Uma última luta, por favor
Por conta de uma obra na minha futura casa, fui ver apenas muitas horas mais tarde a derrota de Rodrigo Minotauro para Roy Nelson, mas já tinha tido uma boa amostra do ocorrido com as reações intempestiva nos twitteres de todo o mundo. Assistindo à luta, minha impressão foi ainda pior de tudo que aconteceu em Abu Dhabi na última sexta-feira.
Pensei em ressuscitar o texto que publiquei após a derrota de Minotauro para Werdum no meio do ano passado, quando disse que seu desempenho naquele combate devia fazê-lo pensar mais seriamente em aposentadoria. É óbvio que isso é agora uma realidade, mas seus fãs merecem vê-lo lutar mais uma última e derradeira vez.
Como disse o amigo Maurício Dehò, uma lenda desse esporte, uma das poucas unanimidades entre torcedores e lutadores, protagonista de lutas épicas e ex-campeão dos dois maiores eventos de MMA que já existiram não merece ter como última cena um nocaute como aquele, caindo desacordado e estatelado no chão, numa sexta-feira à tarde e longe de um grande centro da modalidade.
Está claro que as lesões e os problemas de saúde deixaram marcas profundas no corpo e na técnica de Rodrigo. Ele não mostrou qualquer tipo de agilidade, nem para se defender e nem para atacar. Foi vítima fácil para os swings, ganchos e cruzados mais que manjados de Roy Nelson – sem tirar, claro, o mérito do gordinho, que tem uma mão muito pesada.
Para os fãs mais ferrenhos e longevos de Rodrigo, foi dolorido vê-lo sofrer dois knock-downs antes do golpe derradeiro, que sacramentou sua segunda derrota consecutiva – sequência negativa inédita em sua carreira. Para os mais alarmistas, ele não precisa mais passar por isso, nunca mais na carreira.
Que tenhamos claro que não será essa ou qualquer outra derrota que apagaria o que ele já nesse esporte, dentro e fora dos ringues – basta lembrar que se não fosse por ele, Anderson Silva teria trocado o MMA por um lava-rápido. Por tudo isso, merece uma despedida mais digna.
Minotauro tem de se apresentar uma última vez com a garra e coração que lhe deu fama, em um grande palco e diante de uma grande plateia – quem sabe Brasil ou Japão, onde brilhou tanto pelo Pride. Quem sabe contra Frank Mir, que apesar de tê-lo derrotado duas vezes, é um rival que o empresário do lutador disse que ele gostaria de enfrentar uma última vez antes de se aposentar.
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