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Na Grade do MMA

Contradições e arrogância. Anderson passou vergonha e pegou pena máxima

Jorge Corrêa

14/08/2015 06h57

Foram duas horas desde o início da reunião mensal da Comissão Atlética de Nevada até o caso de Anderson Silva ser chamado. Depois, mais 2h20 de perguntas pesadas, respostas incompletas, explicações absurdas de advogados, acusações de promotores, testemunhos controversos, traduções confusas. Com certeza o ex-campeão dos médios preferia não ter saído de casa depois de tudo isso.

Como bem resumiram nas redes sociais, era melhor que Anderson não tivesse ido até Las Vegas para participar do show de horrores – ou de comédia em muitos momentos – que culminou com a pena de um ano de suspensão, mais de R$ 1,5 milhão de multa e sua vitória contra Nick Diaz se transformando em No Contest. Era a pena máxima possível. Se ele não tivesse aparecido para se defender das acusações de doping, o resultado teria sido o mesmo.

O brasileiro apostou alto em uma defesa muito arriscada: decidiu culpar o uso de um suplemento para a melhora de desempenho sexual pelos múltiplos flagrantes em exames antidoping pelo uso de anabolizantes – ele assumiu apenas o uso intencional de ansiolíticos no dia anterior à luta. Mas foram os comissários começarem a apertar que toda a argumentação começou a ruir.

– Como Anderson aceitou tomar um remédio desconhecido, vindo da Tailândia, de um amigo que ele tinha visto poucas vezes e conhecia há pouco mais de um ano?

– Silva primeiro disse que a última vez que tinha tomado o medicamento tinha sido dia 8 de janeiro, um dia antes do primeiro flagrante. Depois, mudou de ideia e falou que tomou de novo logo antes de viajar para Las Vegas para a luta.

– Em duas oportunidades, Anderson simplesmente não conseguia soletrar, em português, o nome do suposto amigos Marcos Fernandes, de quem até então ninguém tinha ouvido falar

– Ele não lembrava quando tinha começado ou quando tinha feito seu camp para sua última luta.

– Em arroubos de arrogância sobre a situação, disse que não revelou o uso do medicamento por ser algo pessoal, não queria que os outros soubessem que ele usava algo para melhorar o desempenho sexual.

– Apresentou um perito para ser sua testemunha, um especialista em exames antidoping, mas ele não tinha as devidas credenciais para explicar a situação sem um questionamento vexatório dos comissários.

– Seu advogado falou que um exame independente tinha encontrado a contaminação por anabolizantes no remédio para desempenho sexual. Quando foram pedidos os resultados, ele simplesmente esqueceu de levá-los.

– Diretor da Comissão Atlética de Nevada, Bob Bennett resumiu, ao SporTV: "O testemunho foi inconsistente, inapropriado e teve diversos nomes e datas dados com incerteza"

Todo esse cenário fez com que a comissão visse uma enorme mentira em tudo que Anderson Silva tinha falado ou passado por meio de sua defesa. Disseram que viram contradições e inconsistências. Algo faltava na história. Sentiram que ele tomou algo após sua grave lesão e não teve coragem de falar. Só faltaram chamá-lo de mentiroso, com todas as letras.

Dessa forma, o maior campeão da história do UFC saiu no lucro, pois foi considerado réu primário e assim pegou a pena máxima dentro dessa situação – se fossem pelas leis novas da comissão, seriam no mínimo dois anos de gancho.

Agora, ele terá tempo o suficiente para repensar sua carreira e, principalmente, as pessoas que o cercam, porque o que vimos nos últimos meses, desde que foi revelado o caso de doping, foi um astro do esporte absurdamente mal assessorado. Foi como se essa audiência fosse o encerramento de um longo e doloroso episódio de Os Trapalhões.

PS: Para completar tudo isso, o post mais recente do Instagram de Anderson Silva mostra que ele parece não ter levado muito a sério sua estada em Las Vegas – ou, pelo menos, não se doeu muito da pena imposta pela Comissão de Nevada. Ele publicou uma foto referente ao grupo de dança Jabbawockeez – que faz apresentações em Vegas – e agradeceu: "Obrigado, mais uma vez, pelo ótimo show".

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