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Na Grade do MMA

José Aldo enfrenta UFC por seu legado e por sua "história de filme"

Jorge Corrêa

28/09/2016 09h42


Não acredito que José Aldo vá realmente deixar o UFC ou se aposentar. Mas se fizer o que anunciou na última terça-feira, não estará errado. Ele está enfrentando Dana White e os caras que comandam o maior evento de MMA do mundo pelo legado que construiu no mundo da luta, pela história da sua vida que já virou até mesmo filme.

Claro que é extremamente drástico ou dramático o que decidiu: como pode o maior campeão da história de uma categoria inteira do UFC resolver abandonar o esporte que lhe deu com apenas 30 anos? Simples: perdendo o amor.

O MMA foi responsável por tudo que o manauara radicado no Rio de Janeiro tem. Ele usou o esporte para sair de uma casa com um pai abusador, o usou para conseguir um emprego em uma cidade nova, o usou para ganhar os primeiros reais, os primeiros dólares, as primeiras lutas, os primeiros cinturões, para se tornar famoso, para virar um ídolo nacional. Para dar uma vida digna para sua família e para as pessoas a sua volta.

O que ele teve de encarar agora é algo novo. Pela primeira vez, o dinheiro está sobrepujando o esporte, que era o que importava até agora. Aldo reagiu à nova realidade do UFC, à nova mentalidade do evento. Anunciar aposentadoria foi a maneira que encontrou de enfrentar esse rival.

E faz sentido Aldo não querer mais lutar, nem mesmo em outro evento. Ele não é qualquer um para, um cara em começo de carreira ou que não tem mais rumo dentro do maior evento de MMA do mundo. Nunca faria, em evento algum, o dinheiro que ele faz no UFC, tanto com bolsa ou com patrocínio. Ele está no patamar de gente como Anderson Silva, Georges St-Pierre ou Jon Jones. Nenhuma outra casa comportaria seu tamanho.

Seu grande problema é ter encontrado um adversário que entrega tudo que promete, que encontrou uma maneira de cativar fãs e chefes, de uma maneira que ele nunca conseguiu. Por mais que Aldo tenha sido um lutador gigantesco dentro do octógono – muito melhor do que Conor McGregor jamais vai pensar ser – o brasileiro sempre deixou uma lacuna nos momentos em que não estava lutando. Lacuna essa ocupada com primazia pelo irlandês.

Aldo até reagiu nos últimos tempos, mas foi engolido por Conor. E o UFC ganhou muito – mas muito – dinheiro com ele. Infelizmente, nos dias atuais, ser um grande lutador não é mais o suficiente.

Espero que José Aldo Junior, maior que o mundo, repense sua decisão de deixar o UFC e, principalmente, de se aposentar. E se parar um tempo, que aproveite para crescer fora da luta. Ele tem idade e espaço para ser ainda mais importante. E que sua atitude também sirva de exemplo para outros lutadores.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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