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Na Grade do MMA

Pesagem no UFC é tranquila para Ronda. No judô, ela ficava pelada

UOL Esporte

13/11/2015 06h01

O UFC fez de suas pesagens mais um espetáculo para os fãs e, antes do acordo com a Reebok, garotas caprichavam nos biquínis e rapazes faziam até graça com suas cuecas. Poucas vezes alguém precisa pedir um pano em volta de si para subir na balança nu e atingir o limite de sua categoria. Para Ronda Rousey, até se necessitar da "cabaninha", o evento é bem mais tranquilo do que ela vivia no judô. Por lá, ela diversas vezes passou pelo ritual como veio ao mundo.

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No judô, não há toda essa cerimônia para os atletas provarem que estão no peso. O evento é fechado, geralmente em salões no hotel em que os lutadores estão hospedados e, sem a presença do público, os pudores também ficam do outro lado da porta. Ir para a balança de calcinha e top, só de calcinha ou simplesmente sem nada são decisões normais.

Em 2004, Ronda competiu nos Jogos Olímpicos de Atenas. À época, a pesagem era no dia da competição e neste caso só havia garotas de sua categoria na sala. "Tirei meu moletom da equipe dos EUA, meu sutiã e calcinha, caminhei até a balança e pisei nela completamente nua. Sessenta e três quilogramas exatos. Uma funcionária com uma prancheta registrou o peso, então me deu um aceno de cabeça", conta ela, no livro biográfico "Minhas Luta/Sua Luta".

'Peitinhos e passaportes'

Assim, também aconteceu em 2007, no Reino Unido. O torneio, de nível menor, era mais caótico, com todas as categorias pesando no mesmo dia. "Isso significa dezenas de garotas famintas, querendo se pesar de uma só vez. Eu estava de pé, em uma sala aberta, cheia de garotas se cobrindo com nada além de seus passaportes. E não há decoro. A funcionária declarou a abertura (da pesagem). Cada garota nua na sala correu para a balança. Eram só peitinhos e passaportes para todo lado."

A campeã do UFC se acostumou com o perrengue. "Eu costumava ficar tímida quanto a ficar nua em público, mas em situações como essa você perde qualquer insegurança. Quando você passa fome por uma semana, fica desidratada e a única coisa que está entre você e uma garrafa d'água é um bando de vadias nuas, você vai esfregar os peitinhos com qualquer país do mundo para subir na balança primeiro."

Era assim, sem cerimônias. Peso batido, roupas no corpo, água para hidratar e "simbora" competir.

Para saber se até hoje é esse o clima da pesagem do judô, conversei com a Maria Portela, principal candidata a representar o Brasil na Rio-2016 na categoria até 70 kg. "Hoje a pesagem é no dia anterior, mas na da Ronda era no mesmo dia. Então, nos eventos maiores, eles separam as categorias, geralmente são duas por dia, e fazem uma pesagem masculina e uma feminina, com todos os países juntos. E fica uma olhando para a outra mesmo, todo mundo ali, e você pode se pesar pelada, de calcinha, top, depende do que você precisa para bater o peso."


Maria nunca teve grandes perrengues para bater seu peso, mas diz que é comum algumas peladas na balança. "Rola bastante, sim, é normal as meninas estarem no limite, então a maioria pesa só de calcinha."

Só de toalha no saguão, no Rio

Apesar da normalidade, às vezes as coisas não davam tão certo assim. Em outro caso que conta no livro, Ronda teve de atravessar o saguão de seu hotel vestindo só uma toalha.

No Mundial de 2007 – que ela venceu, no Rio de Janeiro -, Ronda teve problemas antes da pesagem. Ela subiu numa balança descalibrada em relação à oficial, precisava perder 400 gramas e preferiu correr de um hotel para o da pesagem. Ainda lutando para cortar o peso, ela saiu mais uma vez para correr, no sol. Na volta, tirou toda a roupa e se pesou de novo em uma balança não oficial: 70 kg.

A lutadora já estava impaciente por conta do problema com a balança e por estar descontente com a federação de judô dos EUA. Então, em vez de por toda a roupa de plástico, usada para o corte de peso, ela simplesmente colocou uma toalha e atravessou o saguão do hotel em direção ao salão da pesagem.

"Olhei para minhas roupas plásticas no chão. Não tinha jeito de colocar de novo. Eu me enrolei na toalha e marchei para o saguão. Estava cheio (…) todas as cabeças se viraram quando passei. Eu segurava a toalha com uma mão e olhava para a frente. Se eu pudesse ter passado por ali com meu dedo do meio no ar, eu o teria feito", diz Ronda, no livro.

Dramas do peso: bulimia

Apesar de encarar com tranquilidade essa questão da nudez nos eventos de judô, Ronda teve muitos problemas sua vida inteira com o peso. Desde cedo tinha de cortar grandes quantidades e ficar fininha para competir. No início, no judô, era da categoria até 63 kg. Foi nessa época que passou a vomitar depois das refeições.

Ronda precisou de muito esforço e informação para se livrar da bulimia. Só ficou mais confortável quando passou a lutar com 70 kg, apesar de enfrentar rivais com porte físico maior que o dela. No MMA, Ronda já era acompanhada profissionalmente foi baixando de peso novamente.

Na sua estreia amadora, o combate era até 68 kg. Na estreia profissional, lutou como pena, até 66 kg. Mais tarde, se adequou ao peso galo, de 61 kg, onde é campeã no UFC. Ela já ter aceito anteriormente lutar acima é uma das críticas que a campeã enfrenta por não aceitar enfrentar a brasileira Cris Cyborg num peso ligeiramente acima do galo.

AGRESSIVA TAMBÉM NO VISUAL, RONDA SE VESTE BEM?

UFC 193 – 14/11 – Melbourne (AUS)
14 de novembro, em Melbourne (AUS)

Card principal
Galo:
Ronda Rousey x Holly Holm, pelo cinturão
Palha: Joanna Jedrzejczyk x Valerie Letourneau, pelo cinturão
Pesado: Mark Hunt x Antônio Pezão
Médio: Uriah Hall x Robert Whittaker
Pesado: Stefan Struve x Jared Rosholt

Card preliminar
Leve: Jake Matthews x Akbarh Arreola
Meio-médio: Kyle Noke x Peter Sobotta
Meio-pesado: Anthony Perosh x Gian Villante
Mosca: Richie Vaculik x Danny Martinez
Meio-médio: Brendan O'Reilly x James Moontasri
Médio: Daniel Kelly x Steve Montgomery
Meio-médio: Richard Walsh x Steven Kennedy
Mosca: Ben Nguyen x Ryan Benoit

Sobre o blog

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