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Saída de Anderson 'mata' TUF Brasil 4, e reality tem fim apagado na TV

Jorge Corrêa e Maurício Dehò

24/06/2015 06h00

Esperava-se muito da quarta edição do The Ultimate Fighter Brasil, com Anderson Silva e Maurício Shogun como técnicos, as gravações acontecendo em Las Vegas e duas categorias em disputa. Mas, acabou na madrugada desta segunda-feira a temporada, com a audiência em queda em um reality show que perdeu seu principal astro, por doping, sofreu sem grandes histórias ou personagens e ganhou pitadas de BBB à sua fórmula.

Sucessor de um TUF cheio de drama e briga, com Wanderlei Silva e Chael Sonnen como técnicos da terceira temporada, esta edição esfriou depois que Anderson Silva foi dispensado por conta de seus problemas com doping. A principal atração dos primeiros episódios, quando já se sabia que o Spider não continuaria (ele foi avisado do problema três dias após a luta contra Nick Diaz, quando já participava da gravação do reality), era acompanhar o processo, assistir ao lutador sendo avisado do doping e a reação de todos a isso.

Leia mais: Anderson e musas não salvam, e audiência segue em queda

Assim, passado o terceiro episódio, quando Anderson foi trocado por Minotauro e Minotouro, as coisas esfriaram. E nunca surgiu um fato novo que reacendesse a faísca do interesse pelo programa. Sem rivalidade entre os técnicos, sem grandes histórias e com poucas lutas memoráveis, o TUF Brasil 4 chegou ao seu final – como programa – cumprindo tabela.

O fato de ter sido gravado em Las Vegas foi o segundo chamariz da Globo e do UFC, mas isso geralmente não desperta grandes amores de quem já gosta de MMA e acompanha o UFC, já que dá uma cara de BBB à atração.

Os bastidores de treinos e lutas tiveram pouco espaço e importância quase nula no programa, parte disso por conta dos técnicos terem pouco a oferecer, com os "boa praça", Minotauro e Minotouro só perdendo lutas e Maurício Shogun deixando Eduardo Alonso (seu empresário e técnico principal) assumir as rédeas da equipe, inclusive no córner das lutas.

Assim, passeios, baladas, gincanas entre as equipes e até "pegação" roubaram a cena durante esta temporada, já que o contato com as candidatas do concurso de ring girl da temporada foi intenso – algo que foi instigado pela direção e pela presença de Boninho nas gravações. Bruno Korea ficou aos beijos com Jennifer Giacotto. Já André Dedé apareceu beijando a russa Diana Sparks, numa jacuzzi.

No octógono, a partir das quartas de final houve apenas um nocaute em 12 combates, e a qualidade técnica não impressionou, apesar de os finalistas terem feito jus à sua posição. Candidatos a virarem estrelas, nomes como o argentino Nazareno Malegarie, o pupilo de Anderson Silva André Dedé e o dono do melhor nocaute da temporada, Bruno Korea, ficaram pelo caminho.

E, enfim, os números mostram as dificuldades. Neste último episódio, o TUF registrou 7 pontos de audiência, em São Paulo, com 28% de participação, liderando em relação à concorrência. A edição de estreia dava cerca de 15. Alavancada pela novidade Anderson Silva como um dos técnicos, a maior audiência foi justamente a da estreia, em 5 de abril, quando a Globo obteve 10,4 pontos no Ibope da Grande São Paulo (região referência para o mercado publicitário). O resultado não foi repetido pelo programa deste ano e foi superior ao da audiência da estreia da temporada anterior, em 2014, que alcançou 9 pontos, porém inferior aos números do episódio inicial do TUF 1, em 2012, que cravou 15 pontos. O pior episódio teve 6,1 pontos.

Sem espaço de destaque na programação da Rede Globo e sempre indo ao ar já na madrugada de segunda-feira, o TUF quase nada tem a oferecer à emissora aberta. Para ambos os lados, já são mais prejuízos que vantagens. Uma ida à TV fechada, integrando a grade do SporTV ou, em último caso, ficando só no canal Combate, daria peso e uma posição mais nobre ao programa, garantindo novas temporadas – e não uma extinção que deve estar bem longe nos planos do UFC.

Em tempo, as finais ficaram assim: Dileno Lopes pega Reginaldo Vieira no peso galo; Glaico França encara Fernando Açougueiro no peso leve. E a maré de azar foi tanta, que as lutas que seriam disputadas em Miami, neste sábado, tiveram de ser adiadas para 1 de agosto, no UFC 190, por um problema geral do consulado dos EUA com a liberação de vistos…

Confira a audiência de todos os episódios:
5/4 – 10,4 pontos
12/4 – 8
19/4 – 8,2
26/4 – 7,4
3/5 – 7,2
10/5 – 7,2
17/5 – 6,1
24/5 – 6,3
31/5 – 7,1
7/6 – 9
14/6 – 6,9
21/6 – 7,3

*Colaborou Rogerio Jovaneli

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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