Belfort se cala após crítica de Dana White, mas mantém veto a rival

Por Maurício Dehò

Vitor Belfort se encontra numa posição complicada no UFC. O brasileiro vem de vitórias arrasadoras e, com elas, conquistou o segundo lugar no ranking dos médios, perdendo em importância só para o campeão Chris Weidman e para Anderson Silva, primeiro da lista. Ainda assim, a organização o mantém distante de uma nova chance de lutar pelo título. Neste fim de semana, a coisa ficou pior. O presidente do UFC, Dana White, criou polêmica ao dizer que Vitor "está fora de si" por pedir para lutar pelo título.

O blog entrou em contato com Vitor Belfort. Por meio de sua mulher, Joana Prado, o carioca disse que não tem nada a declarar sobre o assunto. Ainda assim, manteve uma posição dada antes mesmo da frase de White, rejeitando o rival que o UFC está lhe oferecendo, Tim Kennedy.

Vitor impôs suas condições para os próximos passos no Ultimate, e, além de não querer encarar Kennedy, só aceita lutar no peso médio contra o dono do cinturão, apesar de aceitar um combate como meio-pesado ou pesado.

"Na categoria dos médios, o Vitor só lutara pelo vencedor do Weidman x Silva. Ele é o 1º da fila e não justifica lutar com o número 2, 3, 4 da categoria. Se quiserem, o Vitor luta no meio pesado, pesado ou combinamos um peso", disse Joana Prado, na mesma explicação que deu a Lorenzo Fertitta, um dos donos do UFC, para recusar um encontro com Tim Kennedy.

Em suas últimas cinco lutas, Vitor Belfort conseguiu quatro vitórias. Só foi derrotado fora dos médios, quando encarou Jon Jones pelo cinturão dos meio-pesados. Nas outras, nocauteou Yoshihiro Akiyama, finalizou Anthony Johnson e nocauteou com dois chutes cinematográficos Michael Bisping e Luke Rockhold.

Ainda assim, o fato de sua derrota ter sido devastadora diante do Spider e a polêmica do TRT parecem ser um enorme obstáculo pela sua frente.

Pitacos do blogueiro:
Como dito no começo do post, a situação de Belfort não é nada fácil. O que complicou tudo, realmente, foi a derrota de Anderson Silva e sua decisão de partir para a revanche. Se o Spider tivesse mantido a opção de abrir mão de lutar pelo cinturão, a chance poderia cair no colo do carioca com facilidade, meramente pela falta de opções.

Com Anderson na jogada, tudo mudou. Se olharmos para o ranking, todos os top contenders têm luta marcada. Yushin Okami encara Ronaldo Jacaré. Mark Muñoz pega Michael Bisping. Tim Boetsch encara Luke Rockhold. Até sobra um Costa Philippou, que vem em boa fase, mas o cipriota disse que não quer encarar Vitor no Brasil. Tudo por conta da polêmica do tratamento de reposição de testosterona (TRT), que tanta polêmica ainda causa.

Vitor está sem opções. Com ou sem o TRT – um problema que tem refletido no fato de ele lutar muito no Brasil, por ser difícil conseguir uma liberação nos EUA -, seus resultados recentes o credenciam como melhor opção para a disputa do cinturão. Mas ele não pode simplesmente ficar esperando pelo resultado de 28 de dezembro.

Encarar Tim Kennedy beira o ridículo. Fora do top 10, o norte-americano acabou de estrear no Ultimate, com vitória sobre Roger Gracie. Nada de mais, pela atuação apática do brasileiro.

Vitor não tem de aceitar lutas que não lhe façam dar um passo à frente, e que ainda lhe oferecem o risco de por abaixo o que ele conquistou desde a derrota contra Anderson.

Assim, a opção de pedir por um combate no meio-pesado aparece mesmo como uma boa opção. Peso não é problema para ele, e subir de divisão para encarar um rival teoricamente mais forte sempre é bem visto. É o que Vitor pode fazer para se manter em atividade e tentar mais uma vitória que convença o Ultimate de que ele merece lutar pelo cinturão.

Vitor tem todo o direito de botar a boca no mundo. Não é só pelo cinturão que ele briga, mas para poder ter talvez a última chance na carreira de chegar a ele. Aos 36 anos, ele está numa das melhores – se não a melhor – fases da carreira. Mas este ápice não vai durar para sempre. O timing é fundamental num esporte em que o físico fala tão alto. E, se Vitor Belfort não tiver a chance agora de chegar outra vez ao topo, pode ser que nunca mais tenha… (Foto: Marco Dutra/UOL Esporte)