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Na Grade do MMA

UFC perde ‘galinha dos ovos de ouro’. Mas deveria comemorar adeus de Brock

Maurício Dehò

25/03/2015 07h25

Dana White e os donos do UFC sustentaram por muito tempo uma ideia fixa, teimosa, que volta e meia aparecia em entrevistas e comentários junto à imprensa: a volta do ex-campeão dos pesados Brock Lesnar, um lutador que era um astro do telequete antes de sua ida ao MMA e que alavancou a audiência do Ultimate. Nesta terça-feira, o norte-americano confirmou que não retornará à organização e assinou um novo contrato com o WWE. E, olhando com atenção, o UFC deveria estar comemorando.

É claro que Brock Lesnar sempre foi uma galinha dos ovos de ouro, desde que chocou por trocar as encenações da luta livre e estreou no UFC com apenas um combate profissional de MMA no cartel, para chegar mais tarde ao título. Mas há alguns fatores que comprovam que o momento estava longe de ser o ideal para um retorno: a fase mais profissional que o evento encaminhou neste ano, o histórico de lesões do lutador e o legado que ele construiu em sua primeira passagem pela franquia.

O gigante ex-campeão ajudou a popularizar o UFC nos Estados Unidos, por sua fama no WWE, e ainda tem os recordes de venda de pay-per-view. Pareceia uma solução fácil para uma organização que perdeu Georges St-Pierre e viu Anderson Silva afundar em tão pouco tempo, e que precisava de nomes fortes para atrair público. Mas seria, também, um movimento desesperado.

O cenário dos pesos pesados é um termômetro bom. Na época de Lesnar, a categoria que mais atrai fãs sofria com a falta de ídolos e com a baixa qualidade técnica. Sem grande talento técnico, o gigante atropelou rivais como uma locomotiva – mas sempre mais pela força. Tanto que suas duas últimas lutas, contra lutadores mais refinados, Alistair Overeem e Cain Velásquez, foi arrasado.

Hoje, com Velásquez campeão, Fabrício Werdum, Júnior Cigano, Stipe Miocic, Travis Browne e outros, o UFC está mais bem servido, e não tem tanta necessidade de uma mãozinha do ídolo.

Vale lembrar também que o UFC já usou sua "cota apelativa", ao anunciar a contratação de CM Punk, um outro astro da luta livre, e que chega com ainda menos experiência que Brock Lesnar. Ele fará sua estreia no MMA junto ao Ultimate, e os pontos de interrogação em torno de seu nome são gigantes.

O UFC também sofreu com alguns problemas de lesão de Lesnar, que ficou bons períodos afastados do octógono, principalmente tratando de diverticulite. Aos 37 anos, problemas físicos são ainda mais comuns, e poderiam frustrar um planejamento mais intenso com o lutador.

E é o próprio Brock Lesnar quem indicou o último ponto desta equação, em que seu nome já indicava que o melhor era manter seu afastamento: o legado.

"Essa foi uma decisão difícil para mim. Nessa fase da minha carreira… Foi difícil para mim e é difícil falar sobre isso. Meu legado no octógono acabou. Estou oficialmente fechando as portas para o MMA. Renovei com a WWE na noite passada (segunda-feira). A oferta era irrecusável", disse ele, à ESPN.

Tudo bem que seu cartel já não era dos melhores, mas com um cinturão do UFC e 5 vitórias e três derrotas, Lesnar ao menos ainda é lembrado como um ídolo do MMA, e, agora em definitivo, não colocará essa posição em risco.

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