Fã de Jiraya, revelação achada por Anderson luta por 2º título e mira UFC

Jonas Bilharinho tem cinco vitórias e um empate, e tenta feito inédito no Jungle Fight (DH Media/Divulgação)

O seriado japonês Jiraya influenciou toda uma geração de jovens, que cresceram vidrados nas lutas do "incrível ninja" e sonhando vestir sua armadura e repetir seus golpes – inclusive este que vos escreve. Jonas Bilharinho é um exemplo disso e, influenciado por ele, convenceu os pais a inscreverem-no em aulas de artes marciais desde muito jovem. Duas décadas depois, ele pode se gabar de ter sido descoberto por Anderson em um treino e de estar muito perto de uma chance no UFC.

Neste sábado, Bilharinho é um dos protagonistas do Jungle Fight 76. O evento, em Itu, é marcante por ser a estreia da nova transmissão, com card preliminar no UOL
às 22h e o principal na Band. O carioca de 24 anos, que já é campeão dos galos da organização agora sobe de peso, para um feito inédito, que é tentar acumular um segundo cinturão: o dos penas. Seu rival é Fabiano "Soldado" Fernandes (oito vitórias, três derrotas).

A carreira de Bilharinho teve ascensão veloz. São seis combates, com um empate na estreia e, em seguida, cinco vitórias consecutivas – a última, um triunfo por pontos pelo título dos galos do Jungle. Integrante do Team Nogueira, a academia dos irmãos Minotouro e Minotauro, a revelação vem coroando uma vida toda dedicada às lutas, fruto das horas que passava na frente da TV quando era um garotinho.

"Eu ficava vendo Jiraya direto, imitando os golpes dele o tempo inteiro. Meus pais viram isso e acharam que eu tinha um bom controle corporal, então com 3 ou 4 anos já me colocaram para fazer caratê shotokan", relembra ele. "Eu gostava da armadura do Jiraya, e também curtia muito o visual dos ninjas, então todo carnaval eu me vestia de ninja, com roupa preta, rosto coberto… (risos)."

Uma diferença da maioria dos lutadores é que Bilharinho pulou de galho em galho a juventude toda. Ele não se apegou a uma arte marcial. Queria sempre experimentar uma nova luta, ainda que ouvisse: "se ficar trocando, não será bom em nenhuma". Capoeira, muay thai, kickboxing, boxe, jiu-jítsu… O carioca fez todos, e o caminho para o MMA foi natural. "Hoje uso tudo o que treinei a carreira toda".

Sob o olhar de Anderson

Com 18 anos, Bilharinho foi chamado de surpresa para uma sessão de sparring na Team Nogueira. Ainda amador, ele foi substituir um lutador lesionado, e seu desempenho foi melhor que o esperado. Além disso, o detalhe é que o astro Anderson Silva estava do lado de fora da jaula, observando o garoto. E gostou do que viu.

"O Anderson me deu uns conselhos no corner. Depois, vi que ele conversou com um dos técnicos e eles disseram que eu estava pronto para ser profissional", conta, orgulhoso. Bilharinho passou a fazer parte do time, tendo contato constante com os irmãos Nogueira e recebendo dicas esporádicas do Spider. "Ele é um monstro, tudo o que falou para mim, tenho anotado até hoje."

Bilharinho é cria da Team Nogueira. Na foto de cima, ele carrega Minotouro. Na de baixo, posa com Minotauro e Rafael Feijão

A primeira luta do carioca foi um anticlímax. Ele enfrentou um rival que falhou na pesagem por 2,5 kg e ficou no empate. Em seguida, descobriu que a atuação havia sido afetada também por um problema no ombro e operou. A recuperação foi dura, já que os companheiros evoluíam, e ele seguia parado. Aquela situação deixou o jovem lutador sedento pelo retorno.

Uma boa oportunidade veio com o convite para o reality show Fight Xchange, produzido por canadenses. Com um mata-leão, ele venceu Nate Stark no primeiro round e em seguida já passou a lutar no Jungle Fight. A partir daí, deslanchou: três nocautes, sendo um com socos, um com um chute alto e outro com uma série de golpes no corpo do rival – desfecho pouco comum e que mostra a qualidade técnica do campeão.

Em sua luta mais recente, Bilharinho teve mais dificuldades e venceu o experiente Mario Israel em uma decisão por pontos, dividida. Para ele, apesar do título a vitória discutível foi o único detalhe que o separou de uma entrada no UFC já naquele momento.

"Eu acho que podia até ter acontecido já. Mas esse resultado foi polêmico. Nunca tive adversário fácil no Jungle. Na luta contra o Mario Israel, machuquei uma das pernas e tive que jogar de destro, em vez de canhoto, então foi muito complicado", analisa ele.

"Estou subindo de categoria. Se pegar este outro cinturão, tenho certeza que vai consolidar minha ida ao UFC. Se vencer, pode ser que não represente mais o Jungle", adiciona Bilharinho.

O carioca afirma que espera usar sua trocação para vencer Soldado, mas que não teme ir para o chão. Ele ainda considera que está com um físico ainda melhor depois que subiu dos galos para os penas – ainda que siga como campeão da divisão de baixo.

"Para essa luta, eu estou bem melhor. Vejo minha última apresentação e tenho certeza que ganharia de mim mesmo naquela luta. No novo peso, estou 'ridiculamente' mais rápido e mais forte. Continuo perdendo muito peso, antes eram 18 kg, agora são 13 kg. Mas fará total diferença", garante ele.

Veja a programação completa:

Card principal
Bruno Lopes (011 Team) vs José "Suavecito"Dias (Cleber Jiu-Jitsu/USA) – Cinturão até 77kg
Erika Almeida (Herman Gutierrez Team) vs Jennifer Gonzales (Nigue Team/Chile) – Cinturão até 52kg
Jonas Bilharinho (Team Nogueira) vs Fabiano "Soldado" Fernandes (XGym) – Cinturão até 66 kg
Alvaro Damian (Top Brothers/Paraguai) vs Arthur Ribas (Marcelo Ribas/Nova União) – 77kg
Diego Barbosa (Team Nogueira) vs Bruno Beirute (Bronx Gold Team) – 66kg
Diego Paiva (Miguel RepanasTeam) vs Herbeth "Índio" Sousa (Constrictor Team) – 57kg

Jungle Comunidade:
Israel Ottoni (Famila Komodo) X Leandro dos Santos (Polêmico Team) – 61 kg
Danilo Alves (Berg Team) X Danilo Adrian (Colisão Jiu Jitsu) – 57 kg
Junior "Pica-Pau" Beguetto (Chute Boxe-Piraju) X Wilian Kuraçá (Jovens de Honra) – 70kg