UFC tem ano para esquecer, crise institucional e disputa insólita de título
Jorge Corrêa
30/08/2014 06h00
Casos e mais casos de doping, perda de astros, brigas entre atletas e lutas por cinturão sendo canceladas ou adiadas, uma atrás da outra. O corte de Renan Barão há poucas horas da pesagem para disputar o cinturão dos galos no UFC 177 oficializou a situação: 2014 é um ano para o UFC esquecer.
Se por um lado o Ultimate conseguiu consolidar sua expansão mundial, por outro Dana White e seus pares a cada dia equilibram mais pratos para manter e vender seus principais show, aqueles de número, com disputas de cinturão e que rendem muito dinheiro vendendo pacotes de pay-per-view.
Mas além de todo o prejuízo com a possível devolução de ingressos ou de PPV, o acidente com Renan Barão abre uma crise institucional dentro do UFC. Isso porque foi escolhido para ser seu substituto na luta contra o campeão TJ Dillashaw um atleta desconhecido e que fará sua estreia na franquia.
Mas quem é Joe Soto? Ele tem 27 anos e um cartel de 17 lutas e 15 vitórias, com alguns resultados bem interessantes na carreira. Já venceu o GP dos Penas do Bellator, mas perdeu a disputa de cinturão. Depois, se tornou campeão peso galo da pequena franquia Taichi Palace Fights.
Não é exatamente um novato e até tem boas vitórias para contar, mas está longe – MUITO LONGE – de ser um candidato a disputar o cinturão do maior evento de MMA do mundo. Soto foi o melhor paliativo para tapar esse buraco: já estava no card, já estava no peso e é melhor que seu rival original Anthony Birchak.
Nada contra casar assim, em cima da hora, a luta entra Joe Soto e TJ Dillashaw. Muita gente ainda quer ver um bom combate de MMA. Mas é nonsense ela valer o cinturão. Com essa decisão, o UFC diminui os méritos do campeão – seja ele qual for depois deste sábado – e ainda irrita e desmerece o trabalho de muita gente que tanto trabalha para chegar à uma disputa de título.
Foi imediata a reação de uma série de atletas que criticaram ou fizeram galhofa com o Ultimate depois deste anuncio. Ben Askren, ex-campeão dos meio-médios do Bellator, campeão do One FC e esnobado por Dana White puxou o coro. "Bem, se vocês agora estão dando disputas de cinturão para qualquer um, eu aceito uma", debochou o norte-americano.
Mas quem realmente ficou chateado com tudo isso foi o brasileiro Raphael Assunção, que estaria nessa disputa de cinturão se não tivesse sido dada uma revanche imediata para Renan Barão. "Muito respeito e desejo melhoras ao Barão, MAS ESSA DEVERIA SER A MINHA DISPUTA DE CINTURÃO no UFC 177. Eu estava em forma, saudável e com seis vitórias seguidas", disse o lutador.
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