Topo

Na Grade do MMA

Fotógrafo do UFC elege seu melhor clique e revela "pé atrás" com Spider

UOL Esporte

21/07/2013 06h00

Por Maurício Dehò

Melhor visão que a de Dana White, um ângulo mais favorável que o do árbitro e sem a jaula na frente, como no caso dos juizes laterais. Josh Hedges tem uma posição privilegiada no octógono do UFC. Sobre um banquinho, com a cabeça por cima da grade, lentes penduradas pelo corpo e uma câmera atenta a cada movimento dos lutadores, o corpulento norte-americano de 35 anos clica por seis horas, com os dedos apertando o botão 3 mil vezes. Transformar o movimento rápido de um nocaute em um retrato congelado, ou eternizar a expressão de desespero numa finalização: são esses os ojetivos de Josh, fotógrafo oficial do Ultimate.

Josh Hedges com um presente quem ganhou durante uma das visitas ao Brasil com o UFC

Na última década, poucas pessoas acompanharam o UFC tão de perto como Josh. Depois de começar no setor de mídia da organização, fazendo de tudo um pouco, ele descobriu um nicho ainda não explorado e aceitou o desafio de moldar o talento que já mostrava para fotografar paisagens em algo novo e muito mais dinâmico e desafiador.

Hoje pode parecer fácil, mas Hedges sabe que não pode piscar caso não queira perder uma histórica esquerda de Chris Weidman derrubando o mito Anderson Silva. Ou que precisa da sorte de estar no canto certo do octógono para que um violento soco como o de Mark Hunt sobre Stefan Struve seja registrado não só no momento certo, mas num ângulo em que o rosto deformado e o sangue do holandês virem arte para sua câmera.

Esta foto, que está no topo da matéria, é a que ele coloca no topo entre as suas preferidas, conforme contou ao blog: "Eu tenho uma ótima foto de quando Wanderlei Silva enfrentou Chuck Liddell. Mais recentemente, teve a de Mark Hunt nocauteando Stefan Struve. E a de Vitor Belfort nocauteando Luke Rockhold. Provavelmente essas três são as minhas preferidas de toda a carreira, especialmente a do Mark Hunt, que até hoje é muito comentada pelas pessoas."

Confira abaixo o restante da entrevista, em que Josh Hedges contou os detalhes de seu invejado trabalho e explicou por que não vemos o lendário Anderson Silva na sua lista de melhores imagens.

Há quanto tempo você fotografa MMA?
São cerca de 13 anos com o UFC. Eu comecei como um cara de mídia, fui conhecendo as pessoas e ajudava no que eu podia. E tudo foi progredindo até virar um trabalho de fato. Fotografar sempre foi um interesse para mim, mas eu só fazia coisas como amador, não profissionalmente, como agora. Quando o MMA começou a emergir, eu passei a usar minhas habilidades; vi que tinha muito pouca gente fazendo isso e que podia me sair bem. O que eu fazia antes do UFC era mais com paisagens, nada relacionado a esportes, era algo mais pessoal.

Imagino que a dificuldade de se fotografar MMA seja enorma. Uma pequena distração pode custar um nocaute…
Com certeza é muito desafiador fotografar MMA, você precisa estar focado, tentar não ficar relaxado demais e não querer antecipar o que vai acontecer. Treinar e conhecer bem o esporte é muito bom. Não posso dizer que ficou fácil, mas quanto mais você trabalha, melhor fica, como em qualquer área.

Você já se aventurou como lutador?
Eu não pratico artes marciais há muito tempo, o trabalho não permite. Mas fiz jiu-jítsu por um tempo, até ajudei alguns amigos próximos a se prepararem para lutas. Mas eu não faço nada há muito tempo.

Chuck Liddell x Wanderlei Silva: luta rendeu algumas das fotos preferidas de Hedges

Quantas fotos você tira em uma noite do UFC?
Em uma boa noite, eu devo clicar cerca de 3 mil fotos, mas depende da duração das lutas e da dinâmica. Às vezes são mais. Em uma luta longa, pensando num evento principal de cinco rounds, decidido por pontos, podem ser até 900 fotos só para aquela luta e eu uso cerca de 50.

Nocautes ou finalizações?
Para um fotógrafo, com certeza os nocautes são melhores, eles atraem mais e fazem melhores imagens. Mas finalizações também são legais, elas rendem muitas expressões faciais legais. De ground and pound não gosto muito, geralmente não são tão boas.

Quais são seus lutadores preferidos?
Um dos caras que eu sempre gostei é Evan Tanner (ex-campeão peso médio do UFC), fomos amigos muito próximos antes dele morrer. É claro que Royce Gracie também, já que é o cara que me introduziu ao vale-tudo, e caras como Tank Abbott. Mas Tanner foi o cara que me impressionou. Ele foi do seu sofá a um campeão de vale-tudo e sempre me impressionou, por ser um cara diferente fora do octógono.

Mas e atualmente, quem você gosta de ver lutar e quem é legal de fotografar?
Hoje em dia são muitos caras que gosto, mas o que mais gosto de ver é Wanderlei Silva. Somos bons amigos e ele sempre faz bons combates. Se ele está no octógono, você sabe que terá um show. Outros caras assim que sempre sei que renderão boas fotos são Rony Jason, Demian Maia – sempre tem lutas com muita ação -, Clay Guida, Zumbi Coreano…

… e Anderson Silva?
[faz uma pausa e uma expressão de certo desânimo] Anderson Silva algumas vezes sim. Eu o fotografei em Abu Dhabi [contra Demian Maia, em luta famosa pela postura muito criticada por parte de Anderson] e não fiquei com impressões muito boas. Então, isso acaba sempre vindo de volta à minha mente e me deixa com um pé atrás.

(Fotos: Josh Hedges/UFC/Divulgação e Arquivo Pessoal)

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
Contato: nagradedomma@gmail.com

Blog Na Grade do MMA