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Sem o ‘chato’ GSP, Lawler faz seu peso virar um dos mais empolgantes do UFC

Maurício Dehò

04/01/2016 06h01

Sem brasileiro no topo e com Georges St-Pierre ainda fora de ação, os meio-médios do UFC acabaram sendo um bocado esquecidos pelo público verde-amarelo. Mas, o que falar depois de mais uma batalha memorável em que o campeão Robbie Lawler venceu Carlos Condit? Não há como ignorar. GSP vinha deixando as coisas um pouco "chatas" de tão bom que ele era, mas, principalmente com o novo reinado de Lawler, a categoria se tornou uma das mais quentes do momento. Segundo Dana White, surgiu o "Evander Holyfield" do UFC.

O curioso é que esse texto valeria tanto para Lawler quanto para se Condit tivesse faturado o cinturão – e tivemos até polêmica, já que, para alguns e para Dana White, Condit deveria ter faturado o triunfo por pontos. Os caras são amantes de uma boa pancadaria e costumam proporcionar guerras em suas lutas.

Lawler reforça esse lado brigador com seu estilo mais bruto na trocação, como se viu na luta anterior, sua primeira defesa de cinturão, quando nocauteou Rory MacDonald no quinto round. E também na conquista de seu cinturão, contra Johnny Hendricks, tivemos uma decisão dividida, dramática.

O atual campeão é um pouco a antítese de GSP. O canadense, em sua fase mais recente, acabou virando uma máquina fria de vencer. Dominava seus rivais sem dar show. Era implacável com suas quedas e o ground and pound, mas não nocauteava ou finalizava e para muitos – eu, por exemplo – deixou de ser empolgante.

Lawler, por outro lado, luta de peito aberto. Meio arriscado demais e nada aconselhável, diga-se de passagem. Tanto que, precisando mais do que tudo de uma vitória no quinto round, foi para cima de Condit e poderia ter nocauteado o rival, para evitar deixar o resultado na mão dos árbitros. O estilo tem dado certo e não só pelas vitórias, já que isso contribui também para sua fama crescer entre os fãs.

A imagem que Dana White tentou vender é das mais interessantes:

"Ele é nosso Evander Holyfield, nunca faz uma luta chata. Quando ele é machucado, continua lutando pra frente… Ele é nosso Holyfield. Numa luta dessas, em que você tem de ir pra cima num quinto round… Ele foi, eu o respeito por isso".

O campeão, com mais esta vitória, se consolida no topo dos meio-médios e deixa até um recado claro a GSP: se o canadense quiser mesmo voltar ao UFC, não vai ter vida fácil, precisará provar que é o gênio de outrora. Se não retornar, as opções mais palpáveis são uma revanche com o próprio Condit – que anda falando em se aposentar após esta derrota -, uma terceira luta contra Johny Hendricks – caso ele vença Stephen Thompson no UFC 196, em fevereiro – ou ter Tyron Woodley como desafiante.

Ah, e não poderia deixar de relembrar a trajetória de superação de Lawler. O cara entrou no UFC em 2002 (!!!) teve uma passagem fraca de dois anos, passou oito anos em outras organizações, chegou a ter cinco derrotas em oito lutas, mas voltou ao Ultimate em 2013. Desde então, ele só perdeu uma vez. Foi para Hendricks, valendo o cinturão, em março de 2014. No fim do mesmo ano, ele bateu o rival na revanche para enfim ter o ápice de sua trajetória e se tornar campeão.

Veja só… Não foi só a luta contra Condit uma montanha-russa de emoções. Pelo jeito, é assim que Robbie Lawler gosta de viver. Como o jornalista do MMAJunkie Ben Fowkles bem disse: "seu reinado, desse jeito, pode ser curto. Mas pelo menos será divertido". É isso aí.

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