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Na Grade do MMA

7 motivos mostram que McGregor é um Sonnen melhorado

Jorge Corrêa e Maurício Dehò

11/12/2015 11h00

É inegável como o fator "vender lutas" tem uma importância grande, seja no MMA, boxe ou outras modalidades de luta. Há alguns anos, Chael Sonnen levou o trash talk, a provocação, a um nível que poucos poderiam imaginar. Ácido, irônico, às vezes engraçado e às vezes totalmente sem noção das consequências de suas palavras, colecionou haters. Neste sábado, um "pupilo" terá de provar que, diferentemente de Sonnen, é mais que sua lábia: Conor McGregor disputa o cinturão dos penas com José Aldo, mostrando ser uma versão melhorada do falastrão.

Sonnen e McGregor são muito parecidos em alguns pontos. Não deixam passar uma oportunidade, que seja, para disparar a metralhadora verbal. E ela sempre respinga nos outros. Sonnen tinha como alvo os brasileiros; o irlandês ataca qualquer um, mesmo numa coletiva com campeões de categorias mais pesadas que a sua.

Mas, apesar da semelhança e do talento nato para a retórica e para, literalmente, venderem lutas, comercializarem pacotes de pay per view com seus nomes envolvidos, Sonnen foi superado por McGregor, que nem com uma derrota para Aldo no UFC 194 deve deixar de ser manchete. Vamos aos motivos:

1. Sem apelar ao antiético (machismo e xenofobia):
Sonnen tinha um pecado fundamental em suas provocações. Em pleno século XXI, não se admite xenofobia e machismo. Sua perseguição aos brasileiros era tanta, que ele chegou a fazer piada com a pobreza de parcela da população, por exemplo. E ainda disse que venceria Anderson, daria um tapa na bunda da mulher do brasileiro e pediria para ela lhe preparar um bife. Não dá, né. McGregor mantém as coisas com um pouco mais de classe.

2. Tecnicamente, McGregor é superior
Chael Sonnen até conseguiu sua primeira disputa de cinturão com justiça, ao vencer três combates seguidos como peso médio do UFC, e deu um calor em Anderson no UFC 117 – quando bateu no brasileiro a luta toda, até ser finalizado no finzinho. Mas Sonnen sempre foi limitado, unidimensional com seu wrestling e perdeu 14 de suas 44 lutas. O irlandês tem dois reveses e, com quatro nocautes seguidos no UFC, tem provado seu potencial.

3. Levantou uma nação
Apesar da pinta de americano padrão, Chael Sonnen não fez tanta coisa para fazer os Estados Unidos o encamparem como ídolo ou qualquer coisa do tipo. Já McGregor fez o UFC ir à Irlanda pela primeira vez. Sempre com a bandeira do seu país, criou um cenário de MMA por lá e uma torcida que, se não deve ser unânime, por conta do seu jeitão, certamente já é muito numerosa, a ponto de ele dar as caras em programas de TV populares na Irlanda.

4. Derrota não deve calá-lo – e ele pode até infernizar em outro peso
Chael Sonnen lutou nos médios e nos meio-pesados. Mais que isso, por um golpe um tanto de sorte, lutou PELO CINTURÃO da categoria de cima, com Jon Jones. Foi, é claro, arrasado. McGregor também tem boas chances de lutar mais pesado, se quiser. Ele é alto para o peso pena e, claro, já lançou suas provocações para nomes dos leves como o campeão Rafael dos Anjos. Tanto vencendo, quanto perdendo para Aldo, há um futuro grandioso para o irlandês: basta ele escolher quem será a próxima vítima – de suas provocações.

5. Não tem a sombra do doping
Chael Sonnen teve aquela atuação assombrosa na primeira luta contra Anderson Silva. Mas depois foi pego no antidoping com excesso de testosterona. Foi, ainda, usuário de TRT e acabou sua carreira com novos casos de doping, num fim lamentável. Conor, por enquanto, não tem essa sombra sobre seu cartel.

6. Fez uma categoria de "levinhos" ser grande
José Aldo é o número 1 peso por peso do UFC, mas, não se pode dizer que ele é um dos grandes vendedores de luta. Nem os campeões das categorias ainda mais leves – Demetrious Johnson, no mosca, e TJ Dillashaw, no galo. McGregor trouxe uma atenção inédita aos penas, fazendo do UFC 189 e, agora, do UFC 194 cards monstruosos. Tanto que o norte-americano Chris Weidman defende o cinturão dos médios na luta coprincipal, ofuscado pelo irlandês.

7. Os rivais dão o braço a torcer
Para fechar, basta ver o tanto de lutadores acabam dando o braço a torcer e admitem que o irlandês faz um bom trabalho para vender lutas. Sonnen, não, era odiado. Mas o irlandês tem dado aula de como se promover – e muitos devem estar tomando notas para colocar em prática no futuro.

Dito isso tudo, bem sabemos que falta o cinturão para Conor McGregor provar que não é um mero falastrão. Será? Com ou sem título, ainda falaremos muito deste irlandês.

Serviço – O UFC 194 acontece sábado, no MGM Grand Hotel, em Las Vegas e conta com duas disputas de cinturão. Além de José Aldo, campeão linear dos penas, colocar sua invencibilidade dentro do UFC em jogo contra o dono do cinturão interino, Conor McGregor, o campeão dos médios, Chris Weidman, enfrenta Luke Rockhold. O evento tem início às 21h30 (de Brasília), com o card preliminar programado para a 1h de sábado para domingo. O Placar UOL acompanha todos os combates, e a Globo anunciou transmissão do combate de Aldo, mas em VT, pelo menos 30 minutos após a realização da luta.

UFC 194, sábado:
Card principal
Pena*: José Aldo x Conor McGregor
Médio*: Chris Weidman x Luke Rockhold
Médio: Ronaldo Jacaré x Yoel Romero
Meio-médio: Demian Maia x Gunnar Nelson
Pena: Max Holloway x Jeremy Stephens

Card preliminar
Galo: Urijah Faber x Frankie Saenz
Palha feminino: Tecia Torres x Jocelyn Jones-Lybarger
Meio-médio: Warlley Alves x Colby Covington
Leve: Léo Santos x Kevin Lee
Leve: Joe Proctor x Magomed Mustafaev
Leve: John Makdessi x Yancy Medeiros
Meio-médio: Court McGee x Márcio Lyoto

*Combates valendo cinturão

Sobre o blog

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