Gordinho mão de chumbo: os segredos de Hunt e as chaves para Werdum pará-lo
Por Maurício Dehò
É fato que o caminho de Fabrício Werdum para conquistar seu primeiro cinturão do UFC foi facilitado enormemente quando seu rival original, o campeão Cain Velásquez, deixou o card deste sábado, na Cidade do México, por lesão. Não é que seu novo oponente, Mark Hunt, seja fraco, mas a realidade é que Velásquez está num nível acima dos demais entre os pesados. Mas isso não quer dizer que o resultado do UFC 180 seja barbada. O neozelandês tem suas cartas na manga, será perigoso, mas o brasileiro tem habilidade mais que suficiente para derrotá-lo e faturar o título interino.
Vamos primeiro ao que Hunt leva ao octógono:
As armas: Mark Hunt é um veterano de 40 anos, com passagem pelo Pride, Dream e uma longa carreira no K-1. Fica bem claro pelo histórico no kickboxing que seu negócio é nocautear. E ele só apurou sua técnica com o tempo. Depois de um período obscuro na carreira, quando perdeu seis combates seguidos entre 2006 e 2010, ele era considerado aposentado, até reagir no Ultimate e vencer cinco de seus últimos sete combates – só perdeu para Júnior Cigano e empatou com Pezão.
Ainda um brigão por natureza, a experiência e a evolução de seu jogo permitiram ao peso pesado aprender a escolher o contragolpe como uma de suas principais armas. O cruzado de esquerda é seu ganha-pão. Foi com ele que nocauteou Stefan Struve, e é também um golpe que permite que o neozelandês dispare outros em combinação, principalmente se seu rival for parar na grade. Além disso, seus chutes baixos são potentes, e incomodam bastante quem é alvo deles.
Confira os nocautes mais notáveis de Hunt no vídeo acima e na tabela abaixo:
Os problemas: Chamado às pressas para o card na Cidade do México, Hunt tem duas questões a tratar. A primeira é sua perda de peso. Os pesos pesados do UFC tem como limite 120 kg na pesagem, e ele deixou sua casa em direção ao México com 137 kg. A segunda é o gás. Já desgastado pelo corte de peso, Hunt ainda precisa se adaptar à altitude elevada da capital mexicana para suportar cinco rounds contra um Werdum que está na ponta dos cascos e que passou dois meses na cidade.
Dito isso, agora falemos do que Werdum traz para o jogo, entre armas e estratégias para neutralizar Hunt:
As armas: Se Hunt é um nocauteador, Werdum poderia simplesmente fugir da trocação e usar seu jiu-jítsu de altíssimo nível para finalizar o neozelandês. É uma opção, mas deve ser um plano B ou C para o gaúcho. Desde que sua luta em pé evoluiu, o brasileiro conta com suas combinações para minar os adversários. São jabs, chutes no corpo, chutes altos, joelhadas… Travis Browne sofreu muito com a imprevisibilidade dos golpes de Werdum, que não foram fortes para nocauteá-lo, mas fizeram o norte-americano perder o rumo de casa.
Como parar Hunt: Dois fatores tem de ser usados por Werdum. O primeiro é controlar a distância. Se deixar o neozelandês se aproximar, o risco de tomar um cruzado ou um upper, como o que nocauteou Nelson, cresce. Como o parceiro Jorge Corrêa já observou, Werdum deve usar a tática de sua luta contra Roy Nelson, em que só lutou em pé e usou muitos chutes frontais no norte-americano para marcar território e atacar com mais tranquilidade. O outro, como ele próprio apontou nesta semana de luta, é cansar Hunt. Werdum é paciente, e conseguir controlar o ímpeto de Hunt nos rounds iniciais é jogar no fácil para construir a vitória.
Os problemas: Werdum está superconfiante. Um novo lutador desde que trocou seu jogo exclusivamente de chão por um bem mais completo, o gaúcho cresceu exponencialmente e ganhou respeito. Mesmo ao enfrentar um nome jovem e forte como Travis Browne, não tremeu. Mais que isso tirou onda para vencer por pontos, com direito a gracinhas. É aí que mora o perigo. Se subir no salto, Werdum pode perder o foco e não ver o punho pesado de Hunt se aproximar. Se controlar este fator, tem meio caminho andado para se juntar a José Aldo no rol dos campeões do Ultimate.
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