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Cinturão é o de menos: Jon Jones luta por legado e para resgatar confiança do UFC

UOL Esporte

29/07/2017 04h00


"Preciso recuperar minha vida". A frase dita por Jon Jones em um dos primeiros vídeos promocionais do UFC 214, que acontece neste sábado (29), em Anaheim (EUA), mostra o real motivo de sua luta contra Daniel Cormier. É claro que reconquistar o cinturão dos meio-pesados (até 93 kg) da organização vale muito, mas de nada adianta se ele não recuperar a confiança do torcedor, do UFC e, principalmente, a sua própria.

"Há muito atletas na história que não atingiram seu potencial. Eles se meteram em confusão e nunca voltaram depois disso. [Sou] um cara que cedeu à essas coisas, à tentação, começou a curtir, começou a usar drogas e subestimar seus dons. Um cara que foi derrotado", se auto-analisou Jon Jones.

Jon Jones é considerado um dos melhores lutadores da história do MMA – dividindo o posto com Anderson Silva. Ganhou 22 de 23 lutas como profissional, sendo que sua única derrota aconteceu por uma desclassificação por ter desferido cotoveladas ilegais, ou seja, na prática, ainda está invicto. Além disso, conquistou o cinturão da categoria com apenas 23 anos e defendeu com sucesso por oito vezes. Tinha tudo para bater todos os recordes do esporte, até que perdeu o rumo, se envolvendo com drogas e sendo flagrado em exames antidoping.

Jon Jones luta para recuperar confiança | Kevork Djansezian/Zuffa LLC

Por isso, a luta contra Cormier é tão importante para Jones. Apesar de já ter lutado – e vencido – uma vez após seus maiores problemas com as drogas, seu desempenho não convenceu e ainda foi flagrado mais uma vez no doping, adiando a revanche contra DC.

Se Dana White sentia orgulho pela postura do ex-campeão de assumir o uso de cocaína e aceitar entrar em um centro de reabilitação em 2015, o teste positivo dias antes do UFC 200, pouco mais de um ano depois, foi a gota d'água para o chefão. Desde então, a relação entre eles nunca mais foi a mesma, como o próprio Jones contou nesta última semana.

Daniel Cormier e Jon Jones fazem encarada tranquila | Diego Ribas/Ag Fight

Jon Jones ainda faz questão de deixar claro que a luta, apesar de acontecer contra um grande rival, é apesar recuperar seu melhor momento. "Honestamente, essa luta não tem nada a ver com Cormier. Poderia ser contra qualquer um… É apenas sobre meu legado e sempre foi apenas sobre isso. Daniel Cormier é só um peão nesse jogo".

"Estou orgulhoso pela maneira como consegui arrumar minha vida. Hoje, sou um cara que fez as coisas certas e mudou, que se recuperou na vida e se tornou ainda mais extraordinário. O motivo pelo qual eu preciso vencer essa luta é que eu preciso recuperar a minha vida. Essa luta dará aos fãs a chance de perdoar e esquecer o acidente de carro e ficarem empolgados com meu futuro. Todos merecem uma segunda chance para consertar as coisas. E eu sou o próprio exemplo disso."

CAMINHO DAS PEDRAS

Dois dias após sua vitória sobre Cormier, em janeiro de 2015, uma bomba estourou no mundo do MMA. Jon Jones, então campeão dos meio-pesados, foi pego em um exame antidoping surpresa realizado no em dezembro pela Comissão Atlética de Nevada (NSAC) – a substância encontrada era o principal metabólito da cocaína. Como a utilização da droga não era proibida fora do período da competição, Bones lutou, ganhou e, dias depois, deu entrada em um centro de reabilitação – o que deixou Dana White "muito orgulhoso" na época.

Três meses depois, a situação que já era ruim, piorou. Em abril, com luta marcada para defender seu cinturão contra Anthony Johnson, Jon Jones se envolveu em um acidente automobilístico, no qual bateu o carro, atropelou uma mulher grávida – que fraturou o braço – e fugiu do local sem prestar socorro à vítima. No veículo, ainda foram encontrados vestígios de maconha e de um purificador usado para o consumo da droga. O caso fez com que o lutador fosse afastado e, consequentemente, tivesse seu cinturão retirado, o que abriu caminho para Daniel Cormier se tornar o campeão.

Carro de Jon Jones após acidente em 2015 | Reprodução

Após exatamente um ano, em abril de 2016, o UFC finalmente conseguiu marcar a revanche entre Cormier e Jones. O problema, desta vez, foi com DC, que lesionou a perna esquerda e foi substituído por Ovince St. Preux. A disputa acabou sendo pelo cinturão interino, terminando com vitória de Jon Jones por decisão unânime – apesar de ter tido uma atuação abaixo da média.

O último ato da rivalidade envolvendo Cormier e Jones aconteceu no UFC 200, em julho, quando os dois fariam a luta principal do que era considerado um dos maiores eventos da história da organização. Faltando apenas três dias para a luta, a USADA revelou que Bones havia testado positivo em um exame antidoping, derrubando o confronto. Mais tarde, ficou provado que o doping foi causado por um remédio para impotência sexual e acabou julgado negligente por não tomar cuidado com o que ingeria, pegando um ano de suspensão.

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