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Na Grade do MMA

Bellator flerta com a tragédia ao promover freak show desnecessário

Jorge Corrêa

22/02/2016 08h47

É muito difícil bater de frente com um rival que beira ao monopólio. Sob o comando de Scott Coker, o Bellator encontrou uma maneira de dividir espaço no noticiário e na mídia com o UFC. Mas, na última semana, o evento ficou muito perto de ser palco de uma tragédia sem precedentes no MMA por conta deste arriscado modus operandi.

Tivemos na penúltima luta do card da sexta-feira passada um combate entre dois famosos "street fighters". Famosos por combates em quintais e fundos de residências norte-americanas, Kimbo Slice e Dada 5000 passam longe do que podemos chamar de atletas de alto nível – o primeiro ainda chegou perto disso em algum momento, quando esteve no UFC. Mas logo vimos que essa luta não passaria de um freak show.

dadaNão vou me ater muito ao show de horrores que foi o combate em si, mas o que se sucedeu deixou claro porque o MMA é um esporte de grandes riscos inerentes e a falta de uma devida preparação pode levar a uma tragédia.

Dada 5000 caiu desmaiado no terceiro round, saiu de maca do ringue e teve uma parada cardíaca na ambulância indo para o hospital, em consequência de uma insuficiência renal ligada a um drástico corte de peso – ele revelou que precisou tirar cerca de 20 quilos para chegar ao limite de 120 kg da categoria dos pesados.

Os fãs e jornalistas de MMA não podem mais ser coniventes a esse tipo de situação. O evento precisa ser cobrado por promover um circo de horrores deste tamanho. Aparentemente não houve preocupação com a saúde do atleta e ficamos perto de ver a primeira morte na modalidade dentro do cage ou em subsequência de um combate – as mortes de atleta profissionais registradas até hoje foram ligadas ao corte de peso.

Depois de tantos anos em que o MMA lutou para se livrar dos estigmas da época do vale tudo, uma morte em uma situação como essa cobraria um preço muito alto. Proibições e sanções por todo mundo seriam apenas o começo de um efeito cascata que poderia levar a modalidade à clandestinidade.

Ah, a bronca também vale para a luta principal deste evento, que colocou atletas que somando suas idades, dava 101 anos. Royce Gracie (de bermuda branca no vídeo abaixo) e Ken Shamrock lutaram pouco mais de um minuto, mas foi tempo o suficiente para mostrarem que não deveriam estar ali, mas sim ensinando e passando os conhecimentos que adquiriram em mais de 3 décadas de tatames e octógonos.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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