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Lyoto: bater cubano para seguir no páreo ou perder e viver sua maior crise

Maurício Dehò

27/06/2015 06h02

UFC bagunçado tem Lyoto tentando manter respeito na categoria

Poucos lutadores sabem o que é cair e se levantar como Lyoto Machida. Desde faturou o cinturão em 2009, o brasileiro nunca deixou de figurar entre os melhores do UFC. Mas, neste sábado, é hora do Dragão ressurgir, de se reconstruir. Mais uma vez… Em Miami, o quarto do ranking dos médios enfrenta Yoel Romero, número 6 da lista, para tentar provar que se mantém no páreo pelo cinturão e fugir do que seria seu pior momento na organização.

Aos 37 anos, Lyoto sabe que cada luta pode representar uma chance derradeira nos seus planos. Até por isso a surra levada por Luke Rockhold deve ter sido uma das mais doídas da carreira, quando foi finalizado pelo norte-americano no segundo round e não teve chances em nenhum momento – ainda que reclame de um suposto golpe ilegal.

No Ultimate desde 2007, o veterano já tem 20 combates pela organização, com 14 vitórias e seis derrotas. Só em uma ocasião tropeçou em duas lutas seguidas, ao ter tomado o cinturão por Shogun e em seguida perder por pontos uma luta muito discutível com Rampage. Agora, pode repetir essa marca, com o agravante de um novo revés jogá-lo ainda mais longe na fila pelo título.

"Minha luta contra Rockhold não foi boa para mim. Foi devastador perder da forma que foi. Mas, a única coisa que passou por minha cabeça foi que eu gostaria de lutar de novo e agora tenho outra chance", afirmou Lyoto. "Aprendi muitas coisas nas artes marciais. Às vezes você tem obstáculos na vida que precisa saber como reverter. Eu tenho que vencer essa luta, porque quero voltar para a fila do cinturão. Se eu aplicar minha técnicas, meus socos, meus chutes, minha mão será levantada."

O ponto positivo para Lyoto é que nas lutas por cinturão feitas contra Jon Jones e Chris Weidman, ele chegou a ter boas chances de vencer. Mesmo que Weidman se mantenha no topo dos médios, uma revanche entre eles ainda faria sentido.

Para isso, o brasileiro tem de voltar a acreditar no seu potencial e, principalmente, soltar seu jogo. Tudo bem que seu estilo é esse mesmo. Esperar, estudar e contragolpear. Ainda assim, muitas vezes em que ele aguardou demais seus rivais, acabou derrotado. Aos 37 anos, esperar uma reinvenção a Lyoto é algo improvável. Mas, como Demian Maia fez, focar nas suas armas e aprimorar seus pontos fortes pode ser o caminho. Potencial nunca faltou a Lyoto Machida.

O problema é que do outro lado está um Romero em alta e cotado como candidato a lutar por cinturão, atrás de Rockhold – próximo rival de Weidman – e de Ronaldo Jacaré. O cubano, medalhista olímpico no wrestling, em 2000, tem cinco lutas no UFC, com quatro nocautes e tem em Lyoto o maior adversário de uma carreira de 9 vitórias e uma derrota.

Romero tem um estilo semelhante, é elusivo, gosta de contra-atacar e tem bons socos, joelhadas e cotoveladas, então, a expectativa é de que a luta seja quente.

A favor de Lyoto, há de se lembrar que Tim Kennedy quase conseguiu um nocaute no fim do segundo round, na luta mais recente do cubano, que foi salvo pelo gongo e nocauteou o norte-americano na volta ao terceiro assalto. Contra, o problema é Romero tentar levar para o chão – e ele tem facilidade para isso -, o que geralmente complica o brasileiro.

Mais do card bagunçado

O UFC deste sábado, em Miami, seria inicialmente disputado em São Paulo e teria as finais do TUF. A mudança de cidade foi um pedido da organização brasileira, na tentativa de fortalecer o card, que ganhou a luta de Lyoto como principal. Já as decisões do reality caíram por problemas de visto – culpa de uma pane do consulado dos EUA – e foram adiadas para o UFC 190. Assim, serão apenas nove lutas.

No card principal, o argentino Santiago Ponzinibbio vem embalado por duas vitórias. O "Gente Boa" encara Lorenz Larkin, que só venceu uma das últimas quatro lutas. Outro ex-TUF em destaque é Antonio Cara de Sapato, campeão da última edição no peso pesado. Ele foi derrotado por Patrick Cummins em dezembro e tem como novidade descer para a categoria médio, para tentar dar uma chacoalhada na carreira. Pega Eddie Gordon, que perdeu seus dois últimos combates.

Além disso, os problemas no visto de entrada nos EUA fizeram o UFC chamar dois lutadores às pressas: Leandro Buscapé e Alex Cowboy, este último uma agradável surpresa com sua boa luta contra Gilbert Durinho (apesar de acabar derrotado) e a rápida finalização sobre K.J. Noons, ambas em lutas também aceitas em cima da hora.

Serviço – O UFC deste sábado acontece a partir das 21h, com o card preliminar. O card principal está marcado para as 23h. O canal combate transmite toda a noitada, e a Globo entra ao vivo com as lutas principais às 0h50. O Placar UOL acompanha todos os lances.

Card principal
Médio: Lyoto Machida x Yoel Romero
Meio-médio: Santiago Ponzinibbio x Lorenz Larkin
Médio: Antônio Cara de Sapato x Eddie Gordon
Médio: Thiago Santos x Steve Bossé
Pena: Hacran Dias x Levan Makashvili

Card preliminar
Meio-Médio:
Alex Cowboy x Joe Merritt
Meio-Médio: Leandro Buscapé x Lewis Gonzalez
Meio-Médio: Steve Montgomery x Tony Sims
Galo: Danny Martinez x Sirwan Kakai

Sobre o blog

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