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Na Grade do MMA

UFC enfim leva tapa na cara da livre concorrência. E isso é bom para todos!

Jorge Corrêa

02/02/2016 06h01

Dana White e seus pares podem não ver o Bellator exatamente como um concorrente – as plataformas e a maneira como lidam com o negócio são muito diferentes – mas o UFC teve nesta segunda-feira um ataque raro do rival. O Ultimate perdeu o ex-campeão dos leves Benson Henderson, que, sem contrato, trocou o octógono pelo cage redondo.

Desde os tempos das vacas magras, quando lutadores deixam o UFC como bem queriam rumo ao Pride no Japão, o maior evento de MMA do mundo não deixava de renovar com um de seus astros. É a livre concorrência dando um belo tapa na cara de um evento que sempre apostou no domínio maciço sobre os concorrentes, sendo inclusive acusado de praticar monopólio.

E essa porta escancarada por Benson Henderson – ela já tinha ficado entreaberta no ano passando quando Phil Davis fez a mesma troca – pode ser boa para todos os envolvidos.

A chave desse novo cenário passa diretamente pela política de patrocínio que o UFC implementou no ano passado, obrigando seus atletas a usarem apenas material da Reebok nos eventos, proibindo qualquer outra marca de aparecer na roupa dos lutadores. Apenas a fornecedora repassaria um valor a eles. Muitos reclamaram, falando que perderiam algumas dezenas de milhares de dólares por ano, que vinham de patrocinadores avulsos.

Henderson admitiu que isso foi o que mais pesou em sua decisão de ir para o Bellator, poder buscar seus próprios apoiadores financeiros, além do desafio de tentar brilhar em outra casa depois de tantas conquista no UFC. Ele deixou claro que outros atletas podem se arriscar do outro lado do muro para fazerem mais dinheiro que no "maior de todos".

Esse movimento pode fazer com que o Ultimate abra mais o bolso na hora de tentar manter seus lutadores, que também poderão pressionar mais por melhores pagamentos, principalmente se ele não estiver ligado a Reebok. Alguns já trilharam esse caminho, como Chad Mendes ou até mesmo o campeão Fabrício Werdum.

O Bellator também pode comemorar a chance de prospectar alguns bons valores no principal concorrente e fazer seu show cada vez mais atrativo para sua plataforma, que é atrair anunciantes para um canal aberto e de público predominantemente masculino. O exemplo pode ser seguido por outros eventos de médio porte, como WSOF ou o asiático ONE FC

O UFC continuará com os principais atletas – Ronda Rousey, Jon Jones ou Conor McGregor jamais deixariam o Olimpo do MMA – mas precisará repensar sua relação com grande parte dos atletas. Quem mais vai ganhar é o fã de MMA, que verá eventos de cada vez mais fortes, mostrando todo o poder da livre concorrência.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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