esconder atrás das comissões atléticas.

*Post com a ajuda dos grandes amigos Paula Almeida e Demetrio Vecchioli.

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