Bellator aposta em estratégias diferentes e brecha deixada pelo UFC para crescer
Ainda falta muito para o Bellator superar o UFC – e é bem provável que isso nunca aconteça –, mas não tem como fechar o olho para o crescimento da companhia comandada por Scott Coker. No último sábado (24), a organização deu mais um grande passo: fez o maior evento de sua história, o primeiro com venda de pay-per-view e, ainda por cima, realizado no lendário Madison Square Garden, em Nova York, nos Estados Unidos.
Mesmo ainda sem os resultados de venda, a expectativa é a melhor. O card tinha de tudo: grandes nomes para atrair público, veteranos, rivalidades, ex-UFCs e três disputas de cinturão. E entregou o prometido.
Apesar de Bellator e UFC se tratarem de eventos de MMA, algumas diferenças são claras, principalmente nas estratégias utilizadas por Dana White e Scott Coker. Enquanto o Ultimate segue a fórmula que vem dando certo por anos, o maior rival da atualidade aproveita algumas brechas do rival, como forma de pagamento e lutadores "esquecidos", para ir, aos poucos, se destacando no cenário mundial.
ESPAÇO PARA VETERANOS
Cada vez mais sem espaço no UFC, os veteranos possuem um lugar especial no Bellator. Sejam eles dispensados ou que gostariam de retornar de aposentadoria, os lutadores mais velhos estão no mesmo patamar dos campeões da organização – em alguns eventos são até mais importantes, como no último fim de semana.
Apesar de já utilizar atletas mais experientes nos últimos anos, foi em fevereiro do ano passado que a ideia da organização ficou mais clara. No Bellator 149, realizado em Houston, Scott Coker (presidente do evento) apostou na trilogia envolvendo Royce Gracie e Ken Shamrock, ambos na casa dos 50 anos, e Dada 5000 e Kimbo Slice como lutas principais. E deu certo. Para se ter uma ideia, o evento bateu recorde de audiência na Spike TV, nos EUA, alcançando 2,4 milhões de telespectadores.
Ao perceber que a fórmula deu certo, o Bellator, aos poucos, utiliza essa estratégia. Depois de Chael Sonnen e Tito Ortiz em janeiro deste ano, ousaram no último fim de semana, colocando o falastrão norte-americano e Wanderlei Silva como luta principal, e Fedor Emilianenko (contratado em novembro de 2016) para desafiar o ex-UFC Matt Mitrione. Ainda não foram divulgados números oficiais de vendas de pay-per-view, mas já se sabe que o nome do evento foi o termo mais pesquisado no Google na noite de sábado nos Estados Unidos.
"EX-PORTEIROS" DO UFC
Outra estratégia utilizada pelo Bellator é a de contratar os famosos "porteiros" do UFC. O termo é utilizado para lutadores que têm um bom desempenho dentro do octógono, mas, por algum motivo, não conseguem atingir o cinturão da categoria. Ou seja, se um atleta se destaca na divisão, coloque-o para lutar com um "porteiro". Se vencer, estará pronto para ir adiante em uma possível busca pelo título. Os "porteiros" são a "nota de corte" das categorias.
Dois bons exemplos disso são Ryan Bader e Phil Davis, que se enfrentaram no último fim de semana pelo cinturão dos meio-médios do Bellator. Ambos estariam facilmente entre os cinco melhores da mesma categoria do UFC, mas, por mais dinheiro e uma chance de conquistar um título, optaram por deixar Dana White e tentar carreira no evento de Scott Coker. Quem também fez caminho parecido foi Rory MacDonald, canadense com grande potencial.
PATROCÍNIOS E BOLSA FIXA
Diferente do UFC, os patrocínios pessoais ainda estão liberados dentro do Bellator. Ou seja, na semana da luta, e até mesmo dentro do cage, os lutadores estão livres para usarem as roupas que quiserem e, o melhor de tudo, escolherem quais marcar querem estampar em seus uniformes.
O UFC funcionava da mesma maneira até 2014, quando a organização assinou um acordo milionário com a Reebok, para que a marca passasse a vestir oficialmente os lutadores do evento. Assim, os patrocínios pessoais sumiram na semana da luta, e, no lugar disso, começou a ser pago uma quantia a mais para os atletas. A mudança gerou muita revolta entre os contratados de Dana White, que recebiam muito mais com os acordos individuais do que com a fornecedora de material esportivo.
Junto com os patrocínios, outra mudança que agrada os lutadores que migram do UFC para o Bellator são as bolsas fixas. No Ultimate, a maioria dos atletas recebe um valor pela luta, podendo aumentar em caso de vitória. Na organização comandada por Coker é diferente, principalmente para os lutadores que decidiram trocar de evento. A bolsa fixa é algo que os atrai, deixando uma preocupação a menos para trás. Esses foram os casos de Ryan Bader, Benson Henderson, Roy Nelson, Lorenz Larkin, entre outros.
SEPARAÇÃO ENTRE SHOW E ESPORTE
Uma das maiores críticas que o UFC vem sofrendo é de focar apenas no show, no entretenimento, e deixar de lado a parte esportiva da organização. Por exemplo, deixar Conor McGregor escolher suas lutas é bom para o evento, traz dinheiro, mas e para o fã que ainda se importa com a competição? Conor já foi campeão de duas categorias, mas nunca fez uma defesa de cinturão. E agora? Ele vai lutar boxe… Como fica a divisão dos leves?
No Bellator, é inegável que muitas lutas aconteçam apenas pela parte do entretenimento. A grande diferença, no entanto, é a forma como isso é feito. Com Coker no comando, as coisas não se misturam. Sonnen x Ortiz, Royce x Shamrock, Kimbo x Dada, Fedor x Mitrione, Sonnen x Wanderlei são duelos casados somente pela parte do show, mas não interferem em nada na parte esportiva, em disputas de cinturão, por exemplo.
No Bellator 180, realizado no último sábado no Madison Square Garden, em Nova York (EUA), as lutas principais foram puramente entretenimento, mas o card ainda contou com três disputas de cinturão, com Ryan Bader x Phil Davis (meio-pesados), Michael Chandler x Brent Primus (leves) e Douglas Lima x Lorenz Larkin (meio-médios). Ou seja, todo mundo fica feliz.
Sobre o blog
Contato: nagradedomma@gmail.com
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.