Mais que conflito de interesse: A armadilha russa que Maldonado caiu

Desde que essa luta foi anunciada, ninguém nunca esperou que Fábio Maldonado fosse ter vida fácil. Afinal, ele ia enfrentar ninguém menos que a lenda russa Fedor Emelianenko, ex-campeão do Pride e apontado por muito como o maior nome do MMA de todos os tempos. Mas o brasileiro estava mesmo é indo para uma enorme arapuca russa.

O "Caipira de Aço" já estaria em uma situação completamente adversa. Enfrentaria na Rússia – mais exatamente na cidade de São Petesburgo – um dos maiores ídolos do esporte do país e com uma torcida completamente contrária. O que ele não esperava é o que poderia acontecer ali pertinho do ringue, com os juízes de cadeira.

Em eventos no Brasil ou nos Estados Unidos, existe uma preocupação de que o pessoal das papeletas não tenha qualquer tipo de conflito de interesse. Por exemplo: não podem ter juízes que treinam ou trabalham com os atletas, ou que sejam estrangeiros em lutas envolvendo lutadores de países diferentes, principalmente nos combates de destaque.

Pois vejam vocês que os três juízes de cadeira, aqueles que deram vitória para Fedor depois de o brasileiro ter destruído o atleta da casa no primeiro round, eram todos russos: Evgeny Gribkov, Alexey Gorokhov e Maria Makhmutova. Quem contratou os três? A entidade equivalente à Comissão Atlética de MMA do país. E quem é o presidente? FEDOR EMELIANENKO!

Sabemos que os dois primeiros deram 10-9 para Maldonado no primeiro round e 10-9 para Fedor nos dois seguintes, um acinte pela surra que o brasileiro aplicou nos primeiros cinco minutos, quando ficou muito perto do nocautear. Apenas Makhmutova deu 10-8 para Fabio e empate no resultado final. Ela ainda foi publicamente questionada por ter dado esse resultado. Teve de se explicar em rede nacional em um programa de TV.

A equipe de Maldonado entrou com recurso contra o resultado na comissão atlética russa. Claro que Fedor, como presidente, não vai respondeu sobre isso. Isso ficou a cargo do vice-presidente Radmir Gabdullin, que – vejam só – é amigo de longa data e há muitos anos parceiro de treino de Emelianenko. Claro que o recurso foi negado.

O resumo é: Fábio Maldonado quase conseguiu a única maneira que ele tinha de sair vitorioso desse combate, que era nocauteando ou finalizado Fedor Emelianenko. Por que se fosse depender das outras vias, seria bem complicado. Como acabou sendo.