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Rafael promete 'partir para cima' por cinturão do UFC e exalta sacrifícios

Jorge Corrêa

10/03/2015 06h01


Aos 30 anos, o niteroiense Rafael dos Anjos tem uma das carreiras mais interessantes do UFC neste momento. Não apenas pelas vitórias, mas por ter sido um lutador que evoluiu a olhos vistos até chegar à disputa do cinturão dos leves, neste sábado, contra o campeão Anthony Pettis.

Ele desembarcou ao Ultimate com apenas 24 anos e era mais um faixa preta de jiu-jitsu a tentar se fazer no maior evento de MMA do mundo. A história de muitos se repetiu com ele: ter o domínio amplo de apenas uma arte marcial lhe rendeu um início de passagem pelo UFC com altos e baixos.

Rafael percebeu que precisaria se sacrificar se quisesse alçar voos mais altos. Fez as malas rumo aos Estados Unidos com sua família, passando por desafios físicos e materiais até chegar aqui. Agora está tendo sua recompensa.

E é sobre esse tortuoso caminho de Rafael até poder ser o primeiro campeão brasileiro da categoria peso leve do UFC que conversei com ele. Dos Anjos ainda revelou quais são seus planos para tomar o cinturão de Pettis.

Com Pettis sendo um trocador nato e você crescendo muito nesta área, apesar de ter origem no jiu-jitsu, qual é seu prognóstico para essa luta? Acho que vai ser uma luta boa para os fãs. Pode anotar: vou surpreender. Estou indo para bater firme, com um jogo muito bem planejado. Não estou indo para grudar no cara. Vou para trocar, derrubar, chutar, socar… Podem se preparar porque vou partir para cima.

Mas como você o avalia como adversário? Ele é o tipo de lutador que corre riscos. Se ele quer dar um chute rodado, ele vai dar. Pettis não pensa muito, ele faz coisas que muitos lutadores não conseguem fazer. Por isso ele é perigoso. Nunca enfrentei alguém que faz as coisas que ele faz. Mas isso não me preocupa muito porque ele não é invencível.

Você é um cara que já está há muito tempo no UFC, mas passou por uma grande evolução nos últimos anos. Qual foi o momento em que você percebeu que poderia ser campeão? O que mudou para que essa chance chegasse? Tudo que sempre fiz na minha vida foi buscando ser o melhor, ser um grande competidor. Quando estava treinando no Brasil, percebi que não estava tão focado. Foi quando decidi ser o melhor do mundo e me mudar para os Estados Unidos [em 2012]. Mesmo com todos os sacrifícios que passei, sabia que tinha de fazer isso.

O quanto desse momento se deve ao seu trabalho com o técnico Rafael Cordeiro em Los Angeles? O Rafael é o cara que me ajudou muito aqui nos EUA. Ele trabalhou muito forte meu muay thai, assim como já tinha feito com caras com Shogun ou Wanderlei Silva e agora com o [campeão interino dos pesados Fabrício] Werdum. Mas também tenho o [Roberto] Gordo, que sempre esteve comigo no jiu-jítsu. Tenho muito a agradecer aos dois por chegar neste momento.

Como é chegar a uma disputa de cinturão depois de quase seis anos anos e 17 lutas no UFC? Estou nessa posição por tudo que trabalhei duro até aqui. Está tudo sendo pago em dobro e os resultados estão aparecendo. Claro que tive de colocar muito dinheiro, mas foi um investimento que está sendo recompensado agora. O reconhecimento veio.

O que aconteceu naquela luta contra o Khabib Nurmagomedov, em que você foi dominado no único tropeço dessa sua nova fase? Acho que não consegui fazer nada tecnicamente. Não foi uma estratégia errada nem nada, mas simplesmente não era meu dia. Aquela derrota nunca mais vai se repetir daquele jeito. Mas às vezes não é seu dia, às vezes o cara comeu algo errado. Vamos fazer essa luta de novo um dia e tenho certeza que aquilo não vai se repetir. Não vou morrer com essa derrota.

Como você está enfrentando esse momento de desafiante pelo cinturão, o tempo que você tem de dar para a imprensa… Já tive momentos de bastante exposição, mas nunca como o que estou passando agora. Claro que estou tendo de atender mais a imprensa, mas faz parte do jogo e estou fazendo com prazer. Sei que tenho de passar por isso para ser campeão e quero que seja ainda maior depois que conquistar o título.

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