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Na Grade do MMA

Derrota para Werdum mostra que é o momento de Minotauro pensar em aposentadoria

Jorge Corrêa

10/06/2013 06h01


Post com o parceiro Maurício Dehò

Trabalhando com MMA, ainda não presenciei nada mais emocionante, que tenha inflamado tanto uma torcida, que tenha feito tanto barulho e um ginásio vir abaixo como o nocaute de Rodrigo Minotauro sobre Brendan Schaub no UFC Rio 1, em agosto de 2011. O que aconteceu na HSBC Arena mostrou o quão importante o peso pesado é para o esporte. É por isso que, com muito pesar, digo que chegou a hora de ele pensar em se aposentar.

Sua atuação na derrota para Fabrício Werdum no último sábado, na luta final do TUF Brasil 2 Finale, em Fortaleza, deixou claro que ele já não consegue mais responder como antigamente, seu corpo não tem a mesma reação ou a mesma resistência com que ele fez fama no Pride e no UFC. Nogueira ainda é uma lenda, seu boxe afiado ainda está lá, até consegue uma ou outra boa raspagem no chão, mas já não é mais o mesmo Minotauro.

Rodrigo agora enfrenta um drama comum de todo grande esportista, um fenômeno que só agora assombra o MMA, até pela juventude do esporte como conhecemos hoje. Para quem já foi o melhor entre os melhores, nunca é fácil achar a hora certa de parar. Atletas de alto rendimento sempre acreditam que podem continuar em atividade por mais tempo e quase sempre param depois do que realmente deveriam.


A questão física é simples, a idade chega para todo mundo, mas cada um tem sua própria capacidade de se recuperar. Basta ver Anderson Silva, que é dois anos mais velho que Minotauro. Mas Rodrigo ainda tem o agravante de ter sofrido muitas lesões nos últimos anos, incluindo uma complicada infecção em 2009 e uma fratura assustadora no braço no final de 2011. O tempo não deu moleza para ele.

Quando finalizou Dave Herman no UFC Rio 3 no ano passado, era nítido que ele ainda não estava 100%, mas sua finalização sobre o fraco norte-americano foi um sopro de esperança para nós, fãs. Mas mesmo fazendo um camp completo, de quatro meses, para enfrentar Werdum, ele não conseguiu trazer nenhum risco para o gaúcho, que é apenas um ano mais novo.

Está certo, mas e se ele não parar, quem poderia ser um próximo adversário? Seria muito complicado casar uma luta boa para o brasileiro. Os pesos pesados de sua geração estão aposentados ou em situações muito distantes. Terceira luta contra Frank Mir? Difícil. Josh Barnett? Voltou muito em alta ao UFC. Stefan Struve? Talvez um bom rival para o veterano.

Há quem diga que, apesar de Rodrigo realmente estar na reta final de carreira, ele ainda merece uma última luta, uma despedida, uma derradeira apresentação para o público brasileiro que tanto oxigenou esses seus anos finais de carreira. Mas sou cético. Prefiro ver Minotauro parando com uma derrota para um ótimo rival – como Randy Couture contra Lyoto Machida – que com o risco de perder para um rival fraco ou com atuações sofríveis, como Chuck Liddell.

 

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