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O que significa a venda do UFC?

Jorge Corrêa

11/07/2016 11h51

Lorenzo Fertitta, Ronda Rousey e Dana White. Dificilmente veremos esses três juntos novamente (Foto: Getty Images)

Não foi exatamente uma surpresa o anúncio feito no último domingo de que o UFC tinha sido vendido para a gigante mundial de marketing, entretenimento e esporte WME-IMG. Há quase dois meses o negócio vinha sendo noticiado, apesar das negativas dos antigos donos. Mas era muita fumaça para não haver fogo. A fogueira foi acesa de fato nesta segunda-feira.

Linhas gerais da transação: Os irmãos Lorenzo e Frank Fertitta venderam por US$ 4 bilhões quase toda a companhia que compraram por US$ 2 milhões em 2001 e saem de cena. Dana White continua como presidente e sócio minoritário. Agora, quem fica à frente como cabeça da empresa será Ari Emanuel, um dos principais sócios da WME-IMG.

Mas o que vai significar essa venda do Ultimate? Em linhas gerais, mais profissionalismo e um enorme potencial de crescimento mundial, uma chance real de fazer com que o MMA deixe de ser um esporte de nicho para se tornar global.

WME-IMG e seus novos associados neste negócio não pagaram esse valor exorbitante – provavelmente a maior negociação esportiva da história – pelo o que o UFC vale atualmente, mas sim pelo o que pode render no futuro, pelo potencial da marca e do esporte. É até ridículo achar que a franquia vale mais que Real Madrid (avaliado em US$ 3,26 bilhões pela renomada revista Forbes em sua pesquisa mais recente sobre o assunto), Dallas Cowboys, New York Yakees e Barcelona.

Não há dúvidas de que o UFC pode crescer muito. A conta é simples. Futebol está em mais de 200 países com a Fifa e times como Real Madrid e Barcelona tem entrada em praticamente todos. Cristiano Ronaldo e Messi são astros mundiais. Já o UFC é grande mesmo (em potencial de mercado) em apenas três países: EUA, Brasil e Canada, além de outros em nível um pouco menor, como Inglaterra, Austrália ou México. Vejam só: a representação da franquia no monstruoso mercado asiático (principalmente China) é ínfima.

Agora, o Ultimate terá o comando de uma empresa que pensa globalmente, que tem entrada em todos os países e mercados com potencial esportivo, já tem base sólida nesses lugares e, principalmente, tem muito mais dinheiro para investir nesse crescimento. Para se ter uma ideia, eles já são donos da Liga Indiana de futebol, dos torneios europeus de basquete, de importantes torneios de surfe e de tênis, representam atletas como Novak Djokovic, Maria Sharapova, as irmãs Williams, além da própria Ronda Rousey, sem contar os infindáveis negócios no entretenimento.

Vamos tentar ser justos com os antigos donos do UFC. Eles compraram o evento beirando a falência, chegaram a ter um prejuízo de US$ 40 milhões e conseguiram reergue-lo. Os irmãos Fertitta não entendiam muito de esporte, mas muito de entretenimento, são do ramo de cassinos. Foram errando até conseguir acertar. Com a criação do reality show The Ultimate Fighter e com uma política agressiva de aquisição de atletas e eventos rivais, transformaram o Ultimate em um gigante do esporte.

Só que agora o UFC estará nas mãos de gente que vive disso exclusivamente, de fazer dinheiro com esporte, que tem um toque de midas. É como Dana White falou, "é para colocar o UFC e o MMA e outro nível nos próximos três anos". Ponto também para os atletas, que devem ser mais valorizados daqui para frente, ou seja, vão ganhar mais para lutar.

Nessa nova formação, a maior franquia de MMA do mundo terá duas importantes mudanças. A empresa perde o cérebro e fica com o coração. Lorenzo Fertitta sempre foi a cabeça pensante por trás do apaixonado Dana White. O presidente e rosto do UFC agora deve ficar mais com o dia a dia da companhia, como já foi anunciado, exatamente o que Lorenzo fazia até então. Dana White vai trabalhar mais, digamos assim. E o motivo é simples: ele sabe como o negócio funciona.

A prática de como tudo vai ficar saberemos apenas nos próximos meses. Imediatamente pouco deve mudar. Mas o sucesso do UFC 200 no último fim de semana dá pistas de como deve ser esse crescimento daqui para frente. A previsão é animadora.

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