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Na Grade do MMA

Não basta Ronda. Sem Jones, Aldo x McGregor é fundamental para o UFC

Maurício Dehò

06/05/2015 06h00

O sério problema enfrentado por Jon Jones, que lhe custou o cinturão e já é tratado junto à possibilidade de ele nunca mais voltar a lutar, deixou o UFC sem seu maior trio de astros, devido às baixas anteriores de Georges St-Pierre e Anderson Silva. O Ultimate hoje já conta com um quarto nome "gigante": Ronda Rousey. Mas isso não basta. Assim, o aguardado duelo entre José Aldo e Conor McGregor virou fundamental para definir quem surge como substituto daquelas estrelas. Neste post, vou falar o por quê disso e analisar quem mais está sendo moldado para seguir esta direção.

O ranking peso por peso é o primeiro indicativo de que caminho o UFC tem de seguir, e aponta José Aldo como o melhor lutador da atualidade, independentemente de categorias. O problema é que a equação que cria um astro, um lutador que venda lutas, seja atrativo, angarie torcedores e atinja um patamar acima dos demais é complicada. É preciso de carisma, boas lutas, rivalidades…

Parte destes fatores finalmente surgiu para Aldo com McGregor. O irlandês falastrão trouxe mais atenção ao manauara, hoje o campeão mais longevo do UFC, com sete defesas de cinturão – e isso sem contar quando era dono do título dos penas no WEC, organização que foi adquirida pelo UFC. Se tudo o que o brasileiro fez sobre o octógono não era o bastante para fazê-lo o astro que ele poderia ser, o clima quente com McGregor acabou beneficiando Aldo, mesmo que ele tenha sido "engolido" pelo rival na turnê promocional do UFC 189.

Se realmente o combate entre eles gerar a repercussão que promete até aqui, quem quer que vença o combate será alçado a um novo nível entre os entusiastas do MMA e até entre novos espectadores que devem surgir só por conta desta luta. Resta a Aldo fazer o que se espera dele e vencer o irlandês, que nunca teve rivais da importância do brasileiro, para aproveitar este momento decisivo da carreira. E tem mais, depois disso o manauara pode até partir para desafios grandiosos, como superlutas e uma subida para o peso leve.

Quem mais: Ronda, Cain, Weidman?

Voltando a falar de Ronda, é preciso explicar por que ela não basta ao UFC no papel de principal estrela da organização. Não é que a campeã peso galo não possa ser o maior destaque da companhia. Mas ela está tão acima de suas pares, que a falta de rivais que realmente possam ameaçá-la fazem com que seu futuro pareça limitado. E um dos pilares para uma estrela no mundo das lutas é ter rivais desafiadores, ou pelo menos que se vendam como desafiadores.UFC_190_event_poster

Agora, Ronda pega Bethe Correia no UFC 190, no Rio de Janeiro, ainda com um "hype" grande. É sua primeira luta pelo Ultimate fora dos EUA, e Bethe se credenciou a desafiante do cinturão principalmente por suas provocações. Mas, passado este combate e com Ronda saindo vencedora, ela vai precisar mais do que nunca de Cris Cyborg, esta sim uma rival com potencial (assustador) de derrotá-la. É preciso que a brasileira prove que pode bater o limite do peso galo (61 kg) e, se conseguir, este duelo terá status de superluta, para bater recordes no MMA feminino.

Um dos aspectos animadores para o UFC é que os outros nomes que surgem com força no momento permitem um crescimento para além das fronteiras dos EUA. No peso pesado, Cain Velásquez – mais um caso em que mesmo um incrível potencial combinado a um baixo carisma prejudica na criação de estrelas – luta com Fabrício Werdum no México, em uma aposta do Ultimate em se expandir entre os latinos. No meio-médio, Rory MacDonald desafia o campeão Robbie Lawler (EUA) para devolver o cinturão que foi de GSP ao Canadá. A Europa tem em McGregor e na nova campeã peso palha, Joanna Jedrzejczyk, nomes fortes para a expansão da modalidade.

UFC_187_DC_RumbleHá ainda o UFC 187, que também definirá rumos interessantes. Primeiro no peso médio, em que Chris Weidman tenta avançar um pouco em sua popularidade ao vencer o amado por uns e odiado por outros Vitor Belfort. Se o brasileiro vencer, bagunçará a ordem das coisas e terá um papel importante para o Ultimate seguir crescendo no Brasil. No mesmo evento, no meio-pesado, Anthony Johnson e Daniel Cormier brigam pelo cinturão que foi de Jon Jones, mas ainda estão bem longe do compatriota norte-americano em relação à popularidade.

Em suma: o caminho para o UFC é árduo. Estrelas não se criam do dia para a noite. Por sorte, o amplo plantel da organização tem uma variedade tão grande de talentos e personalidades, que parte da construção desses ídolos acontece naturalmente. A outra parte, é claro, depende do investimento do Ultimate e dos próprios lutadores fazerem sua parte. Ronda tem feito, e virou este fenômeno que é. Há anos Aldo é implacável na parte esportiva. Agora, mantendo este aspecto em alta e batendo McGregor, precisa apenas avançar no marketing pessoal e virar a estrela que tanto merece. A brecha já foi aberta por Jones, e o número 1 do ranking já é dele. Agora é hora de capitalizar.

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