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Na Grade do MMA

Com Rafael campeão, Werdum ganha força contra o "imbatível" Velásquez

Maurício Dehò

19/03/2015 06h39

Rafael dos Anjos conquistou seu cinturão neste fim de semana. E, apesar de já estar bem satisfeito com seu recém-iniciado reinado na categoria leve, ele pode trazer para o Brasil um outro título pelo país. O dos pesados. E sem lutar. Calma, não é um delírio. O fato é que a vitória do novo campeão mostra que a missão de seu companheiro de treinos, Fabrício Werdum, é menos impossível do que parece contra o até agora imbatível Cain Velásquez.

Mesmo com a conquista do cinturão interino contra Mark Hunt e suas atuações de gala, Werdum ainda parece longe de ser um risco tão grande para Velásquez, o homem que simplesmente atropelou Júnior Cigano duas vezes. Ou melhor, Werdum não parecia representar esse risco todo, até que Rafael mostrou que a escola de que ambos fazem parte tem as armas suficientes para tal.

Tanto Rafael quanto Werdum – e até mais o segundo – são grandes lutadores de jiu-jítsu, mas, com a assinatura do técnico Rafael Cordeiro, assumiram a trocação como protagonista de suas lutas. Adicionado a isso, o wrestling de ambos está em dia – Pettis que o diga, já que, além de tomar socos e chutes, não conseguiu evitar acabar de bunda no chão nas tentativas de queda- e, muito importante, a estratégia de Dos Anjos para conquistar o título cai como uma luva para as necessidades de Werdum.

Contra Pettis, Rafael dos Anjos ditou o ritmo, mandou na luta. Era de se esperar que o campeão, do alto de sua técnica apurada, fosse andar para frente e exigir respeito do seu desafiante. Não foi o que se viu. O brasileiro conseguiu ser ofensivo o tempo todo, sufocando o norte-americano e distribuindo um repertório amplo de chutes, socos, quedas e até tentativas de finalização, de modo a neutralizar o rival.

O Velásquez que ignorou Júnior Cigano é um cara que aposta nesse tipo de jogo: o campeão dos pesados tem fôlego, mão pesada, habilidade no wrestling e ataca sempre. Mas Werdum tem toda a chance de neutralizá-lo sendo o mais veloz, o mais ofensivo e o cara que dá o primeiro soco, o primeiro chute. Um round disso, dois, e – no melhor dos cenários – Velásquez estará desestabilizado e cansado.

Velásquez parece ser mais duro que Pettis, e conseguir aplicar essa teoria não será fácil, mas, se Dos Anjos venceu principalmente na especialidade de seu rival, a missão de Werdum está longe de ser impossível.

Como ficou claro na entrevista aqui para o blog, o técnico Rafael Cordeiro tem como um dos êxitos colocar o espírito de guerra na cabeça de seus lutadores. Mas, mais que isso, ele tem a noção exata de que isso não quer dizer que eles vão subir no octógono para "trocar porrada". A dedicação e a disciplina tática de seus lutadores fazem a diferença. Um título já veio. O outro ainda está na condição de interino, mas ganhou força depois da surra de Dos Anjos para voltar como linear ao Brasil.

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