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Por que Fabrício Werdum é o maior peso pesado da história do MMA

Jorge Corrêa

16/06/2015 12h01


Sei que ao ler esse título os fãs mais antigos do MMA, as viúvas do Pride e os seguidores de Fedor e Minotauro vão se irritar. Mas peço calma. Leiam o post até o final. A ideia é por em perspectiva os feitos de Fabrício Werdum, principalmente depois de conquistar o cinturão linear dos pesados do UFC no último sábado, no México.

Ninguém desta categoria, desde que o MMA passou a se organizar como conhecemos depois de deixar de ser vale-tudo, conseguiu vencer e vencer BEM tantos adversários qualificados e apontados como "os melhores dos pesados".

Nenhum lutador até hoje conseguiu se reinventar, deixar de ser um atleta unidimensional e se tornar completo, em idade tão avançada e chegar ao topo de sua carreira. Os feitos de Fabrício Werdum nos últimos anos o colocam em um patamar que nenhum atleta desta categoria conseguiu.

Começo pelas vitórias. Os detratores vão falar que Fedor Emelianenko já não era mais o mesmo dos tempos do Pride, mas quando ele adentrou ao ringue contra Werdum em junho de 2010, ainda estava lutando em alto nível e invicto em sua carreira. O brasileiro entrou, sim, como uma enorme zebra para enfrentar uma lenda do esporte. O mundo viu incrédulo o melhor (vejam que não falo maior) peso pesado ser submetido com um triângulo justíssimo.

Ele ainda finalizou o antes infinalizável Rodrigo Minotauro, herói do esporte brasileiro, venceu ex-campeões mundiais de K-1 (maior evento de trocação do mundo) como Alistair Overeem e Mark Hunt, além de ter passado pelo outro irmão Emelianeko, o Alexander.

Mas foi seu massacre sobre Cain Velásquez que colocou tudo isso em uma nova perspectiva. Ele mais uma vez era apontado como zebra, pouco apostavam em sua vitória e viam o então campeão como o melhor peso pesado do UFC – e realmente era depois de enfileirar e dar surras em todos seus rivais.

Fabrício não tomou conhecido do ex-dono do cinturão. Podem falar que o americano sentiu o longo tempo parado ou a altitude da cidade do México, mas nada é desculpa para a tática perfeita e a atuação de gala do brasileiro. Inteligência de luta e na preparação também moldam um grande atleta.

"Ah, mas ele é só bem treinado por um grande técnico." Claro que não podemos tirar os méritos do treinador Rafael Cordeiro, que já tinha feito um trabalho sublime com o campeão dos leves Rafael dos Anjos. Mas não adianta ser um grande mestre se não tiver material humano. Sinto informar, mas o chefe da Kings MMA não transformaria o blogueiro aqui em lutador de MMA.

Werdum mostrou que tinha espaço em sua técnica para evoluir, mesmo já perto dos 40 anos. Para se ter uma ideia, ele é apenas um ano mais novo que o aposentado Fedor e o em vias de se aposentar Minotauro. Vejam como o campeão do UFC está e como eles dois estão. Capacidade de evoluir é uma das principais características dos grandes lutadores.

Fechando a parte técnica, digo mais: é muito difícil de encontrar um lutador que consiga colocar com tanta eficiência um plano tático feito por sua equipe, principalmente contra um rival tão. De cara, lembro de dois: Rafael dos Anjos, mais recentemente, e José Aldo. Coincidência?

Mas, para mim, a cereja do bolo, o que deixa Fabrício Werdum um "pacote completo" é seu carisma misturado com confiança e inteligência. Ele é engraçado, dá boas entrevistas, fala fluentemente três idiomas e pode ajudar muito o UFC a crescer e expandir ainda mais suas fronteiras.
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