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Na Grade do MMA

Dia do mestre: Dedé relembra como conheceu Aldo e elege suas maiores lutas

Maurício Dehò

15/10/2015 07h35

15 de outubro. Dia do Professor. Apesar do aspecto bruto, as artes marciais e o MMA costumam pregar enfaticamente valores de disciplina e respeito, sempre puxados por um mestre. Uma das relações mais fortes de mestre e pupilo é representada pelo título mais duradouro do Brasil no UFC, o sustentado por José Aldo e seu técnico Dedé Pederneiras. Para comemorar o dia especial, a dupla falou desta parceria e Dedé ainda elegeu os combates mais memoráveis de seu protegido.

Nem sempre um lutador confia e permanece por tanto tempo em uma academia e com um técnico, mas a ligação de Aldo e Dedé é maior que o normal. Ela tem um aspecto familiar, uma conexão estilo pai e filho que atravessaram as dificuldades que o manauara passou na sua chegada ao Rio de Janeiro, ainda muito pobre, buscando seu sonho.

Dedé, vale lembrar, começou como lutador. Especialista em jiu-jítsu, fez quatro lutas no MMA, uma delas uma derrota para Pat Miletich no UFC, em 1999. Teve dois empates, um triunfo e um revés, e viu que seu caminho era outro.

"Eu dou aula há 27 anos, comecei em 1988. Mas a paixão surgiu desde os meus 17, 18 anos, quando ainda era faixa-marrom do Carlson e gostava muito de ajudar a galera, estava sempre dando uma força para quem precisava e acho que ali foi o primeiro passo", conta ele.

Sobre Aldo, o primeiro contato ainda segue vivo na memória. "Foi por intermédio do (Marcos) Loro, que treinava e morava na academia e falou que tinha um garoto lá de Manaus que queria vir treinar no Rio, que tinha potencial. Na hora, eu falei: 'traz aí, é bom que ele te faz companhia lá na academia', mas não imaginava que estávamos diante do fenômeno que o Aldo virou", disse ele, sobre o convite despretensioso.

Dedé não toma exagerados louros para si: "Mesmo ele sendo muito leve tinha uma força muito grande, mas não vou ser hipócrita de dizer que assim que vi já sabia que ele se tornaria o que se tornou, mas alguma coisa de diferente tinha naquele garoto franzino e hoje nós sabemos o que era (risos)".

Aldo tem na figura de Dedé um segundo pai, um técnico e ainda empresário, já que o carioca cuida de toda a parte burocrática de sua carreira, desde o início.

"O Dedé é mais que um mestre. Eu não tenho mais pai comigo, e hoje eu tenho no Dedé essa figura paterna, ele é um paizão mesmo para mim. Peço a ajuda dele para tudo e confio 100% no que ele me diz, tanto dentro quanto fora do tatame. Tudo o que eu tenho eu devo a ele, todas as conquistas profissionais e pessoais. Essa parceria, que só me trouxe coisas boas, nunca vai terminar", afirma o campeão – já focado em Conor McGregor. "Ele tem pego pesado nessa reta final de preparação para a próxima luta!".

Para o treinador, o segredo de ter conseguido títulos no UFC com Aldo e Renan Barão e no Bellator com Dudu Dantas é não trabalhar só dentro do octógono.

"Me preocupo não só com o dia a dia de treinamentos. Meu trabalho não é só de dar aula, mas também cuidar do psicólogico, e é por isso que crio essa relação de pai para filho. Às vezes as coisas não estão dando certo nos treinos e não adianta você forçar o corpo se a questão é na cabeça e em uma conversa você acabar resolvendo o problema. Meu objetivo é formar campeões dentro e fora do tatame, minha relação com eles é mais do que apenas ensinar, nós somos uma família e eu aprendo diariamente com essa garotada", conclui o mestre.

Como um bônus, Dedé ainda elegeu pra gente as lutas fundamentais da carreira de Aldo. Vindo de quem estava em seu córner, a lista é curiosa, já que o primeiro lugar é de antes do UFC:

3 – UFC 142 – José Aldo x Chad Mendes I – 14/06/2012
"O primeiro duelo contra o Chad foi bem especial. Era a primeira vez que o Aldo lutava aqui no Brasil, e no Rio então, estávamos em casa. Mas o mais marcante foi a forma como terminou, com um nocaute extremamente plástico e com ele indo comemorar com a galera, acho que aquilo ali mostrou o que é o Aldo e sua simplicidade.

2 – UFC 129 – José Aldo x Mark Hominick – 30/04/2011
"Esse combate foi marcante pela grandeza do evento, a estreia no UFC, toda aquela responsabilidade. Aquele evento ainda é o maior público do Ultimate até hoje e lembro de quando entramos no ginásio ficamos realmente impressionados com toda aquela estrutura. A vitória e a conquista do cinturão do UFC fez essa luta ser bem marcante também.

1 – WEC 44 – José Aldo x Mike Brown – 18/11/2009
"Essa luta acho que foi a mais importante, porque foi a que abriu as portas da Nova União para o mundo. Lembro que antes dessa luta o Shaolin ganhou no Japão, o que era quase impossível de ser feito, mas por ser em um evento de menor porte não chamou tanta atenção. Quando o Aldo ganhou este cinturão do WEC, um evento organizado pela Zuffa, nos Estados Unidos, é que começaram a olhar aqui para dentro da academia e descobriram uma série de talentos 'escondidos' aqui. Tirando a realização de um sonho de criança do Aldo, que batalhou tanto para conquistar aquilo, foi a luta mais marcante com certeza".

Sobre o blog

Saiba o que acontece dentro e fora do octógono, relembre as grandes histórias e lutas que fizeram o vale-tudo se tornar o MMA. Aqui também será o espaço para entrevistas, análises, debates, polêmicas e tudo que faz do MMA o esporte que mais cresce no mundo.
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