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'Profeta' McGregor achou que faria fama no futebol e fugiu de ser encanador

Maurício Dehò

14/12/2015 12h01

Análise: Derrota não foi golpe de sorte, mas Aldo merece revanche

UOL Esporte

A Irlanda está longe de ser o país do MMA. Muito como no Brasil, uma das grandes paixões é o futebol. E, se Conor McGregor levantou um país com seu nocaute em 13 segundos sobre José Aldo e está levando nas costas o crescimento da modalidade por lá, é curioso saber que, quando ele era só um garoto, tudo o que ele queria era jogar bola.

Neste fim de semana, McGregor conquistou não só o cinturão dos penas do UFC, como se tornou a maior estrela em atividade da organização – principalmente por conta da queda de Ronda Rousey. Mas ele já foi um jovem cheio de espinhas, com muitos sonhos, alguns obstáculos a saltar e uma profissão que lhe brecava de ir longe: encanador.

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Ganhou fama o talento deste irlandês em ser um tanto profeta. Prever vitórias e até como venceria. E esta versão "adolescente espinhento" dele já tinha essa marca. Um vídeo de 2008, que circula há alguns meses, mostra o rapaz aos 20 anos, com quatro vitórias e uma derrota no MMA, e ele diz: "Com certeza você me verá no UFC no futuro. Sem nenhuma dúvida."

Ele acertou. E tem mais. Conta seu pai, que já na maternidade a parteira olhou para a mãe de Conor e disse: "esse cara vai ser boxeador, ele veio numa posição de clinch". Mas, nem sempre foi assim. Ou hoje ele estaria fazendo sucesso nos gramados.

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O jovem McGregor, ainda com espinhas no rosto, na entrevista em que garantiu que chegaria ao UFC

Torcedor do Manchester United, Conor não dá muita luz para essa parte do seu passado, mas já contou algumas vezes que o que mais queria era poder pisar no gramado do Old Trafford e ser um astro com a bola nos pés.

O sonho nunca foi em diante, o futebol era uma brincadeira de garoto, mas faltava talento ao jovem Conor. Enquanto isso, o garoto de personalidade forte sofria na escola, rivalizava com outros garotos, sofria bullying e, para conseguir sobreviver à adolescência, começou a lutar. Primeiro, fez boxe. Mais tarde, encontrou o MMA.

"Eu era sempre o mais baixinho da turma", diz ele, que tem 1,72 m. "Nunca tive grandes problemas, mas houve alguns incidentes e eu queria me proteger, então comecei a lutar para ninguém falar nada. Lutar me dominou, virou uma obsessão."

Apesar da boa tradição irlandesa nas lutas, viver do esporte não era algo simples. Aos 18 anos, ele passou a trabalhar de encanador. "Fui jogado num trabalho de encanador. Não sabia que p*** era aquela, não fazia ideia do que fazer como encanador. Mas eu fui, porque, culturalmente, é o que eu tinha de fazer. Fiz por um tempo, mas vi que não era o que eu queria. Então, saí fora, acho que um ano e meio depois".

Sem ídolos irlandeses no MMA, ele tinha de convencer até seus pais de que poderia ter sucesso e se sustentar na modalidade.

Nem precisamos falar que ele estava certo…

Longe de ter um cartel perfeito, Conor foi construindo sua carreira na base da porrada. Nocautes, mesmo. Na terceira e na sexta luta da carreira, mostrou a deficiência que tem até hoje – o chão – e foi finalizado. Mas, fora esses tropeços, que parecem ter apenas fortalecido o irlandês, foram 19 vitórias, com 17 nocautes, uma finalização e apenas uma vitória por pontos. 89% de nocautes, porcentagem de fazer Mike Tyson tirar o chapéu.

Dana White conta que McGregor chegou ao UFC de tanto que os irlandeses lhe "buzinaram" na orelha. A todo momento o dirigente ouvia falar do jovem lutador. Quando soube que seus matchmakers estavam de olho, levou o lutador para Las Vegas, jantou com ele e foi fisgado por sua personalidade. "Não sei se esse garoto pode lutar. Mas se ele souber só um pouquinho, vai ser uma estrela", pensou Dana, que o contratou para estrear em abril de 2013

7 vitórias depois, McGregor provou seu ponto. Após conquistar o mundo com a boca, provocando e atiçando o então campeão José Aldo, destronou o brasileiro e se transformou em um astro capaz de encher estádios de… futebol. Não será no gramado que ele completará o sonho de garoto, mas certamente Conor McGregor não tem nada a reclamar.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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