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Na Grade do MMA

Wanderlei tem a chave da caixa preta e sinaliza Bom Senso no UFC

Jorge Corrêa

22/09/2014 06h01

Não foi exatamente uma surpresa o anúncio da aposentadoria de Wanderlei Silva, depois de 18 anos carreira profissional no MMA – na verdade, começou em sangrentos combates de vale-tudo – com 49 lutas, sendo 35 vitórias e apenas 12 derrotas, além de título no Pride e idolatria de fãs de todo o mundo. Mas o preço de tanto tempo lutando foi cobrado nos últimos anos, com lesões em sequências e atuações fracas.

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O chocante foi o discurso usado por Wanderlei em um vídeo de mais de 13 minutos. Ele mostrou todo seu rancor contra o UFC e seus mandatários. "Esse lugar me tirou a vontade de lutar", resumiu. Ele se mostrou completamente revoltado com a maneira que o evento trata os atletas. Para Silva, a gota d'água foi como Dana White lidou com o corte de Renan Barão do UFC 177 depois de ter desmaiado durante o processo de corte de peso.

(Vale a pena ver o vídeo inteiro acima)

Ao fazer esse denso desabafo, Wanderlei Silva escancarou uma série de problemas e mostrou que tem a chave da caixa preta que é a relação entre a direção do UFC e seus lutadores. Claro que eles vivem sob contratos empregatícios e comerciais que podem ser rompidos unilateralmente por qualquer parte, mas o evento tem suas responsabilidade sendo o maior de todos e flertando com o monopólio.

O Cachorro Louco não é o primeiro ex-Ultimate a desancar os antigos patrões (Rampage e Tito Ortiz que o digam), mas é o mais representativo lutador a fazê-lo. Por sua história no esporte e entrega nos ringues, Wanderlei é muito respeitado por colegas lutadores e fãs de MMA. Seu desabafo deixa muito claro que ele pode comandar uma mudança de postura dos atletas.

Como disse acima, ninguém é obrigado a lutar no UFC, existem outras casas na modalidade, mas é completamente compreensível a tentativa de qualquer lutador de chegar – e ficar – na maior de todas as franquias. Salários maiores, plano de carreira e, principalmente, visibilidade para conseguir outras fontes de renda, como patrocínios polpudos.

No entanto, os lutadores podem, sim, se organizar para cobrar melhores condições, como qualquer outra classe trabalhista, assim como está acontecendo no futebol brasileiro com o movimento Bom Senso FC, liderado pelo zagueiro Paulo André. Aposentado e sem qualquer tipo de amarra com o UFC, Wanderlei Silva seria um bom líder para esse projeto (Rodrigo Minotauro é outro nome perfeito para isso, assim que conseguir deixar o octógono de vez).

ATENÇÃO: Preciso deixar claro que a comparação que faço no título deste post pode ser feita guardadas as devidas proporções. O motivo é muito simples: O Ultimate é uma empresa, com donos e um presidente que podem fazer o que querem com seu próprio negócio. É apenas um dos eventos do esporte MMA. Não é como a CBF, uma associação privada que rege um bem público, que é a modalidade futebol em um país inteiro, assim como seus torneios.

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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