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GSP, Cigano e Minotauro: as lições para revanche de Anderson

UOL Esporte

17/07/2013 06h00

Por Maurício Dehò

Revanches são um clássico do mundo das lutas, seja nas antigas rivalidades do boxe, seja no atual MMA. Nada como um reencontro para aquecer expectativas, e não será diferente em Anderson Silva x Chris Weidman 2, em 28 de dezembro, quando o brasileiro poderá reverter sua primeira derrota no UFC. A história da organização é repleta de revanches memoráveis e algumas ensinam boas lições para o Spider tentar recuperar o cinturão.

Não que o próprio Anderson não saiba bem o que é uma revanche. Dois de seus combates no UFC foram carregados de expectativa: ao rever Rich Franklin no UFC 77 e repetir a humilhação que o fizera tomar o cinturão dos médios do norte-americano, um ano antes; e ao deixar para trás o sofrimento do primeiro combate com Chael Sonnen e aplicar um nocaute arrasador em 2012.

Mas o revés contra Weidman mudou muito o cenário à frente do campeão. Se a pressão de ser campeão e invicto por tanto tempo caiu, surgiu a necessidade de provar que é o maior lutador da história do MMA.

Outro dos melhores peso por peso da atualidade, Georges St-Pierre viveu situação parecida com a de Anderson hoje, quando perdeu para o azarão Matt Serra. Vale lembrar que, antes disso, GSP conquistou o cinturão pela primeira vez justamente em uma revanche: primeiro ele perdeu para Matt Hughes em disputa do título no UFC 50, em 2004, quando foi dominado e finalizado pelo campeão, mas voltou totalmente mudado para ganhar a cinta quase três anos depois, por nocaute.

Voltando a falar de Serra, St-Pierre faria sua primeira defesa de cinturão e era completamente favorito contra o "mero" campeão do TUF 4. Ele preferiu lutar em pé, e um golpe de direita na cabeça do então campeão o balançou e deixou caminho aberto para Serra conseguir um nocaute espantoso, numa das grandes zebras da história do Ultimate.

GSP teve de caminhar mais que Anderson. Mas o tempo o amadureceu. Ele venceu Josh Koscheck, finalizou Matt Hughes para encerrar a trilogia entre eles e reencontrou Serra. O canadense cumpriu sua lição: nem pensou em lutar em pé, quedou e castigou no ground and pound, fechando o nocaute técnico com joelhadas no corpo do rival. Depois daquele tropeço, GSP foi um lutador dominante, um campeão implacável que, mesmo que tenha deixado de dar show, aprendeu a não dar brechas para novas zebras. Agora soma oito triunfos consecutivos, maior série do Ultimate, com um legado sólido, ainda que menos impactante pela falta do show que Anderson e Jones promovem.


Este é um exemplo do que fazer: evoluir com a derrota, aprender a dominar seu adversário e impor seu favoritismo.

O segundo combate entre Júnior Cigano e Cain Velásquez, por outro lado, mostra um ponto de atenção para um potencial favorito. Velásquez, dono do cinturão e um dos pesos pesados mais versáteis do UFC perdeu seu cinturão em apenas 64 segundos para o brasileiro. Assim, o catarinense chegou como favorito para a revanche: bastava achar um golpe potente, teoricamente, para repetir o feito.

Mas Cigano pecou na postura e pecou na estratégia. Ou melhor, na falta de estratégia. Ele próprio admitiu que apostou apenas no próprio jogo e não estudou de fato os riscos do rival. O resultado é que foi dominado e perdeu por pontos em uma performance perfeita do norte-americano.

Assim como Cigano, Anderson foi apenas Anderson na primeira luta contra Weidman e acabou sendo derrotado pelo próprio erro numa esquiva e pela insistência do novo campeão, que acreditou que poderia vencer o maior de todos os tempos. Não basta. Com ou sem provocações, Anderson não poderá deixar que Weidman quase o finalize – como aconteceu no primeiro round – e muito menos ficar aberto a ataques das mãos pesadas do oponente. Terá de montar uma estratégia, e não contar com o fato de que "sempre" consegue tirar um coelho de sua cartola de talentos que lhe rendeu tantos triunfos.

E também vale lembrar que nem sempre o status de lenda acaba falando mais alto. Minotauro enfrentou Frank Mir duas vezes. Muito superior ao rival na parte em pé, o brasileiro foi nocauteado no primeiro encontro. Foi a primeira vez que ele perdeu por nocaute na carreira. No reencontro, conseguiu balançar Mir na trocação, mas pecou no chão, bobeou e foi finalizado pela primeira vez lutando MMA, apesar de ser um faixa-preta e ter como uma das especialidades o jiu-jítsu (assim como Mir).

Não faltam revanches históricas – e até trilogias icônicas – no UFC: Chuck Liddell x Tito Ortiz, Rampage x Liddell, Brock Lesnar x Mir, GSP x BJ Penn, Randy Couture x Liddell, Maurício Shogun x Lyoto Machida… E Anderson x Weidman 2 tem tudo para entrar neste Hall. A expectativa é o que cada um trará de novo ao jogo, depois de já poderem se experimentar uma primeira vez.

Sobre o blog

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