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UFC privilegia ‘teatro’ de Bethe, e esquece Amanda na fila para pegar Ronda

Maurício Dehò

23/03/2015 08h15

Todo mundo já está pilhado com o UFC 190. Afinal, ter Ronda Rousey no Brasil, colocando em jogo seu título contra uma brasileira e tendo como pano de fundo uma verdadeira novela são atrativos suficiente para arrebatar a atenção de todos. Mas o UFC Rio deste fim de semana mostrou como uma outra lutadora está sendo esquecida. O talento de Amanda Nunes perdeu espaço para o 'teatro' de Bethe Correia, em mais um exemplo de que a imagem pode ser tudo no MMA.

A atuação de Amanda Nunes no Maracanãzinho foi irrepreensível. Em 1min56s de luta, ela passou por cima de Shayna Baszler, dominando totalmente a luta em pé. Além de atingir a norte-americana com golpes violentos, encerrou a luta com um chute baixo tão forte que lesionou a rival, forçando o árbitro a interromper o duelo em nocaute técnico.

Este resultado reforça seus melhores momentos no octógono do UFC. Já são três vitórias e uma derrota na organização, e os outros triunfos foram tão arrebatadores quanto este, nocauteando Sheila Gaff em 2min08s e Germaine de Randamie em 3min56s.

O problema de Amanda nesta fila para o cinturão foi o fato de ela ter sido derrotada por Cat Zingano – a rival mais recente de Ronda. A brasileira quase conseguiu vencer Cat no UFC 178, com uma finalização, mas a rival sobreviveu e acabou nocauteando Amanda no terceiro round. Uma vitória, e teria sido ela encarando a campeã.

Ainda assim, o que surpreende é que o UFC já traçou um cenário muito claro para Ronda Rousey durante todo este ano, antes do combate deste sábado, e ele acabou excluindo Amanda, a dona de um dos socos (e chutes, joelhadas e cotoveladas) mais pesados da categoria. Depois de Bethe, Ronda deve encarar a vencedora de Miesha Tate x Jessica Eye – e a favorita do Ultimate é a segunda, já que Miesha perdeu dois combates para a campeã. Alguns dias de paciência, e o UFC poderia ter feito um pouco mais de justiça à baiana.

Bethe tem seu valor, não se pode esquecer. Dona de cartel invicto, ela convenceu, de fato, com sua última vitória, um nocaute sobre a mesma rival de Amanda, Shayna Baszler. A paraibana, no entanto, precisou de três rounds para chegar ao triunfo, tendo mais trabalho que a compatriota, que mal precisou suar.

Ainda assim, o que Bethe fez até aqui parece ser pouco diante de uma campeã tão dominante como Ronda Rousey. As rivais que bateu foram fracas e só na última luta conseguiu uma vitória que não fosse por pontos. Quem mostra essa descrença são as casas de apostas, que abriram com um favoritismo gigante em favor da norte-americana: 15-1. Isto é, é preciso apostar US$ 1.500 em Ronda para ganhar apenas US$ 100.

Agora, resta a Amanda pegar um nome do top 5 do ranking do UFC. Sara McMann ou a vencedora de Sarah Kaufman x Alexis Davis são os bons nomes que podem alavancar a lutadora para o posto que ela merece.

O "hype", o buchicho em torno de um atleta, vale demais dentro do UFC. E, aos poucos, os brasileiros vão aprendendo com isso. Numerosos são os casos de brasileiros talentosos, mas que já ficaram deixados em segundo plano. O irlandês Conor McGregor é um exemplo do quanto a imagem vale para a organização. A ponto de fazer José Aldo ter de se reinventar nesta turnê de divulgação para o combate deles no UFC 189. Bom, mas isso já é assunto para outro post…

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