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Como a escolha de Eddie Alvarez pode ser um tiro no pé de McGregor e UFC

UOL Esporte

29/09/2016 06h00

Por Rodrigo Garcia

O irlandês Conor McGregor mostrou que está no comando das ações ao decidir não defender seu cinturão do peso pena contra José Aldo, preferindo duelar contra Eddie Alvarez no UFC 205, em Nova York, pelo título dos leves. No entanto, teria sido uma decisão acertada a do falastrão? Contra Eddie Alvarez, Conor McGregor encontrará um adversário com um estilo completamente diferente do que havia enfrentado até aqui.

Desde que entrou no UFC, em abril de 2013, McGregor derrotou oito rivais. Dentre estes atletas, a maioria se destacava pelo poder de trocação, como José Aldo, Max Holloway e Diego Brandão. Com isso, o duelo ficava mais favorável ao irlandês, que também tem na luta em pé o seu forte.

Destes atletas, apenas dois se destacavam em quesitos que não são favoráveis ao campeão peso pena: Chad Mendes, que aposta em seu wrestling, e Nate Diaz, conhecido por seu excelente jogo de chão, afiado por um dos descendentes do clã Gracie.

Contra Mendes, Conor viveu momentos difíceis e foi colocado no chão em algumas oportunidades. Entretanto, o pouco tempo de preparação para a luta pesou contra o norte-americano, que acabou nocauteado quando já estava exausto.

Já contra Diaz, McGregor conheceu sua primeira derrota no UFC, sendo finalizado com um mata-leão. Coincidentemente, as outras duas derrotas no cartel do irlandês também foram por finalizações.

Explicados os pontos acima, vamos ao que interessa. Como Eddie Alvarez pode interromper a ascensão meteórica de Conor McGregor? Simples, apenas repetindo o que tem feito durante toda a carreira.

EDDIECONOR

Eddie Alvarez, de 32 anos, chegou ao topo do UFC apenas neste ano, quando nocauteou Rafael dos Anjos e conquistou o cinturão dos leves. Contudo, o atleta já traçava uma carreira de destaque no Bellator, onde também foi detentor do título da divisão.

Em 32 lutas como profissional de MMA, Alvarez nocauteou 15 rivais, finalizou outros sete e teve apenas seis vitórias decididas pelos árbitros laterais. Já em suas quatro derrotas, foi finalizado em duas oportunidades, nocauteado em uma e em apenas uma ocasião viu os árbitros darem o triunfo para seu rival. Vale ressaltar que, na única vez em que foi nocauteado, o norte-americano competia como meio-médio, divisão acima da que é campeão atualmente.

Com isso, McGregor terá pela frente um adversário que não se intimidará com seu poder de nocaute, que já causou 17 vítimas. Caso McGregor resolva apostar na trocação, que é o que deverá acontecer, encontrará um rival mais forte e com bom nível técnico. Além disso, Alvarez está acostumado a derrotar strikers, como foi ao bater Anthony Pettis, Dos Anjos e Gilbert Melendez.

Caso o irlandês recorra à luta de solo, novamente terá dificuldades contra o norte-americano. Apenas dois atletas conseguiram finalizar Alvarez, sendo a última vez ainda em 2011. Em contrapartida, Alvarez sente-se confortável no chão e pode aplicar finalizações jogando por cima ou por baixo.

Por fim, se decidir apostar em uma postura mais cautelosa, McGregor precisará superar seu próprio defeito apresentado em outras lutas: a falta de condicionamento. Em suas últimas apresentações contra Nate Diaz, nitidamente o lutador irlandês sentiu o ritmo e caiu de rendimento conforme as lutas avançam. Já Alvarez esbanja condicionamento atlético e está mais acostumado a lutas com uma duração maior.

Após ter em José Aldo seu maior desafio na organização, mas supera-lo com certa facilidade ao conectar um golpe preciso, McGregor precisará estudar seu adversário para encontrar uma forma de sair do octógono com mais um título, já que estará diante de um rival que não se sentirá abalado pelos jogos psicológicos, acostumado com o peso e com fome para conquistar seu maior pagamento da organização. Resta saber se Alvarez conseguirá provar o que disse na coletiva, quando afirmou que McGregor seria "dinheiro fácil", e mostrar que o irlandês e a organização deram um tiro nos próprios pés ao escolhê-lo como adversário.

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