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Na Grade do MMA

Sem Spider e GSP, 2014 é um ano chave para o UFC

UOL Esporte

01/01/2014 11h05

Por Maurício Dehò

Se 2013 foi um ano em que o UFC manteve sua expansão, fez grandes lutas e atingiu novos patamares como organização, 2014 será um ano chave para o maior evento de MMA da atualidade. Tudo porque, além de buscar aumentar ainda mais seus tentáculos pelo globo, o Ultimate terá o desafio de fazer isso sem os dois astros que lideraram o quadro de lutadores pelos últimos sete anos: Anderson Silva e Georges St-Pierre.

Duas das maiores estrelas do evento, ambos começaram a rota do estrelato em 2006 e foram fundamentais no crescimento do UFC não só nos Estados Unidos, mas fora dele. Agora, Jon Jones e Ronda Rousey surgem como os dois nomes que necessariamente precisam ser as apostas do Ultimate em 2014, para que a liga mantenha o alto patamar com que trabalha e vá além.

No âmbito geral, as perdas têm consequências bastante claras e atacam diretamente o bolso do UFC. Anderson Silva, depois de fraturar a perna contra Chris Weidman, terá pelo menos nove meses de recuperação e dificilmente será colocado no octógono em menos de um ano. Isso se não anunciar sua aposentadoria definitiva, aumentando o problema para o Ultimate, já que um retorno, mesmo que para uma luta final, atrairia muita atenção.

Já Georges St-Pierre está afastado por tempo indeterminado por razões pessoais, depois de alegar ter se estafado da pressão de lutar por tanto tempo em alto nível.

A soma dos dois problemas já afeta diretamente os negócios pelo simples fato de eles serem os maiores vendedores de pay per views da organização, uma das fontes de renda do Ultimate e também um termômetro do interesse de público, principalmente nos Estados Unidos.

Além disso, Anderson e GSP representaram o grande trunfo do UFC na entrada de dois dos seus três maiores mercados: o Brasil e o Canadá. Ambos os países foram fundamentais para a organização passar a se expandir no mercado internacional.

Neste caso, GSP aparece até como um problema maior, já que o Canadá não tem outros lutadores para tomarem o posto de ídolo e rumarem ao cinturão neste momento. Para o Brasil, nomes como José Aldo, Renan Barão e Vitor Belfort seguram esta onda, apesar de a ausência de Anderson realmente surgir como um grande teste para se notar a fidelização do público no MMA.

Mesmo que dificilmente lutem mais do que duas vezes ao ano, a repercussão que Anderson e GSP geram é tanta, que o Ultimate terá dificuldades de encontrar tão rapidamente substitutos para este cargo.

Cabe a Jon Jones assumir o papel de grande astro da organização, com o desafio de Ronda Rousey ser alçada a co-líder e o peso pesado Cain Velásquez se juntar a este time. Jon Jones já é uma realidade no UFC e é natural que chegue a este status com tudo o que já fez como campeão dos meio-pesados. No entanto, ainda se espera que ele consiga vender mais pay per views.

No caso de Ronda, a dificuldade é fazer com que o MMA feminino chegue ao patamar do masculino, mesmo que as lutas entre mulheres da organização tenham sido reconhecidamente algumas das melhores disputadas em 2013. O fato de ela ter passado de queridinha a vilã por conta da rivalidade com Miesha Tate pode ser até um combustível para isso, e o UFC já está aproveitando para lucrar em cima da campeã, que volta ao octógono em fevereiro, menos de dois meses após o UFC 168.

Por fim, Cain Velásquez não tem nada a provar no quesito lutador, mas sua falta de carisma ainda é um obstáculo. Por outro lado, sua relação com o público mexicano – mesmo ele sendo norte-americano – deve ser usada com força para o Ultimate começar sua entrada no mercado mexicano e da América Latina em geral.

Weidman decola como ídolo?

  • Jon Jones e Ronda Rousey já dominam seus pesos, mas Chris Weidman precisará espantar as dúvidas que rondam seu nome se quiser se juntar aos grandes do Ultimate e ser um dos líderes da organização a partir de 2014. Será que o bloqueio no chute de Anderson foi tanta "sorte" quanto muitos consideraram seu nocaute com um só soco na primeira luta com o brasileiro? A vitória por nocaute técnico devido a uma lesão não ajudou o norte-americano a firmar de vez sua posição como campeão dos médios e isso ficará para a luta contra Vitor Belfort, quando ele pode se consagrar – ou deixar a consagração para o veterano carioca.

A expansão internacional deve ser mais forte do que nunca em 2014, sendo uma das marcas do UFC junto a este desafio de solidificar a posição dos grandes novos ídolos do evento. O Ultimate tem como foco o mercado asiático, com a produção do reality show The Ultimate Fighter na China e a estreia de um card em Cingapura, já neste fim de semana.

A Europa também terá um maior número de eventos. Já há a expectativa de pelo menos seis datas da "turnê europeia" do UFC, com shows em Londres, Istambul, Dublin e Berlim – os locais ainda não estão confirmados.

Dentro dessa expansão internacional, um ponto chave é que o UFC quer fazer cards voltados especificamente para o público local. Será assim no Brasil, com sete datas marcadas por enquanto, e também nos eventos planejados para a Europa, privilegiando angariar e fidelizar os fãs.

O fato é que o UFC terá um ano de desafios e autoafirmação, um ano que deve definir rumos e estratégias não só de 2015, mas de um futuro mais amplo da liga.

Dana White e Lorenzo Fertitta sempre falaram com segurança sobre o dia em que não tivessem mais nomes como Anderson e GSP à frente dos cards. Mas é claro que além de tudo isso que o UFC fará no âmbito dos negócios neste ano que começa, eles também ficarão na torcida para que Anderson e GSP voltem para o octógono o mais rápido possível e deem uma forcinha na transição para o "UFC do futuro".

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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