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Werdum acusa Velásquez de ter fugido de luta: 'agora ele não tem opção'

Maurício Dehò

08/06/2015 06h00

Fabrício Werdum e Cain Velásquez são bons camaradas. Foram técnicos do primeiro The Ultimate Fighter gravado no México, mas não viveram intrigas e sempre passaram a imagem de respeito e até de amizade fora do lance competitivo entre eles, pelo cinturão dos pesos pesados no UFC 188. Mas, uma acusação do gaúcho rompe com esse cenário colorido. Para o campeão interino, Velásquez fugiu da luta na primeira vez que o Ultimate marcou o duelo.

Conhece tudo de Fabrício Werdum? Veja o especial sobre ele

Com a experiência de um combate feito na altitude elevada da Cidade do México (2.200 m), Werdum foi para o país com mais de um mês de antecedência. Instalou-se em uma casa que mais parece um centro de treinamento, internando-se mil metros acima da altura em que lutará. Foi de lá que ele falou ao blog sobre a boa fase de sua carreira e de um teste definitivo que terá, aos 37 anos, diante do campeão linear dos pesados.

E, aparando as últimas arestas, ele já desferiu o primeiro jab em Velásquez. Para o gaúcho, o rival percebeu que tinha um desafiante melhor preparado que ele no combate marcado para novembro de 2014. E deixou a luta. Velásquez culpou uma lesão no joelho, foi substituído por Mark Hunt, e Werdum nocauteou o neozelandês para conquistar o título interino. Agora, não há espaço para correr. Confira o papo:

Fabrício, você voltou a viajar ao México bem antes da luta. O quão bem fez isso da primeira vez, para você repetir a experiência e qual a diferença daquele Werdum para o de hoje? Vir antes para o México é bem importante por conta da altitude, o México é conhecido por ser bem alto. Estou há três semanas e meia aqui, fechando 35 dias que estou concentrado, em um lugar bem alto. A diferença é a experiência, a vontade de ganhar. Sigo treinando igual, a diferença é a experiência. Entre 2007, minha primeira passagem no UFC, e hoje, a diferença é que sou muito profissional. Antes eu não era, eu não levava tão a sério quanto levo a hoje.

Você se sente um campeão de fato com o título interino e acha que foi reconhecido por isso? Eu estava lá, não tive culpa de o Velásquez não poder lutar. Eu me dediquei por dois meses aqui no México, e estou me dedicando há anos. E eu acho que foi estratégia do Velásquez não lutar comigo daquela vez. Porque ele sabia que eu estava treinando no México há um tempo. Mas agora ele não tem opção. Se não lutar agora, perde o cinturão automaticamente, então me sinto como campeão e vou poder mostrar no dia 13 a dedicação que tenho e que sou o melhor do mundo.

O que muda ao disputar o cinturão linear e contra um cara como Velásquez? O que muda é que é um grande desafio, uma unificação de cinturão, não é sempre que acontece. Todos querem ver o Cain voltar após quase dois anos, então tem muita expectativa. Unificar cinturões do peso pesado é algo muito especial. Se tiver que lutar amanhã, eu luto, já estou preparado.

O Rafael dos Anjos, o Maurício Shogun e a Cris Cyborg foram valiosos na sua preparação, não é? Sim, o Rafael motiva todo mundo na academia. É o cara que chega primeiro, está sempre fazendo a lição de casa. O Shogun e a Cris vieram me ajudar também. A Cris é uma garota que treina muito, adora, se dedica muito, também fazendo tudo da forma certa. O Shogun veio com a experiência dele, deu vários conselhos, tem muita bagagem. Ele é um cara que vi muito antes de ser meu amigo. É como o Wanderlei, que me dá os conselhos na hora certa, que são legais de absorver.

Há um tempo falamos aqui no blog de uma diferença entre lutadores que são puramente talentosos e lutadores que chegam longe na base do trabalho, de fato, que não se prendem a isso. Rafael dos Anjos, hoje campeão dos leves, é um exemplo. Você se vê assim? É importante ter essa constância de treinamentos, correr atrás, fazer a coisa certa, se dedicar ao máximo. O Rafael dos Anjos é um grande exemplo, um cara que trabalhou muito. Eu assisti a tudo, acompanhei, e ele é um grande exemplo para mim. Eu também estou há muitos anos nesse mundo do MMA e consegui através do meu esforço, da vontade mesmo de correr atrás. Estou com 37 anos e me vejo na melhor fase da minha carreira.
Dois cinturões na foto: Werdum e Velásquez tem 1º encontro antes do UFC 188
Pergunta direta: como vencer um cara versátil, atlético e dominante como o Cain? O Cain Velásquez é um cara atlético, que impõe um ritmo muito forte… Mas acho que ele vai sentir bastante esse tempo e a altitude. Acho que vai ser uma luta de longo prazo, em que vou poder fazer meu jogo no terceiro ou quarto round. Vou fazer desde o começo, mas ele vai vir com tudo. A estratégia que traçamos está certinha para conseguir nocautear ou finalizar o quanto antes.

Como você encara ficar longe da família esse tempo todo, já que tem duas filhas, uma bem pequena? Com certeza é complicado ficar longe da Joana, que tem um ano e três meses, da Júlia, que tem sete anos, e da minha esposa. Ficar um mês e meio fora de casa é difícil, mas o reflexo vai vir no dia da luta. Vou poder mostrar a vontade que tenho de ser campeão e vou ser recompensado, com certeza. Depois vamos sair de férias e ficar juntos.

Você ainda pensa muito na luta do Fedor? Aquela vitória ainda é um inspirador pra combates como esse? O Fedor foi, por enquanto, a melhor luta da minha vida, que ficou na minha história. Um cara que vinha sem perder havia dez anos e que eu finalizei em 69 segundos. Então, essa luta nunca mais vai sair da história do MMA. Fiquei muito feliz de ganhar, mas também triste, porque esqueceram do Fedor como melhor do mundo muito rápido. Isso não achei justo, com um cara que fez história no mundo do MMA.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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