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Pezão: o gigantismo e o TRT

UOL Esporte

04/03/2014 13h14

Por Maurício Dehò

Uma questão importante em relação à proibição do TRT que aconteceu na semana passada e que ainda faltava ser abordada é a seguinte: e quem REALMENTE tem problemas hormonais, legítimos, e não pode, ou deveria, viver sem a terapia? Um caso que já gerou problemas é o de Antonio Silva, o Pezão, que sofreu há alguns anos com um tumor no cérebro, alega ter problemas em seus níveis hormonais e, enquanto fazia uso da terapia de reposição de testosterona, acabou sendo pego em um exame antidoping no fim de 2013.

Quando a comissão atlética de Nevada vetou o TRT e o UFC acompanhou a decisão integralmente, o que se convencionou é que não há exceções. Anteriormente, era preciso de um pedido médico justificando o uso de testosterona sintética. O problema é que se acredita que a maioria dos casos da baixa no nível do hormônio se dá por conta de uso de esteroides em outras fases da vida do lutador.

No caso de Pezão, o tumor que ele teve na glândula pituitária gerou a acromegalia, também chamada de gigantismo. Isso desequilibrou seus hormônios e, de acordo com ele e sua equipe, é por isso que ele teve de entrar com um pedido para fazer o TRT.

Pezão conversou com o blog e criticou o veto total à terapia hormonal.

"Acho que se for provado por médicos capacitados que o atleta necessita da reposição hormonal, então dessa forma teria que ser feito, pois não seria para ganhar uma melhor performance e sim para sua saúde pessoal", defendeu o peso pesado. "Tenho certeza de que quem é verdadeiro e precisa realmente do tratamento está sendo prejudicado."

Mas o paraibano afirma que vai se adequar às novas medidas. "De forma alguma deixarei de lutar. Que vai me prejudicar, com certeza vai. Mas já lutei várias vezes sem fazer o TRT e se tiver que continuar eu irei."

Em entrevista recente ao UOL Esporte, Pezão contou que seus problemas hormonais já fizeram inclusive que seu corpo produzisse leite. No entanto, ele acabou pego no antidoping depois da luta épica contra Mark Hunt, na Austrália, justamente por conta de níveis de testosterona elevados. O brasileiro culpou o médico Márcio Tannure, dizendo que foi ele quem recomendou um aumento na dose do tratamento.

A questão principal quanto à legitimidade do uso do TRT é que doenças como hipogonadismo, que causam a diminuição na produção de testosterona, não permitem que se esclareça qual foi o motivo causador. Essa origem obscura é que permitiu que tantos lutadores saíssem em busca da permissão de TRT, numa incidência muito maior do que se vê em qualquer outra modalidade.

No fim, o fato é que o modo como surgiu o veto do TRT não deixou brechas para discussão. Se o problema é legítimo ou se é causado por abuso de esteroides, não faz mais diferença. A decisão ficou a cargo dos lutadores, que tem de se adequar ao proposto e em muitos casos arriscar sua saúde ou deixar a carreira no MMA para trás.

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