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Bisping x Hendo 2 deveria virar história de cinema. E o inglês venceu, sim

Jorge Corrêa

10/10/2016 06h01

Michael Bisping parece ter levado muito a sério o ditado popular "a vingança é um prato que se come frio". No caso dele, muito frio. Afinal, ele esperou sete anos para ter a revanche de sua derrota mais avassaladora. E o que vimos no último sábado, na luta principal do UFC 204, em Manchester, foi o fim de uma história que seria digna de um filme de Hollywood.

O inglês já havia conquistado neste ano um improvável cinturão dos pesos médios depois de dez anos de UFC, quando ninguém mais imaginava que ele poderia fazê-lo. Com o título na mão, escolheu – sim, escolheu pessoalmente entre tantos outros tops da categoria – um adversário inesperado: o veteraníssimo Dan Henderson, 46 anos e com aposentadoria encaminhada.

O ex-campeão do Pride vinha de vitória, mas tinha apenas três resultados positivos em seus últimos nove combates. Mas por que Bisping escolheria um rival que, na teoria, estava tão abaixo de seu atual nível? Simples: vingança. Em 2009, no histórico UFC 100, Hendo tinha nocauteado o inglês de forma brutal e ainda acertou um golpe com ele já desacordado.

Michael nunca esqueceu aquela derrota que, como o próprio diz, pode lhe dar lesões cerebrais irreversíveis no futuro.

Pois bem. Octógono fechado, os dois estavam frente a frente novamente sete anos depois. Tudo se encaminhava para uma vitória tranquila de Bisping, que dominava a movimentação. Até que veio a "Bomba H", o mesmo cruzadão de direita que derrubou o inglês em 2009. Só que dessa vez, ele mostrou uma resiliência impressionante, por mais machucado que tenha ficado seu rosto.

Poucas pessoas sobreviveriam a esse golpes e menos gente ainda ao ground-and-pound que veio em seguida. Mas Bisping conseguiu. O que era para ser uma luta tranquila, virou um drama.

O inglês voltou bem – apesar do segundo knockdown que sofreu no round seguinte – e controlou novamente a movimentação. O prognóstico para Hendo novamente era negativo. Todos o esperavam ofegante por conta de sua idade com o passar dos rounds. Não foi o que aconteceu.

Michael não teve problemas para vencer o terceiro e o quarto período, mas viu o veterano crescer no quinto, como em um filme do Rocky Balboa. Mesmo assim, empurrado por quase 20 mil torcedores em sua cidade natal, conseguiu segurar o ímpeto do americano, que confirmou a aposentadoria ao final do combate.

Por que Bisping venceu, sim, por pontos

Houve um enorme burburinho nas redes sociais, principalmente vindo de lutadores do UFC, falando que o resultado final, a vitória de Michael Bisping por pontos, em decisão unânime, foi injusto. Muitos apontaram Dan Henderson como vencedor do combate.

Nem mesmo em um primeiro momento, assistindo à luta ao vivo, vi vitória de Hendo. Nas vezes seguintes em que assisti ao combate, tive ainda mais certeza da vitória de Bisping. E explico o porquê:

1) O primeiro round foi equilibrado e, com certeza, Hendo o venceu, mas ele conseguiu o knockdown apenas a 40s para o final. Por mais agressivo que tenha sido o ground and pound, não houve tempo para que fosse 10-8 para o americano.

2) Bisping foi muito superior no segundo round. Foram 25 golpes significativos do inglês contra apenas 9 de Henderson. O knockdown que o veterano conseguiu no final não seria o suficiente para roubar o round.

3) Michael levou o terceiro e o quarto round sem dúvidas.

4) O quinto período foi o mais equilibrado. Hendo levou vantagem no volume de jogo, mas Bisping foi mais efetivo: 22 golpes significativos dados contra 16 que foi atingido.

5) Esse último round poderia ir para qualquer um que, mesmo assim, seria no mínimo 3 a 2 para Michael. O 4 a 1 que os juízes deram para o inglês também não foi nenhum absurdo.

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