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Na Grade do MMA

Holm, técnicos e os números explicam a derrota de Ronda no UFC 193

Maurício Dehò

15/11/2015 11h18

A derrota de Ronda Rousey foi um choque que vai demorar dias até ser digerida em sua totalidade. Mas, para Holly Holm e seus técnicos, há uma chave para esse resultado: a combinação da dedicação nos treinos com a obediência tática da ex-campeã de boxe e agora campeã do UFC, que seguiu à risca o que treinou e conseguiu derrotar a então dominante rainha do peso galo feminino.

O segredo de Holm é ser uma cria da academia de Greg Jackson e Mike Winkeljohn. Eles são os mentores de ninguém menos que Jon Jones, e provaram que conseguiram um trabalho próximo da perfeição com a pupila. Holm treina com a dupla desde seus primórdios, tendo começado no kickboxing – arte que lhe ensinou o chute que nocauteou Ronda – ido ao boxe e bem mais tarde ao MMA.

"Tudo o que trabalhamos apareceu na luta. Toda tentativa de Ronda em me agarrar, de ir para o clinche, eu consegui me livrar de tudo. Nunca passei tanto tempo na academia como para essa luta. Algumas vezes eu pensava: 'caramba, é meu quinto treino do dia. Mas preciso focar agora, para estar preparada na luta'. Tudo deu certo hoje", disse Holm.

Greg Jackson festejou: "Estou feliz que tudo correu bem. Temos um grande time de técnicos e todos tiveram um dedo nessa vitória. Nós criamos uma boa estratégia de jogo, funcionou a nosso favor e estou muito contente".

A estratégia de Holm foi a esperada: circular, manter a distância, evitar o clinch de Ronda e, aos poucos, acertar golpes que fossem minando a campeã. Foi assim que se construiu a vitória, que acabou com Ronda totalmente perdida no segundo round, a ponto de errar um soco, desequilibrar e, então, ser atingida por uma pernada da nova detentora do cinturão.
"Ela seguiu certinho o nosso plano, fez tudo o que os técnicos pediram e foi perfeita na luta", elogiou Greg.

"Ronda não pôde dar sua chave de braço, não aguentou a trocação e a força de Holm ficou evidente nesta noite", comemorou Mike Winkeljohn, sendo completado por Izzy Martinez, técnico de wrestling. "Holly é feroz, você não pode ficar perto de um tigre. Ela tem mãos afiadas e acredita nos técnicos, deu tudo certo".

Confiança no time e obrigado a Ronda

Após a vitória, Holm dedicou seu triunfo a quem a ajudou. Segundo ela, a confiança no resultado só foi garantida pelo apoio e a qualidade de quem a cercou.

"Eu a venci com toda a ajuda do mundo. Eu falei para todos, antes da luta, que não queria falar nada muito cedo, mas que, se perdesse, seria minha culpa. Eu tive a melhor preparação do mundo, os melhores técnicos, companheiros, ajuda da família, do meu marido… Quando se tem uma preparação assim, a agenda é um caos, então você precisa desse apoio. Não havia desculpa para eu não ser campeã", afirmou ela, à TV ESPN.

Holm agradeceu também à própria Ronda, por ter lhe permitido viver este auge no MMA, já que foi a ex-campeã quem fez as mulheres terem espaço, e prometeu:

"Eu só estou pensando: 'nossa, ainda tenho muito a conquistar'. Não acabei, tem muito por vir. Eu tenho muito respeito por ela, não teria essa oportunidade se ela não tivesse feito o que fez pelo MMA. Eu tenho muito respeito por ela. Muitas lutadoras pavimentaram o caminho do esporte para chegar aqui. Ela foi uma das maiores, então eu agradeço a todas que vieram antes de mim.

Estatísticas

Nos números, também é possível ver como a derrota de Ronda foi se construindo. Primeiro, na trocação. O curioso é que ela tentou mais. Foi para cima e disparou 65 golpes contra a desafiante. Mas, acertou apenas 17, ou 26%. Enquanto isso, a ex-boxeadora foi precisa acertou 38 de 53 golpes (71% de precisão).

Não é só. Ronda poderia ter fugido desse jogo favorável a Holm na luta em pé. Mas não tentou intensamente e, quanto tentou, foi sem sucesso. A luta acabou com apenas uma tentativa de queda para a agora ex-campeã, que falhou. Holm levou a ex-judoca ao solo uma vez, na única tentativa.

Ao fim da luta, até Dana White deu sua análise. "Eu não sei qual era o jogo de Ronda, mas pareceu que era ser agressiva, ir para cima, não deixar a Holm ditar o ritmo. Me surpreendeu ela ser tão atingida. Tudo na luta foi chocante. Mas eu achava que Holly iria lutar assim mesmo. O que Ronda devia ter feito era ir para o clinch, tentar derrubar, em vez de tentar trocar contra ela. Mas, sabíamos o que poderíamos ter quando casamos essa luta. Sabíamos que Holm podia chocar o mundo", disse o presidente do UFC.

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