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Na Grade do MMA

Belfort ignora provocações e usa "filosofia bélica" contra Weidman

Maurício Dehò

01/04/2015 09h05

A espera de Vitor Belfort parece interminável. O último combate do veterano que completa 38 anos exatamente nesta quarta-feira foi em novembro de 2013, mas agora são menos de dois meses para que, enfim, ele se encontre com Chris Weidman e tente tomar do norte-americano o cinturão dos médios do UFC. Numa trajetória única, o carioca pode ser o primeiro lutador com títulos em três pesos na organização*. E tem mais, ele quer uma conquista dupla no UFC 187, com seu companheiro de treinos Anthony Johnson sendo campeão sobre Jon Jones na mesma noite.

O clima entre Belfort e Weidman é quente, principalmente nas acusações de doping, partindo do norte-americano. O brasileiro ignora, diz que sabe não levar isso para o pessoal. E usa um discurso de guerra para falar do segredo de sua longevidade no esporte. O segredo para isso, diz ele, "é saber ser soldado, mesmo quando você é um general".

Belfort não é do tipo que baseia sua preparação em "camps" específicos de treino. Está sempre na academia e apenas mexe na intensidade e no tipo de treinos quando a luta se aproxima. Isso serve para o estudo de seus rivais. Ele conta inclusive que já tem estratégia traçada para tentar encerrar o reinado do algoz de Anderson Silva e devolver o cinturão ao Brasil. Confira o papo com o lutador:

Vitor, conte primeiro como está a preparação para um combate como este, que teve muitas idas e vindas. Minha preparação está excelente. Estou há 19 anos nesse esporte e muita coisa evoluiu. O segredo do sucesso é saber ser soldado, mesmo quando você é um general.

Já faz mais de um ano que você não luta e houve várias fases de preparação interrompidas. Como você se sente? Mesmo quando não tenho luta marcada, treino normalmente. Não paro nunca e aprendi com o Carlson Gracie que temos de estar sempre preparados.

A idade faz com que você tenha de segurar a onda de alguma forma? Sou como um (vinho) Bourdeax: quanto mais velho, melhor (risos).

Você já estudou Weidman. É o tipo de lutador que entra para lutar com estratégia? Em toda luta temos uma estratégia. Ninguém vai pra guerra sem conhecer o inimigo. A minha está traçada ha muito tempo.

O Weidman costumava ser respeitoso com rivais. Mas com você é muito diferente. Você acha que o incomoda? Ele levar para o pessoal é uma desvantagem? Venho de uma época em que não existia regra, não se usava luva e não tinha peso definido. Venho de uma geração que fazia duas lutas na mesma noite. E sempre vi caras enormes falarem bastante. O que falam a seu respeito não pode determinar quem você é. Cada um encara o esporte como quiser. Para mim, nunca foi pessoal. Sou muito bem pago para subir no octógono e lutar. Tenho que ser profissional, afinal esporte é isso. Tenho outros negócios e não dependo disso para viver. Me vejo como uma empresa, onde muitas outras empresas investem muito dinheiro, e não posso confundir o profissionalismo com o pessoal.

O card acabou tendo a adição do Jon Jones x Anthony Johnson como última luta da noite. É desvantagem? Achei ótimo porque eu e o Anthony nos consagraremos campeões do mundo na mesma noite.

Você pode conquistar vários feitos, com mais um cinturão em categoria diferente no UFC. Quanto isso te motiva? Já conquistei muitas vitórias na minha vida e sei que conquistarei ainda mais. Como todo brasileiro, não desisto nunca. Com 16 anos tive que sair do meu país para ser campeão mundial e fui o lutador mais jovem da história do UFC a se sagrar campeão do mundo com apenas 19 anos. Minha irmã até hoje esta desaparecida e logo após o sumiço fui pela segunda vez campeão mundial do UFC, e agora, com quase 20 anos de carreira, serei de novo, em uma terceira categoria diferente. Mas a conquista está no dia a dia. No treinamento, na determinação, dedicação, sacrifício, esforço e a vontade de vencer a cada dia. Isso sempre fez de mim um vencedor. E todos fazem parte dessas conquistas, minha família, meu time, meus patrocinadores, meus fãs, e muita gente envolvida.

*Vitor foi campeão dos meio-pesados, em 2004, e ganhou o GP dos pesados do UFC 12. Em termos de cinturão, já que o GP era realizado em outro formato, ele pode ser o terceiro lutador com cinturões em duas divisões, juntando-se a Randy Couture e BJ Penn

Vitor e Weidman se encaram antes do UFC 187


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