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Anderson x Sonnen vira continuação de final da Libertadores e para pub em São Paulo

Jorge Corrêa

08/07/2012 10h01


Por Demétrio Vecchioli

Fala muito! Com duas palavras, era possível expressar muita coisa. A identificação de Anderson Silva com o Corinthians, a paixão por um – e consequentemente pelo outro – e a rivalidade com o Palmeiras. Naquele momento, Chael Sonnen era Luiz Felipe Scolari.

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Enquanto não começava a luta principal do UFC 148, o Republic Puc, na Vila Madalena estava dividido. A mesa embaixo da única televisão que passava a luta tinha uma aniversariante visivelmente insatisfeita pelo fato de os amigos estarem mais atentos ao UFC do que no seu aniversário.

Mas a banda ainda tocava. E alguns curtiam as músicas pop da moda.

Enquanto Tito Ortiz via Griffin ter seu braço (injustamente) levantado, a banda parava. As bandeiras de Grã-Bretanha, Brasil e Inglaterra eram retiradas e a parede, finalmente, era do telão que passaria o UFC. Aí o pub não era mais pub. Era uma torcida.

"Aqui tem um bando de loucos, louco por ti Corinthians". Era Anderson Silva, aparecendo pela primeira vez com a camisa alvinegra. "Fala muito". "Fala muito". "Fala muito". Era Chael Sonnen na televisão. Dedos do meio eram levantados à exaustão.

Para os corintianos, era uma continuação da final da Libertadores. Cânticos novos, antigos, incentivando o time, ou chamando os rivais para o "pau". Tinha até "o Timão vai golear". Boa parte do pub se animava. Muitos se incomodavam com a ligação direta Anderson-Corinthians.

A luta começou. Não havia mais quem não prestasse atenção na TV ou no telão. Mesmo quem só foi para o pub para prestigiar o aniversário da amiga estava de olho grudado na televisão. Os garçons não circulavam mais.

Em dez segundos (foi a impressão que tive), Anderson já estava no chão. E aí era mais uma vez final de Libertadores. Mas com o Boca ganhando de dois a zero. Um ou outro até incentivava, mas o sentimento era de que não adiantava nada. Aquele round, pelo menos, estava perdido. Quando o cronômetro saiu da tela, indicando oito segundos, a contagem regressiva começou. O soar do gongo era uma vitória.

Ali os corintianos já percebiam que era muito mais que estava em jogo. Eles precisavam de mais do que 20 ou 30 milhões de torcedores alvinegros. Precisavam de todos. Os cantos já haviam parado, mas começaram a surgir um ou outro comentário de "vai Brasil".

O segundo round mal começou e Sonnen deu o seu futuramente famoso soco giratório na grade. Será que ele esqueceu que Anderson Silva é um gênio da esquiva? O soco na grade doeu no pessoal do pub. Um "ai" foi ouvido de várias partes.

A partir daí, quem estava sentado levantou. Era Anderson Silva, cheio de moral, contra um adversário jogado no chão, indefeso. Era uma final de Libertadores, 2 a 0, aos 44 do segundo tempo. Já podia gritar que é campeão.

A luta tinha acabado e a festa de cada um era a festa de cada um. Abraços, gritos, sentimento de "já sabia", explicações, para a namorada, de por que o árbitro se jogou no meio dos dois. Mas não tinha acabado. Restava saber o que Anderson Silva falaria.

O som estava baixo, mas todos se esforçaram para fazer silêncio. Mesmo assim, ninguém ouviu o começo da entrevista. Quando Anderson chamou Sonnen, a dúvida: é pra xingar ou pra elogiar? No pub, a primeira opção ganhou.

Mas a curiosidade era maior. Tal qual no Chaves, todos se calaram no mesmo momento. "Queria chamar para um churrasco lá em casa" (ou algo assim). Era tudo que todos precisavam ouvir. Era um reconhecimento ao rival fanfarrão. Mas não era sério.

A cara de bunda de Sonnen fechava a noite. Todos já podiam se amontoar no balcão, para pagar a conta. A noite tinha acabado.

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