Besouro larga moto-táxi após o TUF e é destaque brasileiro no UFC Cingapura

Por Maurício Dehò

Dos treinos para a moto e, com ela, para cima e para baixo no morro. Era assim a rotina de Luiz Jorge Dutra Jr., o Besouro, que por muito tempo se dividiu entre o MMA e o trabalho em moto-táxi para sustentar a si e os filhos. Depois de participar do reality show TUF Brasil 2, a realidade mudou. Carismático, ele virou querido do público e, mais do que isso, pôde largar o segundo emprego. Neste sábado, ele estreia no UFC, no primeiro show da organização em Cingapura.

Besouro deixou o TUF por conta de uma lesão. Ele conseguiu a vaga na mansão do reality, venceu Pedro Iriê por finalização, mas lesionou a mão e foi cortado do elenco – numa cena dramática para um pai de família que apostava tudo no programa para melhorar de vida. Mesmo com a eliminação, o carioca assinou com o Ultimate e fará a antepenúltima luta da noite neste sábado, quando encara o japonês Kiichi Kunimoto.

"Eu sabia que o UFC podia me chamar a qualquer momento, e queriam até me colocar em Jaraguá do Sul, em fevereiro, mas acabaram oferecendo a luta agora em janeiro por um problema no card. Estou feliz. Para falar a verdade, não tenho costume de aceitar luta em cima da hora. Mas estou me sentindo super bem. É o meu momento", afirmou o lutador, em entrevista ao blog.

Neste "momento", Besouro comemora poder se dedicar só ao MMA e não precisar mais dividir o tempo com outro emprego, ainda mais devido ao perigo de andar de moto.

"Hoje não trabalho mais na moto-táxi, minha vaga está alugada na cooperativa. Com o pessoal que me apoia, consigo só treinar, fazer um trabalho só voltado ao MMA. Como, durmo, acordo, respiro esse esporte", disse ele. "E com certeza eu não corro tanto risco, já que trabalhar de moto é um risco. Mas nada disso me atrapalhava, tudo tem seu lado positivo na vida."

O termômetro para se notar que Besouro virou um dos queridinhos do público brasileiro após o TUF foi uma viagem que o lutador fez como um dos convidados do Ultimate no UFC de Fortaleza. Sem alarde, ele entrou no ginásio no dia da pesagem e, com poucos passos adentro, foi reconhecido e passou longos minutos cercado de fãs, tirando fotos e dando autógrafos.

"Cara, foi maravilhoso, é um reconhecimento de um trabalho bem feito. As pessoas se identificam, sou um brasileiro nato, um brasileiro comum que corre atrás de suas coisas. E agora quero retribuir carinho no UFC", explicou o lutador, que teve de fazer seus sacrifícios para lutar em Cingapura e pulou as Festas para manter o treino e o corte de peso.

O rival da vez, Kiichi Kunimoto, também é estreante no UFC. Ele tem 15 vitórias, cinco derrotas e um empate na carreira, e vem de quatro triunfos consecutivos – Besouro tem 11 vitórias, duas derrotas e um empate, e saiu vencedor dos últimos quatro combates que fez.

"Já assisti às lutas dele, é um japonês que vem de vitórias, gosta da luta de solo, é finalizador. Estou confiante, eu venho do wrestling desde cedo e o jogo encaixa. Vai ser uma grande luta", prometeu Besouro.

Descida para os leves

Se em Cingapura Besouro lutará como meio-médio, logo em seguida ele começa o trabalho para descer para o peso leve, de 77kg para 70 kg, onde aí sim espera rumar para o cinturão do Ultimate.

"Eu pretendo lutar três vezes em 2014, é o que estamos traçando a longo prazo. Fazer uma grande estreia, depois baixar para os leves e aí traçar um objetivo claro para tentar ser campeão", explicou ele.

Com paciência, Besouro não se apressa e sabe que, mesmo aos 31 anos, tem tempo e um longo caminho para transformar seus sonhos em realidade. "A meta mais próxima é um bom resultado e baixar para os leves. O que vier a mais é lucro", acrescentou ele, dizendo que não terá problema para bater o novo peso.

"Para você ver só. Faltando apenas 22 dias para lutar em Cingapura eu estava com 84 kg, então não vai ser problema nenhum para chegar aos 70 kg do peso leve. Será um trabalho diferente, mas eu confio muito no meu médico e em toda a minha equipe", concluiu Besouro.