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Veterano brasileiro é o grande beneficiado com novo 'salário' da Reebok

Maurício Dehò

22/04/2015 11h47

O UFC confirmou uma mudança importante em relação ao pagamento de um novo "salário" aos lutadores, fruto do acordo da organização com a Reebok – como explicamos aqui. A nova regra indica que não será mais o ranking, mas o número de lutas que dividirá os escalões de valores. Quem está a mais tempo no Ultimate, receberá mais que os novatos. Um brasileiro, em específico, tem muito a comemorar: Gleison Tibau.

É simples: Tibau é o lutador em atividade com mais lutas no UFC. São 25 combates, empatado com o já aposentado Matt Hughes e duas menos que o recordista absoluto, também já fora da organização, Tito Ortiz. Se fosse receber apenas baseado em ranking, Tibau estaria no pior escalão. O potiguar não está na lista dos melhores do peso leve.

O histórico de Tibau e sua parceria de longa data não contariam em nada para que ele ganhasse mais que novatos do UFC. Agora, o quadro virou totalmente a seu favor. O peso leve estreou no Ultimate em novembro de 2006 e soma 16 vitórias e nove derrotas no octógono da organização, com dois bônus de performance. Nas quatro últimas lutas, Tibau venceu três e perdeu a mais recente.

Este salário da Reebok, na verdade, foi anunciado como um valor fixo por luta que será pago aos lutadores – as cifras exatas não foram divulgadas nem aos atletas. Em contrapartida, eles não poderão mostrar mais patrocinadores pessoais nos eventos da semana de lutas e na noitada de combate do UFC, o que vem gerando muitas dúvidas e debates.

Vale lembrar que os lutadores seguirão recebendo suas bolsas, que são negociadas diretamente em cada caso e que aí avaliam número de lutas, performance, carisma… Enfim, são critérios muito mais subjetivos, que já fizeram veteranos ganharem mais que campeões – Renan Barão e José Aldo que o digam.

Tibau acaba sendo o exemplo mais expressivo, por estar fora do ranking após tantos anos na organização, tendo o mesmo número de lutas de um caso idêntico, do norte-americano Josh Koscheck – lutador que pode ser desligado a qualquer momento, por ter cinco derrotas seguidas. Outros exemplos são Diego Sanchez (21 lutas), Yves Edwards (21), Gabriel Napão (20) e outros, que estão há longa data com o UFC, mas são irregulares e não aparecem entre os 15 melhores de suas divisões.

Tibau analisou a mudança para o blog: "Eu acho justo que quem mais lute receba mais pelo patrocínio do UFC. Também acho que o ranking tem que valer como diferencial para pagamentos, pois valoriza os melhores. Só que também não se pode esquecer de quem está sempre apto ao combate, sempre pronto para lutar. Isso não é fácil, é um investimento que o atleta faz em sua carreira em médicos, fisioterapeutas, fisiologistas, boa alimentação, tudo isso. Então o UFC tem que recompensar."

Um outro benefício chegou ao manauara José Aldo. O número de lutas engloba participações em eventos como o WEC e o Strikeforce, comprados pelo Ultimate. Assim, o campeão dos penas pode contar não apenas sete lutas, mas totalizar 15. Outro critério adotado é o de pagar valores maiores nesta parcela vinda da Reebok a lutadores que fazem disputas pelo cinturão, tanto ao campeão quanto ao desafiante.

Os casos em que ocorre o contrário, isto é, o número de lutas é prejuízo em relação ao critério do ranking, estão mais ligados às categorias femininas, que são recentes e em que poucas lutas levam atletas a altos postos. Entre os homens, o terceiro dos meio-pesados, Daniel Cormier, tem apenas seis lutas pelo UFC. Yoel Romero, sexto dos médios, só tem cinco (e mais uma do Strikeforce. Conor McGregor, terceiro dos penas, tem seis combates.

Mas, nestes últimos casos, se o dinheiro da Reebok for mais curto, a fama e a qualidade dos lutadores facilmente os faz receber mais em relação às bolsas. O prejuízo pode ficar com a diminuição do número de patrocinadores pessoais após este veto do UFC, esta sim uma discussão que ainda vai dar muito pano pra manga.

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