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Ter medo de Ronda não faz de desafiante ‘frouxa’. Na verdade, é um trunfo

Maurício Dehò

01/09/2015 06h02

Holly Holm admite: ela tem medo de Ronda Rousey. Basicamente, a nova desafiante ao cinturão peso galo afirmou que teme TUDO que a campeã pode trazer ao combate. Frouxa? Não. Na verdade, essa honestidade e esse medo tem tudo para ser um trunfo e colocar a ex-campeão mundial de boxe um passo à frente das rivais anteriores de Ronda.

"Eu temo absolutamente tudo sobre ela. Em pé, no chão, na luta agarrada, em todos os momentos. E eu acho que este deve ser o sentimento antes de enfrentar qualquer lutador", declarou Holm, ao MMA Insider.

Antes de falar de Holm, vejamos o caso de Bethe Correia. Todas as provocações e toda a promessa de que Ronda sentiria sua mão, num discurso extraconfiante ruíram em 34 segundos. Bethe aceitou a loucura que são os primeiros segundos de uma luta da ex-judoca, acreditou apenas na sua especialidade e sucumbiu com um nocaute de maneira inédita na carreira da campeã.

Geralmente a postura das rivais de Ronda é achar uma arma em seu jogo em que elas têm certeza de que vão vencer e confiar nisso. Holm foi 18 vezes campeã de boxe, com cinturões em três divisões. "Então, é óbvio que ela vai sentar a mão na cara da Ronda e boxear até o nocaute", pode-se pensar. Não é bem isso que ela planeja.

Holm mostra uma visão bastante honesta de suas próprias qualidades, mas a importância de sua fala está em como ela enxerga essas qualidades em comparação com o que terá pela frente com Ronda. E com a exata noção de que seu boxe, puro, não é exatamente a melhor arma para conquistar o cinturão.

"Ela tem um jogo bem experimentado. Eu não irei entrar lá pensando: 'tenho que me preocupar somente com a luta agarrada'. Eu sei que ela tem poder de nocaute, então eu não acho que vocês vão ver algo parecido com o que já vimos dela antes. Existem coisas que você traz (do boxe para o MMA) e coisas que não. Há coisas que eu fazia durante a minha carreira no boxe que eu tive que deixar de lado porque não funcionariam no MMA, especialmente neste confronto. Quero dizer, você não tem como entrar lá e ficar boxeando com alguém que é muito boa em judô", pontuou Holm.

Um ponto verdadeiro é que Holm, dentro do UFC, não tinha cartel para já ser a desafiante de Ronda. Foram só duas vitórias por pontos, contra rivais sem destaque no ranking.

Por outro lado, Holm é a lutadora mais experiente que Ronda já teve pela frente. A norte-americana somou 38 lutas no boxe – 33 vitórias – e já tem nove no MMA. Além do boxe, ela também já mostrou talento no kickboxing. Cinco de seus seis nocautes no MMA foram com chutes e joelhadas. E soma-se a isso o fato de sua academia – a mesma de Jones – ter o wrestling muito forte, então ela também deve chegar preparada para se virar na luta agarrada, apesar de não ter o nível da campeão.

Como as bolsas de apostas apontam, não tem jeito: Ronda é favoritíssima contra Holm e poucos esperam que ela perca. Mas, ao assumir uma autocrítica honesta, um discurso modesto e mostrar visão tática, Holly Holm já prova que é uma adversária diferenciada no caminho da campeã.

Rousey x Holm, que estava marcado para janeiro, foi antecipado para o UFC 193, no dia 14 de novembro. O card será realizado na Austrália, em um estádio de futebol, e a organização espera bater seu recorde de público, atualmente de 55 mil pessoas em 2011.
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