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Nunca um caso de doping em Vegas foi revertido. Que rumo Spider deve tomar?

Jorge Corrêa

07/02/2015 06h01


Anderson Silva ainda não se pronunciou oficialmente sobre o duplo flagrante positivo em um exame antidoping surpresa antes de sua luta contra Nick Diaz. Para interlocutores, negou com veemência que tenha usado qualquer tipo de substância proibida. Agora, já prepara sua defesa no julgamento na Comissão Atlética de Nevada no dia 17 de fevereiro. Mas o prognóstico para o brasileiro é muito ruim.

Em Las Vegas – onde o Spider venceu no fim de semana passado – nenhum dos 13 casos de flagrante de doping no UFC por uso de anabolizante foi revertido. O mesmo acontece na Califórnia, comissão atlética "irmã" de Nevada, com mais 24 flagrantes. Mesmo quando foi pedida contraprova ou um segundo exame, os resultados, assim como as punições, foram mantidos.

Muitos dos atletas flagrados no UFC assumem que usaram as drogas, pagam a multa estipulada pela comissão e cumprem a suspensão determinada antes de voltar. Mas esse não deve ser o caminho tomado por Anderson. Ele vai fazer uma ampla defesa, com direito a estudos relacionados aos medicamentos que tomou durante o tratamento da fratura de sua perna. Alegar contaminação na coleta também não é um bom rumo.

"Quem segue o protocolo Wada, como Nevada, tem de indicar para a coleta uma pessoa qualificada. Evidentemente, quem fez a coleta era um profissional extremamente qualificado. Nada é 100%, mas quando se segue os padrões, minimiza a chance de contaminação. Sei que não é brincadeira chegar para um atleta profissional e dizer que usou alguma substância. Por isso é muito difícil de que tenha havida alguma contaminação da amostra do Anderson", explicou Rafael Favetti, presidente da Comissão Atlética Brasileira de MMA.

Ainda não está clara qual será sua estratégia de defesa. O caminho mais lógico é o de alegar uso de algum suplemento contaminado com os anabolizantes encontrados em seu sistema – o que fez, por exemplo, o nadador brasileiro Cesar Cielo. No entanto, mesmo usando essa argumentação, ele não deve ser julgado inocente. Isso porque 1) ele teria de achar alguma sobra do suplemento utilizado na época, no começo de janeiro, para uma extensa análise e 2) não tira o fato de, mesmo inconscientemente, ter usado os anabolizantes.

Fazer uma defesa digna neste julgamento prepara o caminho para Anderson Silva tentar limpar sua imagem nos próximos meses. O estrago já está feito, por mais que ele jure de pé junto ou que tenha as melhores provas possíveis de que não usou substâncias proibidas deliberadamente. Se for julgado culpado, pegará uma suspensão que varia de 9 meses a um ano e será multado, além de sua vitória ser transformada em no-contest (sem resultado). Já a perda de sua bolsa de R$ 800 mil será uma decisão do UFC.

Nessa provável conjuntura, é difícil imaginar que Anderson Silva deixe como sua imagem final no Ultimate – onde foi o maior campeão de todos os tempos e detém uma série de recordes – um caso de flagrante de doping. Conhecendo o histórico do lutador, é de se crer que ele fará pelo menos mais uma luta no octógono, depois de cumprir seu gancho.

Seria mais uma história de superação para o lutador brasileiro que enfrentou uma das mais graves lesões da história do UFC. Mas a marca do doping continuará indelével, por mais clara que ela possa ficar com o tempo.

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