TUF Brasil e seu horário bisonho

Quando foi criado nos Estados Unidos em 2005, o reality show The Ultimate Fighter foi o grande responsável pela explosão do MMA e do UFC no país, principalmente por educar um novo público para a modalidade e por apresentar o lado humano dos lutadores. A chegada do programa no Brasil tem o mesmo intuito, mas um componente joga contra.

O TUF Brasil é ainda mais "mastigado" para os novos fãs do MMA, o esporte é ainda mais detalhado, temos um tom ainda mais enciclopédico. No entanto, mesmo pregando como base essencial do reality show a prospecção de novos torcedores, o horário e o dia que ele é exibido é completamente proibitório para grande parte dos telespectadores.

Para os jovens que tem de ir para escola na segunda-feira de manhã ou para quem trabalha cedo depois do fim de semana, é descabido acompanhar um programa que, em média, começa depois da meia-noite de domingo. Nesta semana, por exemplo, com a estreia de Superstar depois do Fantástico, o quinto episódio do TUF Brasil 3 foi ao ar entre 00h20 e 1h20.

Pensando friamente, apenas os fãs mais fervorosos de MMA e do próprio TUF teriam coragem de acompanhar religiosamente nesse horário. O grande problema é que o formato brasileiro para o bem sucedido programa nos EUA está afastando os já iniciados na modalidade. As adaptações feitas para a TV aberta e para o padrão Globo são o que mais irrita os torcedores hardcore – como as técnicas convidadas Hortência e Isabel, por exemplo.

A Globo nunca quis dar uma explicação para a escolha desse horário para o programa desde sua primeira edição em 2011. Mas nem a nítida melhora técnica dos lutadores e do roteiro em relação à fraquíssima temporada passada está refletindo em audiência, que mantém a mesma média de 8 pontos (cada ponto vale 65 mil domicílios na Grande São Paulo). Nem as brigas de Wanderlei Silva e Chael Sonnen estão salvando.

Nesse caminho, a história do TUF Brasil na TV Globo deve ser curta. Algo precisa ser mudado. Se não o dia e horário, seu formato, se aproximando mais da versão norte-americana. Mas, sinceramente, gostarei de vê-lo na TV fechada, no Sportv ou no Combate, sem as amarras do padrão Globo.