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Novo uniforme do UFC mexe com o bolso dos lutadores. Veja os prós e contras

UOL Esporte

03/12/2014 08h01

Por Maurício Dehò

2015 promete ser o ano em que o UFC enfim se pareou com os grandes esportes. Depois de confirmar um calendário de um ano completo, a organização anunciou mais mudanças que buscam dar seriedade à organização e deixá-la mais próxima do mundo profissional de liga como a NFL e a NBA, os grandes campeonatos de futebol e etc. No meio destas novidades, o anúncio de uniformes padronizados, uma medida que será colocada em prática a partir de julho de 2015, vai muito além de um simples código de conduta de roupas. A questão mais importante, fundamental, está na transformação radical dos métodos da organização em relação a patrocínio e salário de atletas.

Quanto aos uniformes, em si, não dá para considerar que ficar sem ver Maurício Shogun de sunga seja um ponto negativo do projeto. Ter uniformes já é uma realidade de todas as edições do The Ultimate Fighter, e nunca houve problemas por conta disso. Logo, a não ser que a Reebok lance vestes terríveis, este quesito será digerido facilmente, ainda mais com a chance de os lutadores personalizarem seus kits com as cores que preferirem.

Então, vamos ao que importa realmente: os prós e contras no fato de lutadores não poderem mais expor seus patrocínios individuais na semana de luta e na noite de evento e de passarem a ter garantido um valor fixo antes de cada combate.

Antes de pesar tudo na balança, é importante entender o que será feito. Com a entrada dos novos uniformes, que terão versões de treino – para eventos pré-combate – e de luta, não haverá mais espaço para lutadores mostrarem seus patrocinadores individuais em suas roupas, algo que até aqui era "livre" (pagando uma taxa ao UFC, é claro).

Além disso, o acordo com a Reebok passa a garantir uma nova fonte de renda para os contratados do UFC. De acordo com seus rankings, os lutadores ganharão um valor fixo antes de cada combate. Eles também receberão 20% do arrecadado na venda de seus itens pessoais – outra novidade que o acordo permite, por facilitar o comércio dos uniformes e demais produtos personalizados.

Há diversos pontos positivos para as medidas anunciadas pelo UFC. A primeira, bastante clara, é a profissionalização do evento, que ganha muito no marketing esportivo com a divulgação de seu calendário e com a adequação da sua realidade quanto a uniformes e exposição de patrocinadores em relação às grandes ligas esportivas que conhecemos.

A segunda é em relação aos próprios lutadores, que passam a ter uma nova fonte fixa de renda. É CLARO que precisamos ver quais serão os valores e até os lutadores tem evitado muito "oba-oba" antes de serem notificados do quanto ganharão. Mas, imagine que muita gente entra na organização sem um patrocínio, sequer, e precisa ir à caça de apoiadores que supram seus gastos, já que as bolsas para os novatos ainda são bem baixas.

O UFC promete repassar TODA a grana do acordo com a Reebok para seus atletas. Com isso, é de se esperar que os valores sejam dignos e mais altos dos que já recebem atualmente. Resta saber se será vantagem para todos, dos recém-chegados aos campeões – estes últimos bem mais difíceis de agradar e mais propícios a botar a boca no trombone se acharem que algo está errado.

Quanto aos patrocinadores pessoais, é uma questão de adequação. Diversos exemplos podem ser levantados semelhantes ao que se verá no UFC. No futebol brasileiro, jogadores não levam seus apoiadores a campo e jogam com a camisa que o clube lhe dá. A NBA é parceira da Adidas, mas LeBron James é patrocinado pela Nike. A NFL tem seus uniformes feitos pela Nike. E assim por diante…

Quem quer apoiar os lutadores terá de trabalhar de novas formas, explorar a imagem em outros momentos e isso traz uma evolução natural do marketing esportivo ligado ao MMA. Ah, e as altas taxas que eram praticadas pelo UFC para permitir às marcas entrar no octógono com seus atletas deixa de existir, o que era uma barreira importante na busca por empresas apoiadoras.

Os contras estão ligados aos valores e à distribuição desta grana da Reebok que o UFC promete dividir integralmente com seus lutadores. Como dito, quanto é esse dinheiro e qual a porcentagem para cada patamar de lutador serão algo fundamental na discussão, mas só serão conhecidos à frente.

O outro ponto mais palpável neste debate está na forma como serão escolhidos os níveis de lutadores que ganharão mais ou menos: o ranking é quem definirá. E o ranking é uma "instituição" que não tem uma base forte dentro do UFC. Ele é feito por jornalistas de todo o mundo e não tem uma base estatística. É totalmente subjetivo. E, nisso, as escolhas dos repórteres que votam na lista podem privilegiar lutadores por conta de seu país, por sua disponibilidade para entrevistas, pela "camaradagem" e outros tantos fatores.

Se agora esses jornalistas decidem para onde vai o dinheiro e quem ganha mais, é óbvio que o ranking precisará ser fiscalizado de perto e até ter novas regras e padronizações para garantir sua confiabilidade.

Depois de um 2014 modorrento – principalmente por conta da ausência de suas maiores estrelas em boa parte do ano -, o UFC promete chacoalhar as coisas em 2015. O problema é que a organização não tem margem para errar e as mudanças precisam entregar as vantagens prometidas. Será um ano de grandes combates, nova políticas e em que acompanharemos se será desta vez que o Ultimate vai virar "gente grande". Estaremos de olho…

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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