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Na Grade do MMA

O xadrez na vitória de Lyoto

Jorge Corrêa

17/02/2014 06h01


Tenho certeza que nem o mais fervoroso fã de Lyoto Machida esperava, no último sábado, em Jaraguá do Sul, uma atuação empolgante, de encher os olhos, algo como ele fez contra Rashad Evans ou Mark Muñoz. O motivo é simples: seu rival, Gegard Mousasi, era muito perigoso para uma atuação muito aberta.

O que tivemos foi o Machida da maior parte de seus combates, muito tático, esperando o momento certo de atacar, entrando e saindo com muita velocidade e apenas com golpes certeiros. O problema é que Mousasi tem um estilo bem parecido, apesar de vindo do kickboxing e não do caratê, como o brasileiro.

O resultado desse encontro foi um verdadeiro xadrez dentro do octógono, em que Lyoto esteve bem mais perto do xeque-mate que Mousasi. Não houve nenhuma grande polêmica em relação à vitória por pontos, em decisão unânime dos juízes. Ninguém reclamou quando foi anunciado que dois árbitros de cadeira deram 5 a 0 para o brasileiro e outro deu 4 a 1.

Só que entra um ponto curioso desse tipo de combate muito estudado: os números não traduzem o resultado. Nas estatísticas oficiais do UFC, Machida dominou em apenas um quesito, controle na luta de solo (2min59 x 1min46). Mousasi ficou à frente em total de golpes acertados (45 a 35) e em golpes significativos (41 a 33). Ambos conseguiram uma queda.

Mas então como que o brasileiro venceu sem discussão? É onde entra a técnica de Lyoto. Seus golpes impressionam mais, atingem seus rivais com mais contundência do que os que ele leva. Por exemplo, atingiu pelo menos três fortes chutes na cabeça do adversário. Suas sequências são mais velozes e mais efetivas. Apesar de atingido mais, o brasileiro balançou uma única vez.

O grande problema é que esse tipo de atuação também já complicou Machida, como contra Rampage ou Phil Davis. Ele depende de os juízes de cadeira terem uma boa percepção de seus movimentos. Não seria uma loucura completa se dois dos três árbitros desses 3 a 2 para Gegard. Seria polêmico, mas não maluco.

Para uma futura disputa de cinturão dos médios, como lhe foi prometido por Dana White, Lyoto Machida precisaria buscar ainda mais o nocaute ou a finalização. Ou, no mínimo, atacar e andar para frente por [muito] mais tempo. Sabemos que em uma disputa de cinturão, a balança sempre pende para o campeão e, sob qualquer dúvida, o título não muda de mãos.

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