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Na Grade do MMA

Ingresso de Anderson é mais caro, mas GSP 'goleia' em arrecadação e público

UOL Esporte

24/07/2013 06h00

Por Maurício Dehò

Maior lutador de MMA da história, segundo boa parte da crítica e dos fãs da modalidade, Anderson Silva tem importância fundamental na atual fase do UFC, seja em atrair público ou em vender ingressos e pay-per-views. Mas, se você imaginar que ele lidera o ranking de total de público ou de arrecadação em suas lutas, está enganado. Numa comparação com outro grande campeão da atualidade que é seu contemporâneo, o canadense Georges St-Pierre, a derrota é de "lavada" nos números absolutos, apesar do valor de ingresso para ver o Spider, na média, seja mais caro.

Em um estudo feito pela empresa brasileira de auditoria BDO Brazil e aprofundado em conjunto com o blog, os números de Georges St-Pierre em público e arrecadação são significativamente maiores que os do ex-campeão dos médios, tanto nos números absolutos quanto nas médias. Um reflexo claro das escolhas do UFC em relação aos locais dos combates: GSP esteve nas duas maiores audiências do evento, enquanto Anderson tem lutado em ginásios de médio porte, principalmente no Rio de Janeiro e Las Vegas.

O primeiro levantamento feito pela BDO foi com a relação entre público e arrecadação de Anderson Silva. Nele, os destaques vão para o duelo com Chael Sonnen, com a maior arrecadação da venda de ingressos da carreira do Spider no UFC, com cerca de US$ 7 milhões, e o maior público, no UFC 97, contra Thales Leites, com mais de 22 mil pessoas.

Em comparação com a média do UFC, eventos com Anderson Silva tem público 18% acima da média da organização, além de arrecadação 47% superior e o valor médio de ingressos sendo 38% mais caros.

A pedido do blog, a empresa de auditoria realizou o mesmo levantamento com Georges St-Pierre e comparou os números. O canadense tem um total de 20 lutas pelo UFC, e Anderson, 17. O que se vê é reflexo de um fator simples: enquanto Anderson Silva teve público médio de 12.737 por luta, o campeão dos meio-médios teve a chance de lutar em locais com maior capacidade, com média de 16.349 espectadores por luta.

GSP liderou o card do UFC 129, lutando em casa, no Canadá, com recorde de público – 55 mil pessoas. Também esteve no UFC 124, segundo maior evento em público na história do UFC, com mais de 23 mil pessoas. Mesmo em duelos como contra Vitor Belfort ou a aclamada revanche contra Chael Sonnen, o UFC não apostou em grandes arenas, mantendo o Spider lutando quase sempre para um público de entre 10 e 15 mil pessoas. O Brasil chegou a ser sondado para sediar um combate com Sonnen em estádio de futebol, mas o projeto naufragou.

No resumo destas estatísticas, o que se constata é a média de público GSP tem número 28% superior ao de Anderson Silva. Na bilheteria média, o canadense supera o brasileiro em 19%. Em números absolutos, a diferença também é grande, como se vê abaixo – vale lembrar que GSP tem mais lutas, mas menos combates em que fez a luta principal em relação a Anderson, que logo em seu segundo de 17 combates conquistou o cinturão.

O único dado em que o ex-campeão dos médios bate St-Pierre é no valor dos ingressos. Na média, comprar ingressos de Anderson sai 8% mais caro que os do "concorrente".

Veja os gráficos:

A intenção inicial da BDO com o estudo era mostrar a relevância de Anderson Silva para o evento, principalmente caso ele cumprisse algumas falas logo após a derrota para Chris Weidman em que falou que "deixaria no ar" a ideia de uma aposentadoria – mas logo voltou atrás.

"Queríamos demonstrar o impacto do Anderson nos números do UFC.O Anderson é uma figura central para o UFC e teria um impacto grande caso se aposentasse agora", explicou Pedro Daniel, responsável pela área de Esportes na BDO Brazil. A conclusão é que sua ausência seria sentida, mas outros nomes supririam a necessidade tanto por parte da organização quanto do público.

"Por outro lado, todo esporte tem que ter ídolos para fomentar o público, e o UFC já tem outras estrelas. Haveria um grande impacto, na parte esportiva, mas acho que o impacto financeiro não seria tão elevado quanto no boxe, quando a coisa ficou um pouco mais vaga sem nomes como Mike Tyson e Evander Holyfield em alta. O UFC está mais avançado neste ponto, mesmo no Brasil, com novos ídolos. Teria impacto, óbvio, mas seria minimizado por estar mais diversificado", concluiu.

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