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Na Grade do MMA

Ronda se diz nerd, mas passa longe de lutadora que se fantasia em pesagens

Maurício Dehò

24/04/2015 06h00


Ronda Rousey gosta de dizer que por trás de suas chaves de braço e ensaios sensuais, vive uma garota nerd apaixonada por videogames e Pokemon. Mas, se for competir neste quesito, a campeã perde de goleada para Roxanne Modafferi, uma veterana que se destaca pelo jeitão diferente em relação às outras lutadoras, um sorriso constante e o gosto pela cultura nerd que transborda, a ponto de já ter ido à pesagem de um evento com fantasias de Guerra nas Estrelas, duas vezes, e de Naruto.

Roxanne tem 32 anos, mas ainda tem um jeito de menina, apesar de suas 28 lutas de MMA, com 17 vitórias e 11 derrotas. Nesta sexta-feira, ela disputa o Invicta FC 12, e enfrenta a brasileira Vanessa Porto (17v-6d), tentando sua terceira vitória seguida e para deixar de vez para trás seu pior momento na carreira, quando perdeu seis embates consecutivos.

Hoje veterana, Roxanne é uma lutadora rodada, com passagem por Strikeforce, pelo UFC – por meio do TUF – e está em sua segunda oportunidade junto ao Invicta. Foi na primeira que ela surpreendeu a todos em duas pesagens, quando apareceu com looks totalmente inusitado: no Invicta FC 8, apareceu de Jedi, com direito a sabre de luz, e na edição número 10 foi com uma fantasia exótica de princesa Leia, ambas menções à série de filmes Guerra nas Estrelas.

"O meu técnico é um enorme fã de Guerra nas Estrelas, então tivemos a ideia de ir assim. Eu já queria fazer algo relacionado a animes, mas ir de 'Star Wars' foi uma decisão fácil, até porque a filha de George Lucas (a lutadora Amanda Lucas) é uma das donas da academia em que treino. Então, eu comprei uma fantasia de Jedi e um sabre por 70 dólares", conta ela. Nesta quinta-feira, na pesagem do Invicta 12, ela se inspirou em Naruto.

Curiosamente, as duas lutas em que ela apareceu fantasiada de Guerra nas Estrelas marcaram sua volta por cima no MMA, recuperando-se das seis derrotas que teve entre 2010 e 2013, que a abalaram. "Eu perdia, e mudava alguma coisa no treino. Achava que mudando um detalhe poderia melhorar e dar a volta por cima, mas continuava perdendo. Depois veio o TUF, e até venci uma luta lá", relembrou ela, apesar de lutas no reality não contarem no cartel. "Depois que lutei no TUF 18 Finale, pensei em parar. Mas ter deixado o Japão e voltado a morar nos EUA foi um divisor de águas. Vi como deveria estar treinando quando entrei no reality show, e melhorei muito."

A norte-americana iniciou sua jornada como lutadora influenciada pelos seriados e desenhos que via na TV e por quadrinhos. Animes, os desenhos japoneses, são sua paixão. Primeiro a fã de Dragon Ball e Naruto passou a se dedicar ao taekwondo. Depois, começou a treinar caratê e em seguida judô. Para fechar a quadra que a levaria ao MMA, entrou no jiu-jítsu.

O lado nerd não parou na inspiração para virar lutadora. Sempre ligada à cultura dos animes, ela se empolgou em estudar a cultura japonesa, a ponto de ir para a faculdade de linguística se aprofundar na língua e depois se mudar para o Japão.

"Eu passei oito anos no Japão, aprendendo mais sobre a língua, dando aulas de inglês de dia e treinando à noite", conta ela, que se profissionalizou em 2003 e fez lutas nos EUA e no Japão neste início. Apesar de ter uma carreira respeitada, com bons resultados, a entrada no TUF deixou claro para ela que os treinos no Japão eram insuficientes para que ela se mantivesse evoluindo.

No reality show, ela destoou. Apelidada de "Guerreira Sorridente", pela alegria constante, pouco tinha em comum com outras atletas, mais duronas, encrenqueiras e sisudas, apesar de dizer que não sofreu "bullying" das companheiras de programa.

Hoje, ela ainda tem dificuldades para viver apenas do MMA, mesmo tendo se surpreendido com o boom das mulheres, fruto do investimento do UFC. Ela ainda tem reservas financeiras dos tempos de Japão, e alguma ajuda da mãe, com quem mora, para se manter.

Para completar o lado diferenciado de Roxanne, ela também é uma autora. Ela publicou o livro "Memoirs of a Happy Warrior" (Memórias de uma Guerreira Feliz), contando sua vida no Japão.

Contra Vanessa Porto, Modafferi faz uma revanche. Elas se enfrentaram em 2008, nos EUA, e a norte-americana venceu por nocaute, com joelhadas. "Eu já estava querendo uma nova luta, estou preparada desde o ano passado. Estou confiante que sei o que ela trará e que vou vencer", afirmou ela, que já mira o cinturão peso mosca do evento, com muita paciência.

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